tag:blogger.com,1999:blog-201555782024-03-23T17:49:12.596+00:00LuminescenteAnonymoushttp://www.blogger.com/profile/15313134159492604742noreply@blogger.comBlogger233125tag:blogger.com,1999:blog-20155578.post-14196927579071753392015-10-18T21:32:00.000+01:002015-10-18T21:32:59.523+01:00Mudámo-nos<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://luminescente.weebly.com/"><img border="0" height="265" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhy5izZpv2q89FBp7LjV5jI9BpvTMNKhY98vFx16CfszfNEBN4GpvCPUMUtopn7R_7J5lgPvoo-CYWCLBpuDsgr82h4PktGAvhEhOrP0CekNq7-dInSbRKay7NNE9MLVxyWhFPt/s400/Moving.jpg" width="400" /></a></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
... rumo ao Weebly, muito mais fácil de manusear.</div>
<div style="text-align: justify;">
Este blog continuará activo na secção «Thesaurus», que se encontra na barra de navegação, para que toda a nossa história permaneça disponível para consulta, referência, ou mera repetição de leitura.</div>
<div style="text-align: justify;">
Encontramo-nos por lá, com diferenças visuais, sem alterações de estilo de escrita.</div>
<div style="text-align: justify;">
Clicar sobre a imagem encaminha o leitor para o novo espaço.</div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/15313134159492604742noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-20155578.post-68392907386458367492015-10-17T14:22:00.000+01:002015-10-17T14:22:05.099+01:00¡Ay!, Linda Amiga,<div style="text-align: justify;">
Escrevo-te. Escrevo-te sempre. Está claro que não te obrigo a ler e, como referi anteriormente, se não conversar sobre isto, hei-de ter uma vontade interior de gritar, o que não quero. Mesmo para dentro, não gosto de arruinar as minhas cordas vocais.</div>
<div style="text-align: justify;">
Ao que parece, o Outono começa realmente a fazer-se sentir neste dia. Eu, constantemente tão acalorado, sinto frio. Não só porque o vento sopra vigorosamente, mas porque não estás. É verdade. Tudo o que te tenho dito, de resto, é a mais pura verdade. Não me atreveria a mentir-te. O meu coração é puro. O teu também, sei-o.</div>
<div style="text-align: justify;">
Seguramente, lembrar-te-ás da minha falta de jeito a tentar convidar-te para sairmos, na primeira metade do Verão. «Vamos tomar chá, nem que seja <i>iced tea</i>, afinal ainda está calor». Consigo ser tão disparatado que ganho vontade de me rir de mim próprio. Mas tu, tão amorosa, dizes-me que adoras chá e que é uma boa ideia. «Que menina tão saudável!», reparo. E tu, que dizes «só um bocadinho». Rio-me. Mais para mim do que para o exterior, mas, mesmo no meu eu, o gracejo é volumoso, com ímpeto. Toda tu és belíssima. Apelido-te de várias formas, «Bonequinha», «Musa», «Pequenina», «Princesa», enfim. Todo um conjunto de carinhos que vejo em ti, na tua essência. Pergunto-me, por vezes, se não serei demasiado poético. Desculpa, mas deve ser da época. Cinco anos depois do lançamento do primeiro épico. Provoca algumas saudades. Acho que foi por andar a escrever «obras» na última meia década que não regressei aqui. Hoje também me encontro a escrever «obras», mas senti a necessidade de voltar. É talvez um cantinho que deixo reservado para os desabafos. Não tenho por hábito escrever textos completos em cadernos, só alguma ideia que surja subitamente, uma vez por outra. Creio que me é desnecessário rascunhar antes de passar à versão final. Será pessoano da minha parte, eventualmente. Heteronímia, Caeiro. Não guardo rebanhos, mas é frequente fazer versos sem pensar muito. A métrica costuma ser acertada logo à partida.</div>
<div style="text-align: justify;">
Disse que não desisto de ti. Reafirmo. Quero tomar chá contigo. Ou o pequeno-almoço. Ou almoçar. Ou jantar. Cear, até. Tanto me faz que refeição é ou deixa de ser. Pode ser apenas um copo. O que não me é irrelevante é a tua companhia. Se não for contigo, pouco sentido fará. Estarei a sós, se não levar ninguém. Não estarei contigo, se quiser levar outra companhia. Não é nenhum raciocínio extraordinário, mas faz-me sentido por enfatizar como a tua presença é importante para mim.</div>
<div style="text-align: justify;">
Acredito que seja difícil para ti creres em mim. Se estivesse no teu lugar, porventura tomaria a mesma atitude. Mas isto não passa de uma suposição. Tens uma identidade própria, não sou eu que devo afirmar o que pensas ou o que sentes, jamais teria essa pretensão.</div>
<div style="text-align: justify;">
Apenas desejo ver-te, prender-me nos teus olhos. Não preciso de trocar palavras contigo. Não preciso de tocar-te, se achares que deva aquietar-me. Ter-te à minha frente chega-me.</div>
<div style="text-align: justify;">
