quinta-feira, 30 de novembro de 2006

Não Se Confundam, Fofos!

Suponham que hoje é dia... sei lá, 15 de Setembro. Pode ser de um ano qualquer, desde que ainda estejam na escola (de preferência, sem estar chumbados).
A vossa turma é composta por gente completamente desconhecida e estranha. Mas acontece que vocês ainda não sabem disso! Só têm uma lista à frente com nomes ordenados alfabeticamente. Vêem nomes comuns como "José", "Jorge", "Pedro", "Vítor"... Enfim. Depois há aqueles mais estranhos ou arcaicos, como "Armindo", "Gualter", enfim... Mas as mulheres não escapam! Podem ver "Aduzindas", "Augustas"... E nomes mais normais como "Raquel", "Ana", "Marta", e por aí.
É óbvio que alguns dos nomes sugerem ao cérebro um estímulo de gozo, ou seja, ver nomes que mais parecem espécies de animais dão vontade de rir! HEHE... HEHEHE... Mas começam logo a discernir que, provavelmente, serão amigos. As amigas... enfim. Nada vos dizem enquanto não as virem ao vivo. Interessa, mais que tudo, saber se são boas. Não têm cérebro? Não faz mal! Desde que se pavoneiem com uma "dama bem boa", não há qualquer tipo de problema.
Pronto. Já viram a lista. Agora, é esperar pelo primeiro toque de um ano infernal que aí se avizinha, e reunir na sala. "10ºÇ"! Já chamaram pela turma na qual nos integramos (construção frásica catita demais).
É bem provável que tragamos connosco alguém que já conhecemos. Se for, por exemplo, uma rapariga, ou ela já tem confianças connosco desde o passado e senta-se ao nosso lado, OU! Isso mesmo, escolhe um lugar ao lado de uma rapariga. Temos que nos sentar, então, lá ao fundo, longe da civilização, enquanto um "nigga" se chega e se senta ao nosso lado. Já que vamos ser amigos ou, pelo menos, colegas, mais vale apertar-lhe a mão.
Depois, é uma questão de começar a observar. Vê-se de tudo, na verdade. Loiras e morenas. Não, ruivas não costuma haver. Só se for falseado. Rapazes, uns com mais cabedal que outros, com cara de estúpido ou nerd, uns que cujo bafo é plausível (mas isso só sabemos depois de falarmos com eles, não é? Pois), outros que são "chungas" e ainda aqueles que são "fixes". Pronto, é mais ou menos equilibrado.
Todos se põem a olhar uns para os outros, na verdade não somos só nós que olhamos. E Deus é grande! No meio de tanta porcaria, há uma miúda gira! E não é que vem vestida... uh, bem vestida? É, sim senhor. A partir daí, uma coisa é certa. Captar a atenção dela vai ser a missão mais arriscada e cansativa de sempre. É como se diz em estrangeiro, deve ser polaco, não sei - "It's a dirty job, but someone's got to do it"!
O 1º período está oficialmente iniciado. Já se falam quase todos, têm um "dread" mal cheiroso ao vosso lado... 'Tá certo. Mas a miúda continua a não olhar para nós! Que coisa, pá! O que fazer? Simples. Passar por ela, dizendo "olá", e seguir caminho, rezando para que ela comece a fazer isso connosco. Se é triste, é. Mas sempre é um começo para ambos, pensamos nós.
Ah, agora sim. Já nos falamos regularmente e já conseguimos a proeza do cumprimento na bochecha que, por sinal, fica rosada que nem um pimento.

Passou um ano. Estamos a 15 de Setembro, uma vez mais. Mas já desistimos a meio do sonho. A miúda não foi feita para esses fins. Quer dizer, pelo menos não para nós! É apenas uma simples chuleca que nos abraça pela frente e nos injecta por detrás. É a ilusão.
Por isso, caríssimos, não se deixem enganar. A história que aqui está contada é fictícia, e recai com maior pormenor em pessoas sem alma, mas aquelas que a têm e são verdadeiras amigas, também não foram designadas para os mesmos fins que pensámos uma vez que eram.
Em vez de apanharem com um balde de água fria, tentem conhecer alguém que mal conhecem ou nunca se interessaram, antes. Porque, se ao fim de tanto tempo não vêem nada, eh pá...
Sim, 'tá bem. Temos de dar tempo ao tempo, pois, pois. Mas eu já cheguei a uma conclusão:
Há ou não há vantagens em ser solteiro?! Claro que há!

