sexta-feira, 23 de março de 2007

segunda-feira, 12 de março de 2007

Divagações...De Mãos Dadas Com Devaneios

Deito-me na relva fria, molhada ainda...marca da passagem das nuvens... Mas passaram, pois está agora um sol radiante e resplandescente, cuja luz reflecte no meu rosto. Abro-me a este sol maravilhoso, todo eu me abro, todo eu abraço o calor deste astro tão afável.
Levanto-me, pois é: os verdadeiros e simples prazeres da vida são fugazes, tal como ela própria, e vejo-me obrigado a mergulhar no mundo de afazeres e preocupações. Lá vou eu no meu caminho, matutando no que iria fazer a seguir, e no que iria fazer no dia seguinte e por aí adiante.
E então tropeço numa pedra e vou de boca ao chão. Todos os que me rodeavam riram-se de boca cheia e pulmões fartos... Não os censuro, eu também me ri...que idiota, tão envolto nas minhas próprias ideias que ia, que nem dou pelo pobre obstáculo inanimado.
Continuo na minha travessia, não me lembro de onde a onde, mas não é importante agora... Andei e andei, passei por crianças que brincavam alegres e felizes...tão alegres e tão felizes que acho que se o mundo acabasse no dia seguinte elas nem iam notar, e continuariam com a sua brincadeira, saltitando de nuvem em nuvem. Cruzei-me com uns quantos adolescentes, mais ou menos com a mesma idade que eu, uns riam-se, soltavam gargalhadas tão grandes que lhes marcavam rugas na cara; estes estavam emparelhados com outros, que choravam, sofrendo de depressões increditáveis pelos motivos mais absurdos que poderiam existir... Pensei eu... É giro isto: para nós os problemas dos demais são sempre simples...já os nossos....ui!
Mas bom, eu não estava virado para choradeiras, e continuei contente, embrulhado pelo meu próprio trautear.
De seguida troquei olhares com os chamados "adultos"... É a faixa etária que menos compreendo... Queixam-se durante toda a sua vida adulta que não têm dinheiro suficiente e para isso precisam de trabalhar mais, mas enquanto trabalham queixam-se disso mesmo, e quando deixam de ter trabalho não fazem outra coisa senão queixar-se...mas quando já têm bastante dinheiro para realizar bastantes objectivos, arranjam outros mais inatingíveis, e trabalham um pouco mais, enquanto cantam a velha ladaínha do pobre coitado que se mata a trabalhar...ou seja, enquanto se queixam... Portanto, queixam-se por não terem dinheiro, mas para o terem têm de trabalhar, enquanto se queixam de trabalhar...para depois de perderem o seu trabalho, se queixarem... Pronto chega disto... Que já me dói a cabeça!
Fugi desta azâfama de problemas (inventados) e entrei no mundo da velhice... Vi, radiante, velhotes pachorrentos sorrirem com todos os dentes que ainda tinham na boca ao verem os pequenos a brincarem alegres e felizes...tão alegres e tão felizes que acho que se o mundo acabasse no dia seguinte eles nem iam notar, e continuariam com a sua brincadeira, saltitando de nuvem em nuvem...

E neste ponto da caminhada entendi uma coisa: A vida é um ciclo fechado... Todos fomos, somos ou seremos crianças que brincam despreocupadas; para nos tornármos em adolescentes, idade na qual vamos construir a nossa personalidade...tarefa difícil e confusa e por isso precisamos de ser fortes... Depois, mesmo defendendo ideias das mais utópicos que existem, tornamo-nos nos adultos a quem jurámos batalha até ao fim... Para nesse fim da nossa vida, aprendermos a desfrutar das coisas mais simples que ela tem para nos dar. É engraçado...

E aprendi mais uma coisa (até sou esperto): A vida é tão fugaz, não é? Tão curta, que dá para ser atravessada numa simples caminhada pelo parque...

E foi no meio desta epifânia que um velhote, doce de face, com aquela cara de avôzinho, e branco de cabelos, me interrompeu...pegou-me pelo braço e pediu-me para me aproximar...assim o fiz. E escutei o melhor conselho da minha vida: "Filho, torna a tua vida espectacular, pois ela passa tão rápido qual estrela cadente...mas és tu que podes escolher entre juntares-te a todas as outras estrelas, ou iluminares o céu por completo, durante essa tua fugaz passagem!"

Curioso...