Gosto de ti. Porquê? Não me interessa. Só isso importa.</div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/15313134159492604742noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-20155578.post-39202249533853818512015-10-17T00:22:00.002+01:002015-10-17T00:22:31.250+01:00«Só Acontece nos Filmes»<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe width="320" height="266" class="YOUTUBE-iframe-video" data-thumbnail-src="https://i.ytimg.com/vi/nzIDsvJwjgA/0.jpg" src="https://www.youtube.com/embed/nzIDsvJwjgA?feature=player_embedded" frameborder="0" allowfullscreen></iframe></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
<i>When Harry Met Sally</i> (1989)</div>
<div style="text-align: center;">
Billy Crystal e Meg Ryan</div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Quando o cinema tem o condão de mostrar-me o que está a acontecer na minha vida com uma exactidão invejável.</div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/15313134159492604742noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-20155578.post-13069645354424542462015-10-15T02:39:00.002+01:002015-10-15T02:39:38.027+01:00Medo<div style="text-align: justify;">
O tempo tem passado. O silêncio vai ficando. Por entre os dedos correm-me incontáveis grãos das areias do tempo. Deslizam suavemente, como se aguardassem por uma qualquer interrupção súbita que lhes cesse a queda contínua rumo ao solo, numa espiral interminável, voltando sempre ao princípio, depois de virar a ampulheta uma e outra vez, quantas forem necessárias.</div>
<div style="text-align: justify;">
Não me conheces, eu sei. Eu também não te conheço. Por isso mesmo é que gosto tanto de ti. Que tudo o que tivermos de descobrir sobre o outro fique para depois. Só quero encontrar o meu olhar com o teu e nem isso me permites.</div>
<div style="text-align: justify;">
Estás a dar-me o tratamento do silêncio. Não me deves nada, claro que não, nem tão-pouco venho cobrar-te o que quer que seja. Sinto-me triste, apenas, repleto de mágoa, que é o mesmo que experimentar um incomensurável vazio no meu interior.</div>
<div style="text-align: justify;">
«Sufocante», disseste. Não encontrei o equilíbrio necessário. A ânsia em falar-te era demasiada, mas o silêncio que reinava era avassalador. Ainda hoje o é. Há quem prefira ouvir «não» ao tratamento do silêncio. Pessoalmente, prefiro sempre um sim, ou um não temporário que possa converter-se posteriormente numa resposta positiva, sempre dói menos. Já o verso branco... é poesia que me fere.</div>
<div style="text-align: justify;">
Não sou nem nunca fui monstruoso. Nunca sufoquei ninguém, não é agora que me interessa começar. Não agora, não nunca.</div>
<div style="text-align: justify;">
Eu sei que tens medo. Não te tenho à minha frente provavelmente desde a Primavera, mas sei lê-lo em ti. Chama-me controlador, obcecado, asfixiante, se quiseres. Sabes tão bem quanto eu que características dessas eu não tenho. Também sei que precisas de ganhar confiança, tu mesma o enunciaste. Mas esta certeza te deixo, se não me deixares provar que podes confiar em mim, então palavra alguma conseguirei trocar contigo. Até esta noite abafada de Verão que não quer partir, mas gélida da solidão que me assiste, tenho vindo a oferecer-te as minhas palavras, não a trocá-las, porque nem disso me fazes digno.</div>
<div style="text-align: justify;">
Agora diz-me, sendo assim tão vil como me pintas, dar-me-ia ao trabalho de desejar por ti? Importar-me-ia em desabafar através de um texto que não lerás o quanto me magoa não pronunciares uma única sílaba? Eu não aprecio «dar voltinhas». Não gosto de andar a passear mulheres por luxúria para deitá-las fora na manhã seguinte. Línguas fúteis não falo.</div>
<div style="text-align: justify;">
Podes guardar silêncio quanto tu quiseres, mas disto não duvides, eu não desisto de ti. Não é orgulho pessoal, coisa nenhuma. É saber simplesmente que está em ti e em mim a solução para nunca mais voltarmos a perder tempo.</div>
<div style="text-align: justify;">
Não desisto de ti.</div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/15313134159492604742noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-20155578.post-77920469632776499312015-10-13T14:35:00.001+01:002015-10-13T14:35:12.454+01:00Escola de Atenas (Manifesto Para Um «Exercício Comentado Sobre a Consciência do Actor em Cena»)<div style="text-align: justify;">
Há corpos que parecem autênticas obras de arte. E quando digo arte, há um encadeamento lógico que se forma na minha mente: Arte, Estética, Belo, Filosofia, Grécia, Atenas. Bem-vindos à Escola de Atenas!</div>
<div style="text-align: justify;">
Existe um problema do foro filosófico que tem vindo a perseguir-me, e que faz com que eu me encontre no seio da Escola de Atenas contemporânea. Quem diria que Platão e Aristóteles, mestre e discípulo, caminhariam lado a lado com perspectivas do mundo completamente diferentes?</div>
<div style="text-align: justify;">
Encontro-me dividido por duas doutrinas filosóficas que nada têm a ver uma com a outra. De um lado, o Empirismo – aquisição de conhecimento através das sensações, dando primazia aos cinco sentidos. Do outro lado, o Racionalismo – aquisição de conhecimento através da dedução e do intelecto. Tanto um lado como o outro procuram convencer-me dos seus díspares pontos de vista.</div>