Cuidem-se.

segunda-feira, 27 de novembro de 2006

Feliz...

...é mesmo essa a razão por já não escrever nada há algum tempo! Pois é, apercebo-me agora do conforto da infelicidade...apercebo-me agora do quentinho do sentirmo-nos miseráveis, pois aí todos os sentimentos estão à flor da pele, e escrever torna-se muito mais fácil! Apercebo-me agora da facilidade do triste...da "leveza" com que nós levamos o infeliz...o ser/estar infeliz.
E apercebo-me também da dificuldade de me expressar, enquanto feliz! Não sei se será pela minha afinidade ao romancismo desesperado...se isto já advém das imensas tentativas falhadas de ser feliz...nas quais compreendi melhor o infeliz... Ou se será por me conhecer mais enquanto estando infeliz do que feliz...
Não sei se será devido ao maior número de "investigação" literária que incede sobre a tristeza... ou se terá a ver com a falta dela sobre a felicidade.
Acho que nós, seres humanos, estamos tão habituados à felicidade que já nos esquecemos da forma como expressá-la! Ou pelo menos já não nos apercebemos que o fazemos!
Aquele sorriso que sai expontâneo, aquela gargalhada que nos tira o fôlego... aquela lágrima que tentámos conter, mas que sai, vitoriosa, empunhando a bandeira da felicidade... aquele abraço que nos faz fechar os olhos e voar...voar pelo amável desconhecido...
Ja não damos conta das pequenas coisas que nos fazem tremendamente felizes...e não nos damos conta das nossas reacções! Quem é que não imita uma criança quando ela esboça um sorriso? Quem é que não treme quando ouve alguém dizer: "Eu amo-te!" ? Quem é que não sua frio, por causa da pergunta, e depois não salta e pula que nem criancinha infantil, ao saber a resposta?
Que ser humano não se sente feliz, consigo mesmo, quando vê um casalinho de recém-casados, aos mimos e carícias? Quem, é que na sua sabedoria, não deixa correr algumas lágrimas quando reencontra um parente perdido? Ou um amor esquecido? Ou quem é que não desenha rios de lágrimas, aquando de um pedido em casamento?

Estes exemplos são simples de imaginar...mas agora imaginem: e um pôr-do-sol magnífico, por entre prédios cinzentos? E as frechas de luz, por entre nuvens cerradas? E o despertar da madrugada, clareando as trevas da noite? E a chegada do luar, tão ou mais intenso que o próprio sol? E o cair, leve e frágil, de uma folha no Outono? E o florescer de uma nova flor? E o rebentar de sementes no meio de cinzas?

Sorriam! Sorriam! Chorem! Mas de felicidade! Abracem quem está agora ao vosso lado! Vão ter com alguém que esteja convosco em casa e deêm a essa pessoa um abraço ou um beijo! Ou simplesmente digam-lhe o que ela significa mesmo para vocês!
Mas nunca se esqueçam de reparar naquelas pequenas coisinhas que enchem o nosso dia-a-dia!

Não se esqueçam dos pormenores...já que são eles que tornam um quadro magnífico!


Estou feliz... Deu para notar? =)

segunda-feira, 20 de novembro de 2006

É Giro

É giro dizer olá
É giro sorrir
É giro vir cá
É giro não partir

É giro ouvir o que se diz
É giro cheirar no nariz
É giro tactear com a mão
É giro não dizer "não"

É giro saborear
É giro sentir
É giro olhar
É giro conseguir

Mas conseguir o quê?
Fogo que arde e não se vê?
Coração que não é meu?
Lábios que são só teus?

Ou alma de harmonia
E cantar uma cantiga?
Ao lado duma amiga
E dum amigo que fica...

sábado, 18 de novembro de 2006

O Som Do Silêncio...

