sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

Memórias...Resposta A Elas

Falo-te do silêncio...do mais aterrador silêncio...do mais pacífico e calmante silêncio... Falo-te do nada... e do tudo...
Escrevo-te, mesmo sabendo que me ouves, do silêncio que hoje criei à minha volta...em redor de muitos laços de amizade...mesmo circundado por eles, hoje...ali...criei um vácuo à minha volta, para que nada me tocasse...nada me visse...nada me sentisse...tentando, desta forma algo fútil e mínima...tentando aproximar-me de ti...
Porque todas as noites, antes de descansar a minha atormentada mente no travesseiro, penso-te, vejo-te, oiço-te, sinto-te...choro-te...Não te choro a ti, mas choro a tua ausência...
Aquele vácuo que eu criei durante aquela viagem, sem sair do sítio...aquilo é uma miniatura do espaço que deixaste na minha vida...dentro de mim após...a tua... Viagem, é o que eu quero fazer, viajar pelo mundo fora...espalhar o que me ensinaste, dizer aos demais para darem sempre o melhor deles próprios ao próximo...para se mostrarem sempre de braços abertos, mesmo quando quem está do outro lado do abraço não esteja receptivo.

És uma santa...já o disse muitas vezes... Mas culpo-me por não to ter dito, na cara, com a voz que me deram, olhando-te com os olhos que tenho, estando à tua frente com a personalidade...que tu criaste em mim. Pois, e isto digo-lo com toda a certeza, a minha personalidade, se é que já a tenho coesa, foi forjada, em grande parte, por ti. Não quero denegrir quem já me forjou... Para me conhecerem de verdade, é preciso voltar atrás no tempo: viver o que vivi, amar quem amei da forma que amei, sentir o que senti por quem sentir...chorar, rir, chorar a rir...
Mas de certo que tudo o que de bom há em mim, foste tu (juntamente com a outra, que a essa também amo por demais) que semeaste... Regá-lo, reguei-o eu...colhê-lo, colheram-no os demais...aqueles a quem eu já fiz bem. E planto-o eu todos os dias, de novo, com terra nova e fresca, em tua homenagem. Para que eu nunca me esqueça do que me pediste, certo dia: "Sê sempre um bom menino!" Pois, tentarei-o ser...talvez não para sempre "menino"...mas bom, tentarei sempre sê-lo, para com todos.

Há uma mão cheia de dias eu interroguei-me: "Será que te orgulhas de mim?" Não, não sou egocêntrico o suficiente para perguntar a mim próprio tal questão...foi dirigida a ti, pois eu sei que me ouves, eu sei que me lês. Lês-me melhor que qualquer um...basta-te olhares para os meus olhos, que eu sei que o fazes, e descobres logo a minha alma, límpida...sem disfarces, como já o fazias e sempre o fizeste.
Mas a esta dúvida não consegui eu responder... Calculei que sim...responsável e cumpridor têm sido os meus mais fiéis adjectivos...folião vai de mão dada com eles.
Mas basta isto? Não...duvido. Sei que tenho ainda um longo caminho a percorrer...Pois o teu pedido é eterno: "Sê um bom menino!" Não está lá, mas o "sempre" está subentendido (uma das artimanhas da nossa bela língua). Eu sei que está, eu quero que esteja.


Tentarei ser sempre um bom menino.


E uma última nota: Se Deus existe mesmo, e ponho aqui este "se" para não desafiar nenhum tipo de escolha religiosa ou ausência dela, Ele tem a melhor aliada a seu lado! A Piedade...

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2007

Psicopatia

Mostra-te ao mundo, tal como tu és! Não te escondas por entre esses ornatos volumosos e catitas! Isso são tudo impurezas que ocultam a tua vivência incessante e nervosa!
Tu és mais que isso! Tu tens um corpo para mostrar! Abre-te a elogios e a críticas pré-construídas! Sente o coração a bater, livre de cobertas artificiais! Deixa de ser pseudo-sofredor! Tu prestas! Ou julgas que és lixo reciclável de calúnias abomináveis? Alimenta a minha espera infalível de amores ilusórios! Só tu és capaz disso, mais ninguém é capaz de sentir isso pela goela abaixo num som de tirania apática!
És tu! Autocolante sem refrigerante, tomada sem consenso, veia inestimável, que me dás a força de semear libras eróticas no seio da tua afável escuridão! Será que não percebes? Não percebes, mesmo? TU não percebes tudo! Essa tua melodia harmoniosa de acidentes não faz nada senão mandar-me à fava e ao laçarote!
Oh, vil vilão verosímil e verdadeiro, quão estragada está a mente de que falas e vomitas... Era preciso cuspir tal brutalidade e tal... tal... incomensurável produção retórico-fictícia?
Comes letras e limpas palavras, libertas dor e semeias gritos, mas cala-te já! Antes que comeces a dizer o que é importante e não errado.
Sinto-me feliz por te suportar, poderosa libelinha.