<div style="text-align: justify;">
Aqui (lado do Empirismo), dão-me argumentos como: “<i>don’t worry, you’ll get it by the hand of time... it’s totally natural, just let yourself go, feel the energy that’s surrounding you. For instance, take my hand. Is it my hand that’s touching the air, or is it the air that’s touching my hand? There’s a whole lot different possibilities</i>…”.</div>
<div style="text-align: justify;">
Deste lado (lado do Racionalismo), dão-me argumentos como: “é preciso ter <i>coscienza</i>, não estejam à espera de umas energias quaisquer que vos atravessem o corpo e vos digam para onde têm de ir, vocês é que decidem <i>especificadamente</i> para onde querem ir, é uma questão de <i>coscienza</i> e de decisão”.</div>
<div style="text-align: justify;">
Enfim, encontro-me dividido porque, no fundo, não sou capaz de pensar somente, mas também não sou capaz de sentir somente. Dizem-me para falar sem pensar. Não consigo. Uma coisa é indissociável da outra. Como é que eu sou capaz de ter um discurso automático sem recorrer ao intelecto para produzir uma mensagem ou um <i>logos</i> com encadeamento lógico que seja compreensível ao cérebro humano? É impossível.</div>
<div style="text-align: justify;">
Outra questão que tem vindo a preocupar-me é a ocupação do espaço. Nos últimos cinco minutos, andei a deambular de um lado para o outro, sempre em linha recta, sem dar uso ao resto do espaço que me rodeia, o que é algo de preocupante para muitos que vêem o actor constantemente no mesmo sítio. Tive em tempos um pedagogo que tratou de me ensinar melhor do que ninguém como é que o espaço deveria ser ocupado. Dizia assim: “vamos ocupar o espaço, isso, isso! Você tem de equilibrar a jangada, senão ela vira-se! Olhe ali uma brecha vazia, corra para lá! Você também! Sinta que está a caminhar sobre areia que está muito quente e que não pode ficar muito tempo no mesmo sítio, senão queima-se! Muito bem, sim senhor, isso é interessante! Guarde isso!”.</div>
<div style="text-align: justify;">
Transmissão terminada.</div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/15313134159492604742noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-20155578.post-34047132313285671272015-10-12T17:05:00.004+01:002015-10-12T17:05:46.736+01:00Falta<div style="text-align: justify;">
As lágrimas nunca serviram de solução para nada.</div>
<div style="text-align: justify;">
São só desabafos, pequenos suspiros... que, tanto podem ser silenciosos e ocultos, como berrantes e à vista de todos, para mal dos pecados. Muito raramente se dão a mostrar por motivos de alegria. Mais facilmente surgem pela mão rugosa da tristeza. Mas também é verdade que decidem aparecer, muitas vezes, sem motivo aparente. Talvez se sintam guardadas há demasiado tempo e por isso forçam a sua saída, para respirar ar puro, supostamente tido como mais leve do que aquele que as abafava na zona do interior.</div>
<div style="text-align: justify;">
Seja qual for a razão que acompanha as lágrimas e que as transforma, seja em algo que semelha gotículas de orvalho que rapidamente poderão desaparecer, seja em cascatas que insistem em continuamente jorrar, sem possibilidade de fechar a torneira quando se quer, elas surgem involuntariamente. Ninguém chora porque quer. Ninguém gosta de se ver a si próprio ao espelho, com um semblante tingido de vermelhidão à conta das emoções quentes que brotam dos olhos raiados de sangue e se afloram nas maçãs-do-rosto, com lábios secos da respiração ofegante, entortados no desenho que a natureza com tanto cuidado pincelou.</div>
<div style="text-align: justify;">
O facto de alguém ter as suas emoções desequilibradas não serve de desculpa para justificar um daqueles momentos que costumam surgir no final do dia, em que alguém se encosta a uma janela que se molha dos dois lados, sendo que do lado de fora a causa é a chuva e, do lado de dentro, as lágrimas. Não serve de desculpa nem tão-pouco é uma razão.</div>
<div style="text-align: justify;">
Ninguém pode esperar que seja possível haver harmonia, se o primeiro ponto não se unir ao último, sendo impossível desenhar uma circunferência perfeita.</div>
<div style="text-align: justify;">
Existem motivos para chorar que se confundem na sua natureza. São simultaneamente bons e maus. São um só. São saudade. Chorar de saudades... Que acontecimento tão estranho de se definir. Se calhar não se define. Para quê procurar definir coisas? Qual é a razão da racionalidade excessiva? Frequentemente não acaba em bem.</div>
<div style="text-align: justify;">
Sentir saudades é bom. É sinal de que anda por aí alguém que faz outrem sentir a sua falta. Sentir saudades é mau. É sinal de que anda por aí alguém que faz outrem ter pena de não estar perto desse mesmo alguém.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: right;">