Hoje talvez foi o dia mais aborrecido, monótono e mais parado de toda a minha vida, ainda curta! Pois, devido a certas...ligeiras escoriações futebolísticas, mal me pude mexer... Isto também associado à falta do que fazer, limitei-me a fazer nada...afinal até fiz alguma coisa!
E neste meu estado tremendamente atarefado, reparei melhor nas pequenas coisas que nos rodeiam: reparei que, à medida que o dia vai avançando, o sol vai iluminando em diferentes ângulos, produzindo efeitos de luz fantásticos... reparei que o verde do monte à frente de minha casa estava mais verda do que o ano passado... reparei nas formas das nuvens... reparei no silêncio...
Isso foi o que mais me chocou: o barulho horrendo e imenso que o silêncio faz! Passei uma hora em silêncio, e ao fim dessa hora mal me podia aguentar dos meus ouvidos! Sentia uma vontade imensa de ouvir algo, de gritar!
Uma sensação apenas comparada ao que sentimos quando cercados por barulhos extremamente ruidosos, onde nos apetece apenas desligar tudo e silenciar o ambiente! Hoje senti o oposto: uma necessidade urgente de ouvir, e de me fazer ouvir...
Permaneci uma hora apenas ouvindo a pequena mosca que sobrevoava a sala, ouvindo o som do mundo, do outro lado da janela fechada...ouvindo o som do frio...o som do sol...o som do vento, lá ao longe, assobiando...o som das folhas a cairem no chão...o som dos meus vizinhos a discutirem...o som do meu corpo... O som da minha alma...
E por causa de tantos sons, tão profundos e imensos, não aguentei mais! Senti falta do barulho, senti falta do ruído...exasperei-me no total e profundo silêncio, apenas interrompido pela agonia do mundo real.

E então, pensei para mim mesmo: "Porque será que não aguento permanecer neste estado? A ouvir esta melodia?"

Cheguei à conclusão que, a partir do momento que aprendemos a falar e a ouvir, esquecemo-nos de escutar. Escutar a banda sonora das nossas vidas, emitida pela natureza, emitida por tudo o que se mexe e o que não se mexe... em suma, emitida pelo mundo, oferencendo-nos uma constante cantiga de boas-vindas a ele próprio!


Hoje larguei um pouco o "viver" para sentir na pele o "apenas existir", de modo a dar mais valor ao primeiro!

terça-feira, 14 de novembro de 2006

Os Namorados

Muita gente há-de estar farta de ler sempre a mesma coisa... amor/amizade e amizade/amor. Mas não deixo de salientar que fico bastante feliz quando noto uma amizade profunda envolvida numa paixão eterna. Enfim, fico feliz pelas pessoas que sabem ter alguém com a qual podem contar para pôr a cabeça sobre o ombro e verter lágrimas nos momentos mais infelizes ou... partilhar longos e ternos abraços... Às vezes gostava de poder ter alguém assim... o abraço é tão mal visto... Serve apenas como cortesia. Poucas vezes é sentido. Se se é homem, não se pode abraçar outro homem (seu amigo) por muito tempo, pois a sociedade encarrega-se de considerar aquele acto intragável. Se se é homem e se se abraça uma mulher, é bem provável que esta considere que estamos a abusar. Somos amigos e somos obrigados a manter distância. Faz falta, um abraço... dizem que, provavelmente, se trata de carência. Mas não são todos que dizem, só alguns.
Até o mais sóbrio olhar é, irrefutavelmente, uma provocação que deve ser terminada em poucos segundos. É o que sinto, às vezes. Vejo as pessoas a passar com pressa, sem tempo para nada. Nestas alturas, fico triste por mim. Mas fico feliz, ao mesmo tempo, por saber a felicidade que as pessoas mais próximas do coração sustentam. Para elas, não há preocupações. A vida só ainda agora começou... Respiro fundo e deixo-me estar, sentindo que os seus sofrimentos finalmente cessaram.
Há, contudo, quem tenha problemas. Chamam-lhe males de amores. Pessoas que, por causa duma sociedade nojenta, não podem admitir as suas preferências; pessoas que vêem a sua paixão fugir por outra; ou pessoas que nunca chegam a ser correspondidas. E assim se passam dias e dias, meses e meses... nalguns casos anos, a tentar obter algum sinal. Mas também é verdade que, se não tomarmos a iniciativa... não podemos esperar que nos olhem de maneira diferente assim, sem mais nem menos. É nestas alturas que sou recordado a dar mais atenção aos amigos e esquecer esse afecto triste para quem nunca o viveu e anseia viver...
Hoje vou pedir um desejo que já há algum tempo pedi. Não o peço para já. Peço-o para quando tiver que acontecer.