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

Inovemos

Vamos ser radicais… Vamos ser originais, pioneiros, aventureiros, malucos! Eu proponho uma coisa, uma ideia inovadora, uma maluquice: Vamos dar, no dia de S. Valentim, uma prova da nossa mais fiel amizade às pessoas? Sim, damos de amor, sim damos às mães, aos pais, aos irmãos, às irmãs… sim, andamos pela rua de mãos dadas com a pessoa que põe o nosso sangue a ferver…
Mas… Vamos dizer a alguém que nós prezamos a sua amizade, que para nós ela é importantíssima…
Nos dias que correm, esquecemo-nos que a amizade perdura…esquecemo-nos que sabe bem ouvir de um amigo de longa data “Podes confiar em mim, porque eu gosto muito de ti. És importante para mim.”
Na sociedade actual perdemos o hábito de nos expressar, pensando que a outra pessoa saberá aquilo que sentimos…não dizemos a amigos que eles são importantes para nós porque temos uma falsa certeza de que eles o saberão…podem até sabê-lo…mas que sabe bem ouvi-lo de vez em quando, isso sabe!
Portanto vamos deixar-nos de tabus…vamos deixar-nos de ideias feitas ou de preconceitos! Vamos dar uma prova de amizade verdadeira a alguém importante para nós pelos motivos certos!

Pronto, eu sei que o dia em causa já passou mas a mensagem é igualmente válida para qualquer dia: Apreciem as pequenas coisas que a vida nos dá...o sol, o céu, o mar, o chão, o verde, o vermelho, o preto, o branco, a pele, os cabelos, os dentes...os amigos! E a vida em si!

terça-feira, 6 de fevereiro de 2007

Vamos Fugir?

Olha, sabes que mais? Hoje não me apetece ir trabalhar. Estou farto da mesma rotina de sempre! Todas as manhãs, o raio do despertador toca a dar o horrível sinal de alarme, roufenho da humidade. Eu não gosto de acordar forçado... Aliás, quem gosta? Especialmente quando estivemos a sonhar toda a noite que estávamos num relvado natural qualquer, a correr, a rebolar, a passear, a cheirar, a sentir...
Mas não. Lá tenho eu de sair da cama quentinha para me ir lavar na água fria de Inverno e ajeitar os caracóis que, com a vivência do sonho, ficaram completamente lisos! Tenho de fazer uma torrada ou duas para não deixar o estômago a refilar, se bem que nunca tenho fome, logo de manhã. Vou escovar os dentes, ligo o telefone e saio.
Mal chego ao emprego, sinto náuseas. Por amor de Deus, é sempre a mesma coisa, naquele sítio! Toca a picar o cartão (várias vezes, se não for aceite) e a entrar naquele maldito empreendimento. Quando entro, vejo alguns colegas de outros departamentos a virem ter comigo. Trocamos algumas impressões, nada mais... Depois, vou para o meu escritório aturar os meus colegas que se espalham à minha volta nas diferentes secretárias, mais o patrão. Credo!
Passa a manhã.
Durante a tarde, ou consolido o trabalho em atraso, para não ouvir o chefe no dia seguinte, ou entretenho-me com alguma outra coisa, para não poder pensar em mais nada. Só mais à noite é que tenho razões para voltar a sonhar. Afinal, sonhar nunca fez mal a ninguém.
No dia seguinte, a história repete-se.

sábado, 3 de fevereiro de 2007

De Um Pobre Afortunado, Para A Fortuna

Como já deves ter percebido, pelo tempo a que me conheces e pela forma profunda que o fazes, eu sou uma pessoa de muitas manias e hábitos... Tenho bastantes tiques e obsessões próprias de alguém que foge um pouco ao padrão do "normal". Portanto, fiz questão de não começar este meu tributo à tua pessoa de uma maneira previsível. A seu tempo, irei dar aos clichés de sempre, mas por enquanto inovo!
Mas bom, basta de mim, o tema aqui és tu, um óptimo tema sobre o qual se escrever, pois transmites tanta mas tanta informação apenas com um olhar. Provocas em mim mais de mil emoções diferentes, todas em simultâneo! É tão bom escrever sobre ti, porque és tão complexa...há tanto para dizer sobre ti que as palavras se atropelam! E tanto que se atropelam, tantas que são, que perdem todas o significado... todas são fúteis demais, superficiais por demasiado para descrever alguém tão profunda... alguém... como tu.
Mais fácil é comparar-te a um tango... sim, um tango, tocado apenas por um par de músicos: uma viola melancólica, um violino de fundo e um baixo a marcar o passo. O ritmo marcam as palmas de quem assiste de fora desta dança... isto ultrapassa a dança, torna-se num ritual que eleva as nossas almas... os corpos baloiçam na pista de dança, mas as almas tomam passos frenéticos, uma bem colada à outra, imitando os corpos.
Quem assiste já se chocou, pois ambos estamos num estado surreal de sensualidade! Ambos suados de tanta euforia, roçamos cada parte dos nossos corpos um no outro, seguindo de forma desvairada cada nota musical como se fosse a última!
És como um tango, rápido e frenético, mas meloso e sensual... Chocante! És controversa, és complexa e profunda... És muito mais do que as aparentes notas musicais...quando se pensa que irás deixar escapar um tom grave, soltas um agudo tomando todos de surpresa.
Elevas-te por entre os ruídos da sala, elevas-te por entre um mar de barulhos insignificantes... tal e qual um tango.
Não te deixes apagar... por favor, nem que seja esta a última coisa que te peço, não te deixes calar...não sejas abafada por outras músicas banais e triviais, continua nesse teu tom intenso. Continua a olhar de forma cortante, a deslumbrar apenas com o baloiçar dos teus cabelos. Continua a tornar o dia-a-dia um pouco menos previsível, e muito mais interessante.