Outubro de 2011.</div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/15313134159492604742noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-20155578.post-5876983710997830142015-10-09T19:43:00.000+01:002015-10-09T19:43:12.867+01:00Valsa de Uma Noite de Verão<div style="text-align: justify;">
Não sou poeta. Nunca o fui nem tão-pouco sê-lo-ei num futuro próximo ou distante. Não sei encaixar numa rigorosa métrica todas as coisas bonitas que ficam bem a alguém apaixonado como eu dizer. Não sei tão-pouco vasculhar no dicionário da minha sabedoria palavras com a mesma terminação do verso anterior que não fiz para espontaneamente poder provocar uma rima cuja sonoridade não vale nada.</div>
<div style="text-align: justify;">
Sou daqueles que acreditam mais na demonstração do que no dizer. Prefiro mostrar-te que acordo ao teu lado completamente desperto sem necessidade de aguardar algum tempo até recuperar as acuidades visual e motora depois de ter mergulhado e regressado à superfície do sono que me deixou repousado e em sossego durante mais uma noite em que perto de mim permaneceste. De que me serve olhar lá para fora, através do vidro da janela que os raios de sol beijam de compasso em compasso à medida que lá no horizonte a estrela vai fazendo a sua escalada habitual até ao céu, para te falar de coisas tão disparatadas como a inveja que as flores dos campos sentem ao ver-te passar de vestido primaveril como se tu própria fosses a flor mais bela de um jardim que não possuo?</div>
<div style="text-align: justify;">
Ah!, como te quero abraçada a mim em toda a duração dos dias de Verão e do resto do tempo, para que possa sentir-te, mais do que como minha adorada, minha somente, porque embora este seja um determinante possessivo que até pode dar uma ideia errada de mim como pessoa possessiva, não o sou, descansa, simplesmente sinto-me recheado na totalidade do meu corpo e da minha alma por saber que só a mim pertences e a mais ninguém, que só comigo partilhas o teu coração, cujo sangue quente sinto ser bombeado quando te encostas a mim, pele nua sobre pele nua, numa união que agradeço a uma graça divina que, ó sacrilégio maior!, considero estar bem abaixo do que a tua essência representa para mim.</div>
<div style="text-align: justify;">
Vem, dá-me a mão e segue-me no épico das nossas vidas, correndo que nem duas crianças tolas que ignoram tudo o que de mau há no mundo e que nos aflige e apoquenta. Não importa que a imagem de um par como nós a rolar pelos campos sob a égide do Sol seja uma coisa já mais do que vista e até enjoativa para alguns, alguns esses que poderão ser cépticos e não acreditam no amor ou então alguns esses que poderão estar já tão marcados pela canção do infortúnio que não têm coragem de se aventurar em algo de novo que lhes traga a esperança que há muito perderam e receiam vir a recuperar, sob pena de ser maior a queda de um pedestal que pretendem almejar e não conseguem. Mas essas questões a mim não preocupam. Quero-te nua sob a lua, quero-me teu vassalo, para que só a ti responda e esqueça tudo o resto. Lembras-te de quando te falo baixinho ao ouvido, num sussurro, mesmo, e te digo para esqueceres tudo e aproveitares o momento? O momento é agora. Não é mais logo, não é daqui a pouco, não foi ontem, mas sempre no presente, cuja construção depende única e exclusivamente de nós, que fugimos ao mundo. Bem que podem procurar por nós, mas bem podem também ter a certeza de que não nos encontrarão. Não somos seres físicos. Não somos dois, sequer. Somos um só e por isso mesmo como uma essência, uma alma, o que lhe quiserem chamar. Por favor, peço-te que me pares, caso esteja a levar-te à exaustão com estas palavras que não queria ter pronunciado, porque, como te disse, se é para falar ou escrever coisas bonitas e apetecíveis ao ouvido, então que venha alguém de fora e que imagine uma sua história a quem contar ou dar a ler, porque nós não temos nada para revelar ao mundo nem eu tenho capacidade suficiente para escrever semelhante coisa.</div>
<div style="text-align: justify;">
Sinto-me como um daqueles adolescentes de sorriso de esgar e de olhos muito grandes e fixos numa figura que os chamou a atenção e que ainda procuram perceber de quem se trata, qual a sua aparência, mas não só a exterior, porque essa é visível a todos, mesmo que os olhos do adolescente venham a ver a figura de um outro prisma que mais ninguém consegue adoptar. Eu, assim jovem como me descrevo, procuro saber o que escondes, que segredos guardas, procuro fazer-te um qualquer sinal que te faça olhar para mim no meio da multidão. Tento sorrateiramente destacar-me, mas acabo por não conseguir sair do sítio quando te percebo a mais formosa das que te rodeiam. E eis que um curto olhar de passagem daqueles de quem olha mas não vê surge. Rapidamente voltas atrás na tua passagem para te focares em algo ou alguém que te fez despertar. O que se passa? É a mim que vês? Consegui passar a mensagem? Não... Foi alguém