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É já noite cerrada quando abre a porta, depois de mais uma noite em palco, seguida de sucessivos aplausos...
A chave roda na fechadura, abrindo as portas ao conforto do seu lar... A claridade provocada pelas luzes do prédio é bem visível, pois está espelhada no chão. Esta apaga-se, está fechada a porta. Dirige-se à cozinha para beber um pouco de água mineral. Sente-se bem.
Durante todo o caminho, havia ele pensado na mulher que o esperava deitada na cama de ambos, nua, os lençóis entre as suas pernas, cobrindo o delicado corpo, protegendo a sua pele sedosa, digna de ser beijada. Sabia que mais uma noite de paixão viria, logo que pusesse os pés dentro do quarto decorado à maneira dela... Havia flores... imensas flores que deixavam frescura naquele quarto, cujo ar límpido da noite de Verão se havia intrometido por entre aquelas quatro paredes.
Os cabelos daquela figura feminina esvoaçavam ligeiramente, cobrindo assim o ouvido esquerdo, que se encontrava voltado para cima. Devia estar a sonhar, observava ele, encostado à parede, junto das dobradiças da porta do quarto, enquanto bebia um pequeno trago de água. Descalçara os sapatos, para evitar acordá-la bruscamente. Não, não queria isso. Seriam os seus lábios a tocar aquela pele delicada, provocando a ruptura do sono profundo.
Enquanto contornava a cama, observava-a cada vez mais com atenção, sentindo que era dos homens mais felizes no mundo... Que felicidade ultrapassa aquela em que um homem faz aquilo que gosta, com uma mulher absolutamente extraordinária a seu lado? Não há felicidade superior a esta, não pode.
Pousara o copo junto do candeeiro. Na cadeira do lado oposto, deixava as suas roupas, mas não os sentimentos. O coração palpitava já, com a ânsia de poder olhar aqueles olhos castanhos... Lindos. Já com o corpo desnudado, levantou os lençóis e aproximou o seu corpo ao dela. Abraçara-a rente ao ventre, e beijara o seu pescoço, ainda com a essência do seu perfume. Ela abrira os olhos que brilhavam com a claridade da noite, reflectindo o brilho das estrelas no céu acima, que se prolongava até à linha do horizonte. Virara-se para ele, sorrindo. Este fazia o mesmo, enquanto se apoiava no cotovelo direito, tirando os cabelos da sua amada dos olhos, para que os pudesse ver melhor. Eram dum brilho único... Se pudesse, ficaria a olhar aqueles olhos durante muito tempo, até que a sua vista chorasse cansaço.
Beijaram-se. Um beijo terno de ambas as partes que se unia naquele momento, através dos lábios de cada um. Conseguia sentir a suavidade da boca dela... massajavam-se ambas as línguas, uma com a outra..., e assim se abraçavam.
Apertavam-se com uma força tal que dizia, claramente, "nunca te largarei, nunca...".

segunda-feira, 13 de novembro de 2006

Sentimentos Para Todos Os Gostos...

Á volta e à volta vai o mundo, de 360 em 360 graus...


...o meu girou 180...
Uma bela manhã de Inverno...uma manhã típica e tradicional: enevoada...cinzenta... Não me deixei afectar! Pensei para mim mesmo: "Há-de melhorar!" E quando saí à rua melhorou! O sol disse-me "olá", enquanto abraçava o frio matinal e a geada matutina...deslumbrei-a entre as árvores, enaltecida pelos raios de luz que entre elas passavam. Pensei para mim: "Hoje vai ser um grande dia!"
Encaminhei-me para onde tinha que ir, pois tinha o que fazer. Fui, fiz...fui...voltei a fazer...e por fim fui uma última vez antes de ouvir o "badalar" das 13 (e um quarto), dizendo-me para acabar de fazer, e partir...partir para junto de quem queria! E assim o fiz...
Tanto que me rio com vocês!
Tantas vezes que repito para mim mesmo que sou feliz, em vários momentos em que estamos juntos!
Tanto que vos quero ao meu lado, em todas as ocasiões da minha vida...como andaimes para me susterem as quedas!
Tanto que quero cair com vocês, e aprender a levantar-me em grupo, segurando-me, equilibrando-me com cada um de vocês!
Tanto que senti hoje...Tanto que girei...e girei...e girei...até ficar
Tonto...
Tonto, é o que devo estar! Tonto é um eufemismo para a loucura que se apodera desta putrefacta mente, e deste mesquinho coração! Estúpido, é mais a palavra! Idiota! Reles ser!
Raiva...
De quem? De mim mesmo, por não ver...ou não querer ter visto...virei os olhos ao que estava mesmo à minha frente, a fazer-me "carinhas" para me convencer!
Dor...
Não a quero sentir, mas muito menos...provocar...
Por fim? Conclusão? Final?
...Silêncio...

quinta-feira, 9 de novembro de 2006

Verosímil/Inverosímil

Andei a pensar em palavras
Também em sentimentos, gestos
Considerei se para mim olhavas
Procurei em teus olhos afectos

Desorientar-me-ia se visse,
Desvaneceria se enxergasse,
Desapareceria se captasse,
Sucumbiria se descobrisse,

Que, lá no fundo do coração
Esse órgão que ostentas
E que lamentas,
Havia algo a passar-me ilusão

Mas não foi isso que lamentei,
Nem tão pouco chorei
Sorri e para ti cambaleei

Fui ao teu encontro,
Ultrapassei o ponto,
Ponto de espera
Que me disse “acelera”!

Levantei os braços para ti
E tu, os teus para mim
Apertei-te contra o coração,

Que chorou de emoção.

quarta-feira, 8 de novembro de 2006

Para Ela...Para Ti..."Para Sempre"...

Escrevo-te a partir do silêncio! Eu, que normalmente escrevo inspirado em melodias, estou perante ti "desnudo"...apresento-me totalmente descoberto, indefeso! Sem nenhuma apólice de seguro sobre a minha inspiração ou possível qualidade de escrita; confiando totalmente no que sinto!
Mostro-me a ti fragilizado, mostro-me a ti fraco e debilitado, de olhos esbugalhados qual gatinho, na esperança de ser o mais credível possível...como se o facto de escrever para ti com base no meu sentimento fosse razão de me tornar mais credível!
Sei que cometi erros atrozes, que foram atingir-te bem fundo, onde eu prometi que iria deixar intocado, e que prometi guardar! Fiz isto na sequência de uma outra combinação de vários erros, coisa que apenas me fez bem...e mal!

Eu, que sempre fui pouco adepto da expressão "para sempre", pensei que aquilo fosse mesmo "para" e que muito provavelmente seria "sempre"! Erro: não foi "para" ninguém algo de seguro ou certo; muito pelo contrário: do início ao fim apresentaram-se obstáculos quase intransponíveis! Não digo que não resultou por não estarmos dispostos a transpor obstáculos, mas a abundância deles mostrava que qualquer coisa não estava certa....estávamos a forçar algo...Acho eu... E, pelos vistos, o "sempre" é muito subjectivo, por várias razões, e o nosso durou meses...

Mas, não se deixem enganar leitores (especialmente tu), esta relação não foi algo de leviano...de passageiro...Não! Marcou-me como pouco me tinha marcado até à data! Cravou as suas unhas bem dentro da minha pele, e para a vida ficará esta cicatriz à vista...servirá para contar belas histórias a filhos e netos! E por isso mesmo, por causa desta enorme relevância, é que eu não quis acompanhar o meu coração...O meu cérebro decidiu não consultar o seu parceiro, quando decidi que ainda não estava acabada, esta paixão quero eu dizer... Quando para ele, o meu coração, estava!
Então cometi o maior erro de todos: Não o ouvi, e enquanto ele chamava pelo teu nome, eu forçava o pensamento pelo outro nome...