conhecido que encontraste. Talvez alguém mais vistoso do que eu. Talvez um amor antigo. Talvez uma situação constrangedora. Pronto. Aí surge o meu desespero e a minha desilusão. Gostava de poder dizer que não estava de todo iludido, a fim de não poder de maneira nenhuma desiludir-me, mas não é isso que acontece. Estou prestes a rodar sobre os meus calcanhares em passo de vencido pelas circunstâncias e pelas errâncias do caminho, quando sinto uma leve brisa na nuca e um suave toque de delicadas mãos que parece atravessar-me o vestuário para directamente incidir sobre a minha pele, pele que há muito esperava o teu toque, os teus lábios, o teu sopro primaveril. Juro que quase derreti de suores frios quando senti qualquer coisa. Uma vez mais rodei sobre os calcanhares, mas não em passo de vencido, seja esse passo lá como for, que descrevê-lo em vocábulos não sei.</div>
<div style="text-align: justify;">
Aqui estás tu. Dignaste-me com a tua travessia por entre as brumas dos diferentes olhares que à distância te cobiçavam para chegares até mim. Sou daqueles que dá uma certa pena que ninguém gosta de testemunhar, por ser ainda mais penoso. Quero dizer que me considero um subterfúgio social tão grande que mal posso acreditar no facto de estares à minha frente. Não sei sequer se se trata de um facto, mero acaso, esperança para durar ou fruto do momento que não ficará por aí até ser colhido e avidamente trincado. Mas a verdade é que vieste.</div>
<div style="text-align: justify;">
Porque me olhas assim, com esses grandes olhos que com o brilho da noite se assemelham a pedras preciosas? Porque me sinto assim encandeado? Creio que à distância sentia-me seguro o suficiente para quase te lançar um olhar directo que te trespassasse o corpo, mas agora que te tenho tão perto, não sei o que fazer. É a minha reacção de marca, diga-se. Que faço agora, penso sempre para mim. Quedo-me quieto, à espera que as ampulhetas deixem roçar nos seus corpos finos, delicados e formosos mais um grão de areia, que no tempo real cai com uma velocidade extraordinária e no meu tempo parece uma eternidade. Que isso me aflija, não aflige. De todo. É certo que estou a engolir em seco, mas não quero desviar o meu olhar do teu. Noites assim é que são perfeitas. Não as creio ideais. Creio-as reais dentro da minha imaginação. E podem dizer que é a mesma coisa, só que com os termos invertidos, que eu não vou nesse género de conversas. Se na realidade não puder viver os belos cenários que pinto tendo como paleta o meu próprio arco-íris e como tela o meu mundo, então faço-o na minha cabeça, sendo esta influenciada por um coração melancólico que nesse estado consegue a melhor das inspirações.</div>
<div style="text-align: justify;">
Começa a sinfonia dos vidros que roçam uns nos outros, as facas e garfos que ficaram abandonados nos pratos cuja vibração ainda os faz tinir, as cadeiras que são arrastadas para trás numa incrível falta de delicadeza, os passos dos restantes intervenientes e as caudas dos vestidos que vão varrendo o chão da pista brilhante. Que poético da nossa parte termo-nos poupado a semelhantes ruídos.</div>
<div style="text-align: justify;">
Sim, parece que já estavas a antecipar o momento e quedaste-te junto a mim para darmos início ao êxtase nocturno daquela noite de extremo calor. O que é mais incrível é que ninguém nos viu. Desaparecemos como que feitos pó no ar. Ou foi um sonho ou... Não sei. Visto um misto de cores de origem incerta e ainda fiquei surdo de ínfimos estímulos sonoros, acompanhados de odores afrodisíacos que me deixaram arrumado para o resto da noite, que já não era noite, mas sim dia. Foi então que acordei e levei-te lá para fora agarrada a mim, como te encontrara a meu lado no momento do despertar. Senti-me como a pessoa mais feliz do mundo depois de me teres dado a tua mão nesta tão tua e única valsa.</div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/15313134159492604742noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-20155578.post-65188604031081047912015-10-08T12:50:00.002+01:002015-10-08T12:50:52.170+01:00Desahogo<div style="text-align: justify;">
Esta questão tem vindo a incomodar-me há pouco menos de uma semana. E como não posso falar abertamente sobre isto com ninguém, tenho de escrevê-lo, ainda que sem começar com «querido diário». Ainda tenho respeito por mim próprio.</div>
<div style="text-align: justify;">
Li há uns quantos dias, num local concreto, embora sem deliberadamente mencioná-lo, qualquer coisa como ser um problema ficar preso ao passado. Não significa necessariamente que este passado tenha de ser partilhado com alguém que desejaríamos ter por perto. Trata-se também de habitarmos o nosso eu em liberdade. Este direito inalienável e incondicional não deve ser impeditivo da sensação de se pertencer a alguém. Creio que é uma óptima e saudável forma de se estar preso, mas nunca no mau sentido, até porque fazer parte de outrem pode ser ainda mais libertador do que percorrer um determinado troço a sós, especialmente o caminho da vida.</div>