Como já calcularam, tal não foi mais do que mentir a mim mesmo, e a quem mais me amava! Coisa que apenas me (nos) fez sofrer!
Burrice? Estupidez? Ou medo? Medo da mudança? Medo de seja lá o que for, em vista apenas de arranjar uma desculpa envolta em lindas palavras? Talvez...

O que sei é que apercebi-me, um pouco tarde demais (mas mais vale tarde do que nunca), dos vários erros que cometi! Apercebi-me, que nem água límpida ou céu azul, de quem eu realmente queria, com todo o meu coração! E aí, os dois senhores do meu corpo começaram a trabalhar em uníssono, para tentar remendar o que fosse possível!

Agora, abro-me a todos, para verem como não se deve agir! Tragam os filhos, e ensinem-lhes algo... Venham ver um exemplo incorrecto, de alguém apaixonado! Venham!

Vem! Vem tu ver como brilhas bem dentro de mim...como iluminas os cantinhos obscuros cheios de pó! Vem, vem ver a veracidade do que digo...verifica que, apesar de todos os enfeites e palavreados, o que sinto por ti é simples e verdadeiro! Vem...por favor...vem...e fica!

domingo, 5 de novembro de 2006

Quem Sou Eu?

Olho o tanque onde minha mãe lava a roupa, pensativo. Tudo me ocorre, neste momento, na minha mente. Acho mesmo que está a rodar sobre si mesma. Já não vejo nada que seja claro.
Meu pai lê, interessado, o jornal. Talvez algo sobre política, economia ou até mesmo desgraças futebolísticas.
Quer dizer, acho que se encontram a realizar estas actividades... Não me consigo abstrair...
- Quem sou eu? - subitamente perguntei, olhando o tanque.
Minha mãe provavelmente olhava para mim, não sei... Foi meu pai que respondeu.
- Quem és tu? - tirara os olhos do jornal e colocara-os sobre mim - Ora, tu és meu filho, és... és... um rapaz em crescimento, que se há-de tornar num Homem que agora vive e, mais tarde, tal como todos os outros, morrerá...
Havia sido esta a sua resposta. Não me convencera. Havia qualquer coisa que ainda me inquietava.
- Quem sou eu? - perguntara, de novo.
Meu pai pousou o jornal, pois já havia retomado a leitura e, algo perturbado, chamou-me.
- Vem cá, senta-te aqui...
Só agora havia desviado os olhos da água espumada de sabão. Contornei o tanque e sentei-me ao lado de meu pai.
- Deixa-me dizer-te uma coisa: - começara - tu és meu filho. És um rapaz que agora cresce, que... que se está a educar para, de futuro, se formar, arranjar um bom emprego, eh... eh... criar uma família e dar-me netos!
Talvez. Começara a assimilar toda aquela informação demasiado sintetizada para meu gosto, quando minha mãe interrompia o meu ciclo pensativo.
- Rapaz, vai buscar aquela manta azul que está no teu quarto, vá! Para ver se me despacho deste lavouro.
Obedecera. Encaminhava-me, meio ofuscado, até casa e, por sua vez, até ao quarto. Não peguei na manta de imediato. Deitei-me, primeiro. E pensei, pensei, pensei... E lá longe, uma voz interrompia-me, uma vez mais...
- Então? Demora muito?! Vá lá, quero despachar-me!
Dobrei lentamente a manta e, já em pé, passei em frente ao guarda-fatos. Num segundo emudecera para, no outro, gritar alarmado:
- UM LADRÃO! AAAH! - fugia de frente daquele móvel para me esconder num canto obscuro do quarto. Sentia passos de pessoas a aproximarem-se.
- O que é que se passou aqui?! - um - Que foi? Que tens? - dois. Eram meus pais que chegavam, alarmados.
À medida que reconstituia a cena, ia-lhes reproduzindo o que vira.
- Vi ali um ladrão! Vi ali um ladrão!
- Viste um ladrão? Aonde? Aonde?!
- Como era o ladrão?! Diz-nos!
- Estava de frente ao guarda-fatos!
- De certeza? Mesmo?!
- Sim, tenho a certeza!
Levantaram-me e encaminharam-me, calmamente, ao armário. Apercebera-me, de repente, que os espelhos das portas estavam voltados para mim. Meu pai espreitava por cima do meu ombro e só lhe ocorreu pensar numa frase.
- Olha bem e vê se é um ladrão... - dizia, constrangido.
Meus pais afastavam-se. Comecei a aproximar-me do espelho, já de braço estendido, como que a procurar algo. Toquei a superfície de vidro com uma mão e, com a outra, toquei no meu rosto, sempre observando estes lentos movimentos.


Espreitava pela janela, muito constrangido, meu pai, olhando para baixo. Conseguia ouvi-lo falar.
- Não passas deste Inverno... - dizia, muito triste. Com certeza, não mais do que eu.
Apressara-me a correr de encontro àquela figura que, agora, se havia voltado para mim.
- Estava a dizer para mim mesmo que... é difícil o Mondego passar deste Inverno... Considero, mesmo, que seria uma sorte para ele que morresse... Deixava de sofrer, pelo menos...
Ripostara contra aquela afirmação:
- Não morre! Não pode! - notei os meus olhos encharcados.
- Que esperas dele?
- Que não morra! Ele não pode morrer! - lutava, amargamente, contra aquela possibilidade.
Meu pai mexia-se, pela primeira vez, desde aquele momento mórbido de encontrar o nosso animal de estimação preferido extremamente debilitado.
- Deixo-te com ele... - dissera. Parara para olhar para mim, algo perturbado para, depois, me deixar só com o cão.
Foi a partir desse momento que, à minha frente, não enxergava nada. Estava em transe, caminhando para o nada.
Acordei ao som da voz de minha mãe: - Rapaz, vamos à Missa do Galo!
Era um som que vinha de longe e, ao mesmo tempo, de perto. Dera meia-volta e passara, de novo, em frente ao Mondego. Isto é, em frente à casota, pois acabava de descobrir um vazio.
Não me estava a aperceber da situação. Colocara a mão dentro da casota e chamara por ele.
- Mondego! Mondego! - não havia resposta, habitualmente, um frondoso latido.
Só consegui, a partir daí, sussurrar uma palavra, prova da falta de voz que se iniciava na minha garganta.
- Morreu...
Levantei-me imediatamente e corri que nem um louco à procura dele. Chamava, por todos os lados, o seu nome. Nada em casa. Nada no alpendre. Nas redondezas, pouco ou nada mostrava a sua recente presença no local. Só depois de correr mais tempo vi uma figura naquele campo coberto de neve. Aproximava-me cada vez mais.
Era o Mondego. Ainda tinha a sua manta... Sentei-me ao lado dele e só pude abraçá-lo...

sexta-feira, 3 de novembro de 2006

O Elástico

Hoje fiz o que poucos fazem...e digo isto quase num tom vaidoso, pois hoje enfrentei, cara na cara, o meu medo mais obscuro e mostrei-o a todos que quisessem ver! Peguei nele, enrolei-o numa bolinha bem apertada, olhei-o bem nos olhos e disse: "Vejam! Vejam o meu lado mais obscuro, aquele lado que escondo de tudo e de todos desde que me lembro...olhem a única coisa que me faz suar frio de medo...a única coisa da qual tenho pavor, terror de morte! Vejam!! Observem com olhos gulosos aquilo de que eu nunca falo, aquilo que eu tento apagar da minha cabeça! Mirem o que eu não consigo mirar, e sintam...sintam o pesar deste meu medo...sintam o peso que ele faz sobre vocês!"
Este meu medo é o medo do esquecimento...de ser esquecido...de encolher e encolher e encolher até deixar de ser minimamente relevante para seja quem for! O medo de me tornar insignificante, no mar de pessoas que deixam marcas nas outras! O pavor de acabar, eu próprio, por me esquecer de mim...Tornar-me tão pequenino que a minha existência cessa...perdendo todo o seu sentido... A única coisa que me faz olhar para baixo, com um olhar difuso...Qual chama que precisa de ser constantemente reacesa...porque senão apago-me!
Medo de desaparecer, não fisicamente, não é medo de ser raptado ou de desaparecer por e simplesmente! Não! É medo de desaparecer estando aqui...é medo de estar nalgum lado mas ser tão insignificante que é o mesmo que não estar!