<div style="text-align: justify;">
Para uma pessoa da minha idade, falar em vida ao mesmo nível de um sábio ancião pode tornar-se em algo sensaborão, senão ridículo. Simultaneamente, sei que já vivi muito. Este é um advérbio quantitativo, porque ilustra uma imensa quantidade de eventos que já atravessei, ainda que o período de tempo seja bastante curto. Há épocas assim, na nossa vida. Um ano inteiro e talvez um pouco mais do seguinte durante o qual há que tomar decisões preponderantes que, esperançosamente, definirão um novo rumo no que à viagem ao centro do próprio diz respeito.</div>
<div style="text-align: justify;">
Existem variadíssimas escolhas que podemos colocar em prática para melhorarmos o percurso. Deambulamos de pés desnudos sobre o solo da Floresta Negra, agreste, bicudo, escorregadio, rochoso e inclusivamente fatal, se não pudermos enlaçar a mão na do outro, que, quem sabe, faria ideia de levar-nos a passear sobre a areia húmida da brisa nocturna, lá onde o mar vem encontrar-se com a costa, perpetuamente banhando-a, inúmeras vezes seguidas.</div>
<div style="text-align: justify;">
A dita frase, acima mencionada e que fui buscar à autoria de outrem, metamorfoseando-a com recurso a vocábulos meus, tem vindo a inspirar-me nos últimos dias. Não me recordo da data concreta em que com ela me deparei, mas o factor temporal não é relevante neste momento. Em procurando fazer bem e ainda que estando de consciência tranquila, errei. Quero dizer que sei que o que fiz não foi por mal, mas também não resultou em bem. Da outra parte, fui iluminado com duras palavras sobre a repercussão dos meus actos. Sim, foram expressões duras. Frias, também. Mas não me sinto ofendido, a culpa foi minha, fiz por merecê-las. Não me parece que tenha pisado o risco. Mais do que isso, transpus o limite por completo. Argumentei que a reacção me provocava lamentação, o que é verdade. Mas expliquei também que não era no clássico sentido de como quem diz «tenho pena, eu expliquei-me perfeitamente, quem te disse que era assim que devias ter interpretado o significado das minhas palavras, de modo tão negativo e desrespeitoso?». Porque não é um problema de interpretação, mas sim de expressão. Analogia teatral, o público tem de entender a expressão do actor, mas se este não se exprime com clareza, a responsabilidade e assumpção das consequências que daí decorrerem são inteiramente dele.</div>
<div style="text-align: justify;">
Foi assim que, embebida na verdade, devolvi a minha resposta, clarificando que era comigo próprio que agora experimentava uma sensação de tristeza. Aproximei-me erradamente. Não lhe peguei na mão, mas antes no braço, com ignorância completa pela antiga expressão artística de que, por vezes, «menos é mais». Pensando no que fiz, mais foi mais, só que inteiramente dirigido para uma conotação negativa, senão péssima.</div>
<div style="text-align: justify;">
Efectivamente, não nos conhecemos bem. Sabemos coisas muito básicas, um sobre o outro. Mas não foi isso que me impediu de me aproximar. Eu sabia que tinha de dar o primeiro passo para essa primordial troca de palavras, infelizmente interrompida abruptamente por motivos alheios a ambos. Ter-me-ia arrependido para todo o sempre, se ainda hoje não tivesse digitado um «Olá!», simples na forma, pleno no significado.</div>
<div style="text-align: justify;">
Eu, que creio sentir-me justamente orgulhoso de saber articular as palavras, mencionando frequentemente termos próprios dos textos clássicos, não soube refrear o ímpeto, para mal dos meus pecados. Não calei a língua em silêncio ou, no caso, os dedos em movimento. Os vocábulos que trespassaram a barreira dos meus dentes ou, no caso, os caracteres que evadiram as pontas dos meus róseos dígitos, não se contiveram, tal foi (ou continua a ser) o meu deslumbramento por aquela adorável visão.</div>
<div style="text-align: justify;">
A despedida não foi menos gélida. Demasiado definitiva, e por isso preocupante. Como uma estaca que me penetrou o coração e assim o deixou, rasgado bem no centro, embora congelado, mantendo-o vivo no interior deste entristecedor glaciar, subtilmente bombeando.</div>
<div style="text-align: justify;">
Pedi perdão, mas reinou o silêncio. Faz-nos bem não falar demasiado, é o que nos custa entender, na maior parte do nosso tempo. As feridas precisam disso mesmo, de tempo, para sararem. Por muito que eu goste de ser doce, pede-se espaço e um pouco de ar fresco para ajudar ao fecho do golpe infligido.</div>
<div style="text-align: justify;">
Se uma estrela dos desejos tiver de surgir no céu escurecido, lá no alto da cúpula celestial, farei de imediato o meu pedido: «não te despeças de mim tão cedo; ainda nem sequer me apresentei».</div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/15313134159492604742noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-20155578.post-73401086065889396592015-10-07T23:39:00.000+01:002015-10-07T23:39:04.312+01:00Ode à FraternidadeAmigos, pegai ora em vossas taças,<br />É chegada a hora de celebrar;<br />Batei umas nas outras em crescendo,<br />Para que esta sinfonia as devassas<br />Querelas oculte em diminuendo.<br />Largai armas, sobreponde dif'renças,<br />E a um dar de mãos dai o lugar.<br />O ódio que em vossas veias correu<br />Poluiu o frágil meio-ambiente<br />Que rui insuflado de desavenças<br />Espirituais, manchando de sangue o céu.<br />Respirai as notas da harmonia<br />Que a Lua oferece em respeito ao Sol!<br />É, pois, com dignidade e cortesia<br />Que vivereis em pleno vossas vidas,<br />Sob a égide da fraternidade.<br />Ah!, não deixeis vosso espírito mole!<br />Cantai em uníssono «igualdade»!<br />Sejamos irmãos e irmãs queridas.<br />Deixai vossa crença em dogma diverso<br />Não aludir a violência incutida<br />Por uma vã força superior<br />Sobre a qual a discórdia é a rainha.<br />Crede na potestade do universo,<br />Religião humana e ult'rior.<br />A pena que agora dança em mão minha<br />Desenha os traços de uma melodia<br />Que é comum a todos os animais.<br />Segui o conselho da noite e dia<br />E evitai do Inferno o arrais,<br />P'ra que não chegueis em demora ou pressa<br />Ao falso virtuoso e negro cais.<br />Amigos, enlaçai as vossas mãos,<br />Transmiti do círculo a energia,<br />Preparai-vos p'ra tocar esta peça.<br />Vá, dai à Natureza a primazia,<br />Cuidai de vossos corações, são sãos.<br />E ponde de lado o interpretar,<br />Deixai vossos oculares bem quedos,<br />Não tenteis fazer de vós tribunal.<br />A outros permiti o julgamento.<br />Não é vossa função mirar, julgar.<br />Que o façam as 'strelas no firmamento.<br />Olhai entre vós, de igual p'ra igual.<br />Trauteai esta ária apaixonante<br />De vossa cumplicidade eloquente.<br />Largai vosso desejo comedido<br />E alargai numa só voz troante<br />O vosso mesquinho orgulho ferido<br />De péssimo carácter displicente<br />Para uma canção universal.<br />Tendes a beberagem da alegria<br />Em vossa doce, sã, humilde posse.<br />Insistir na briga é fraca mania,<br />É perder sorriso em lugar da tosse.<br />Para quê ignorar um vero amigo,<br />Qual a razão do olhar distorcido?<br />Sois todos vós comigo e eu contigo,<br />De vãs não são minhas letras seladas.<br />Agarro-te no salto à confiança;<br />Quanto a vós, de minha mão não largueis.<br />Perscrutai as s'mibreves prolongadas,<br />São provindas do sopro de esperança<br />De minha garganta grã como seis!<br />Prom'tei-me só isto, ó companheiros:<br />Olhareis por mim em dia aflitivo,<br />Que em troca farei o mesmo por vós.<br />Gritaremos, sim!, o tom decisivo<br />Que reconhece em pleno a amizade<br />Dos que são p'ra sempre juntos, não sós.<br />Envelheceremos juntos d'idade,<br />Cansaremos de risos nossa voz.<br />Até sempre, ó meus «camaradeiros»...<br />Irmãos de armas, de vida e de sangue,<br />Canto-o eu não em esprito ligeiro,<br />Não em funesta superficialidade,<br />E não como um pérfido zombeteiro,<br />Mas com honestidade de alma exangue.Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/15313134159492604742noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-20155578.post-25349250966238707782015-10-07T17:28:00.001+01:002015-10-07T17:28:14.634+01:00Canção do Infortúnio<div>
(A propósito de D. Quixote de la Mancha)</div>
<div>
<br /></div>
Ah, falar sobre o Amor...<br />É tão somente um enjoo<br />Comum aos que em alto voo<br />Sentem um ardente ardor<br />Provocado pelas damas<br />Cuja formosura fama<br />Lhes traz, de grande valor.<br /><br />Só que p'rós enamorados<br />Torna-se inevitável,<br />Pois, que o seu fluido inflamável<br />Dessa paixão seja ateado,<br />Assim que pelas miradas<br />Passam as suas amadas<br />De gesto mui adornado. <br /><br />Talvez como que uma bênção,<br />Privilégio ult'rior<br />Ou de graça sup'rior,<br />São só elas que os adensam<br />E os deixam feitos fogo<br />Neste mui ingrato jogo<br />Que eles jogam mas não pensam.<br /><br />É de por certo pasmar<br />Como de um curto disparo<br />Do seu muito longo aro<br />Consegue em cheio acertar<br />Nos corações destemidos<br />Daqueles jovens garridos<br />Cupido de pele alvar.<br /><br />Quando este evento acontece,<br />Podemos ter a certeza<br />Que das damas a pureza<br />Quando por fim anoitece<br />Sonham os jovens manchar,<br />Sob o reino do luar<br />Que os corrompe e enlouquece.<br /><br />Mau fado, o dos rapazes<br />Que esquecem seus afazeres<br />E se perdem em dizeres<br />Que enfim planeiam capazes<br />De atingir a emoção<br />De moças de cortesão<br />Indignas de seus cabazes.<br /><br />Pois tantas são as histórias<br />De mancebos infelizes<br />Que não querem meretrizes,<br />Mas princesas de alta glória<br />A quem dedicar poemas<br />De luminescentes temas<br />Dominantes da memória.