Hoje peguei nisto tudo, enrolei bem enrolado e coloquei-o no meu elástico! Num elástico que estava seguro, numa ponta, pelo meu coração, e noutra, pelas minhas mãos...e estiquei-o...estiquei-o...estiquei-o...

Nunca tinha ido tão fundo na obscuridade do meu ser, e apenas em pesadelos tinha visitado esta parte de mim. Tremi...não sei se foi de frio...de medo...acho que foi das duas! O meu respirar tornou-se em arfar...os meus olhos embaciaram-se e deixaram de olhar seja o que for, mesmo estando abertos...olhei o nada...bem nos olhos! Hoje esteve ali o meu "eu" frágil...aquele que eu guardo numa gaveta à chave e nunca abro...deixei de o pôr cá para fora desde aquele dia... Desde aí, meti-o no bolso e fingi que ele não existia!
Hoje, tirei o casaco, abri o bolso com as minhas mãos...peguei numa lanterna e olhei lá para dentro, à procura dele...do meu "eu" menino...Encontrei-o, puxei-o para o mundo de cá, e incorporei-o...revelei-o a todos!

Hoje peguei nele, pelo colarinho, e enrolei-o no meu elástico! Segurei-o, com o coração e com as mãos...e estiquei-o...estiquei-o...estiquei-o...

Estiquei-o demais...e doeu...

quarta-feira, 1 de novembro de 2006

Sinto-te

É raro! Isto do "sentimento" bem sentido é raro! Tantas pessoas que conheço que, mesmo falando sobre sentimentos a todos, não os sentem! Dizem que os sentem, com imensas forças do chamado "ser" deles...mas não passa do dito...não chega ao sentido!
Eu próprio, confesso-vos agora, já fiz parte desse tipo de pessoas. Aquelas que dizem coisas lindas apenas para encantarem alguém, sem nenhum pingo de sentimento verdadeiro...atracção sim, dessa há sempre muita, mas eu falo-vos agora daquele tipo de sentimento que não se vende em revistas...aquele tipo de sentimento que todos nós tentamos compreender mas ninguém o consegue!
Eu já fiz parte desse grupinho infeliz...Mas compreendi que não passava de uma perda de tempo, fazer tal coisa, pois apenas me cansava com vista a nenhum objectivo. Corria sem nenhuma meta para atingir...corria apenas por correr...corria sem objectivo...Quase que comecei a viver sem um também! Mas salvei-me...salvaram-me!

Fizeram-me entender, da maneira mais difícil, que se calhar esta coisa do "amor" é mais complicada, difícil e profunda do que eu pensava! Foi preciso a traição abrir-me os olhos! Basicamente, precisei de uma estalada para acordar.
Hoje em dia percebo, finalmente, que o amor não deve ser banalizado, como todos fazem! Dizer a alguém "amo-te" envolve tantas coisas que é preciso haver sentimento puro e verdadeiro; e não apenas uma atracção...

Acho que se fizessem um filme sobre mim, a maior parte dele seria sobre quem eu já amei, sobre aquelas pessoas que já me marcaram. Acho que assim é que a minha vida estaria bem retratada! De que vale a pena dizer que fiz aquilo ou ganhei acoloutro? O que vale a pena dizer é que eu já amei, de verdade, alguém. E amo, e volto a amar, a ter aquele friozinho na barriga quando a vejo! E aquelas vozes que começam a tilintiar na cabeça: "Vai falar com ela! Será que ela gosta de ti? Será que ela sabe o teu nome? Será? Se..." É nesta altura que os "se's" tomam lugar!
E através disto tudo é que eu obtenho a certeza, que nas outras vezes...durante o meu outro "eu"...não tinha! O frio na barriga só de observar os magníficos olhos verdes...as vozes a jubilarem com a figura dela...os meus olhos a humedecerem-se apenas com a doçura da sua voz! A minha voz a engasgar-se, só com a ideia de lhe dirigir uma palavra; com medo de que essa palavra não seja a certa!

Isto tudo resume-se à "insignificância", para uns, e à magnificiência, para a maioria, do sentimento puro. Do sentir... E eu, tenho a certeza de que te sinto de uma forma diferente, especial...quase tão especial como tu.