<br /><br />Elas, com a formosura<br />De que tanto são prendadas,<br />E por isso amaldiçoadas,<br />Com falta de compostura<br />Ignoram abertamente<br />Ou deliberadamente<br />Tentativas de candura.<br /><br />Como jóias do oceano,<br />Fala-se-lhes em seus olhos<br />E seus singulares molhos<br />De cabelos no mundano<br />Que em acertado momento<br />Nos traz seu odor o vento<br />De personagem humano.<br /><br />Não fique esquecida a boca<br />Em que mergulhar queremos<br />Nem o corpo que seremos<br />Quando em união mui louca<br />Nos transformarmos num só,<br />Até que sejamos pó<br />De ossos e de carne pouca.<br /><br />Mas de que vale tão forte,<br />Grã sentimento nutrir,<br />Se nunca nos faz sorrir<br />E provoca grande corte<br />Ao tão frágil coração<br />Que logo, já de antemão<br />Para isto não tem porte?<br /><br />Lancemo-nos à fogueira,<br />Pois que outro remédio há?<br />Andamos de cá p'ra lá,<br />Perdemos as estribeiras.<br />Condenados ao destino<br />E fruto do desatino<br />Deixámos nossa primeira!Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/15313134159492604742noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-20155578.post-34206095631554777912015-10-06T16:52:00.000+01:002015-10-06T16:52:27.301+01:00Beijo Universal<div style="text-align: justify;">
Cala-te. Pára de falar. Não digas mais. Estás a articular demasiado. Refreia o teu processo cognitivo. Não lhe dês desculpas para continuar a arranjar desculpas.</div>
<div style="text-align: justify;">
Olha-me nos olhos. O que vês? Tens vontade de argumentar? Ainda queres discutir? Sob que pretexto? Sob que subterfúgio? Sob que sob subterrâneo? Não vale a pena continuar. A realidade não se traduz só em palavras secas, simultaneamente túmidas de jargão orgulhoso. Chega. Basta. Já chega que baste.</div>
<div style="text-align: justify;">
Mira os meus lábios. Tem-nos na mira, porque não os miras de facto? Ou porque não os miras na tua mira e na tua mirada <i>de jure</i>? Esquece os factos. Não racionalizes. É de facto desnecessário que me mires através de uma mira factual. Não será o coração um comboio de corda que corda não teve para continuar a bombear o meu sangue arterial, em detrimento do sangue venoso, tão venenoso? Acorda, se sabes que a corda o comboio não teve. Palpita-me que não terás palpitado o suficiente nas últimas e indefinidas unidades de tempo que não precisarei por não precisar.</div>
<div style="text-align: justify;">
Sabes quem eu sou, sabes a que saibo, sabes que saibo bem, tal como sei que tu sabes que sabes bem quando degusto os teus lábios de musa, nunca de medusa.</div>
<div style="text-align: justify;">
Beija-me, por tudo quanto possuis, possui-me de uma maneira que mais ninguém conseguirá maneirar, percorre-me o dorso com os teus lábios carnudos e ardentes, pontua-me com pontos finais mas não terminais o meu corpo. Bombeia o teu sangue sobre mim, reveste do teu calor o meu corpo despido que de ti nunca se viu despedido. O meu pescoço está marcado pela tua marca, consumiste-me delicadamente como a uma extravagante delícia. Anda, vem, liga os teus lábios com os meus, dá-me a saborear a tua língua, enlaça-te a mim no ardente beijo em que o fogo desta paixão não se apagou.</div>
<div style="text-align: justify;">
Agarra-me, prova-me, põe-me à prova, dá-te a provar. O teu corpo desliza sobre o meu num atrito incandescente, ardente, mas não insuportável. Suporto eu o teu peso-pluma sobre mim, apodero-me e aproprio-me de ti, a mais ninguém pertence a essência que vive em ti e que em mim vive, vivendo e fazendo-nos viver, a ambos, aos dois, como a um só.</div>
<div style="text-align: justify;">
Por que esperas? Devora-me, se é esse o dever que deves empreender, prendendo-me a ti, ao teu corpo e a nenhum outro, aos teus lábios perfeitos que aos meus se unem como uno, um só.</div>
<div style="text-align: justify;">
É ao meu beijo que queres, é o meu beijo o teu desejo, é o meu beijo o teu ensejo, e nenhum outro como o meu é tão inflamável, tão loucamente louco, tresloucado. A banda sonora aí vem, já importada.</div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/15313134159492604742noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-20155578.post-17267107970488503282015-10-06T00:11:00.004+01:002015-10-06T00:24:41.142+01:00História de Embalar<div style="text-align: justify;">
Era uma vez uma pequena casa junto do mar.</div>
<div style="text-align: justify;">
A casa, para além de ser pequena, era pintada de branco como a cal, e a brisa marítima fizera-lhe o favor de a deixar ainda mais branca, ao contrário do que seria de se pensar do efeito de erosão que o sal tem, levado ao colo pelo sopro do vento. Na sua fachada, cuja direcção se opunha ao sentido das ondas que avidamente rebentavam contra a sua cara-metade arenosa, havia quatro janelas, duas de cada lado de uma porta. Tanto a porta como as suas primas afastadas, as janelas, estavam pintadas de azul, lembrando uma vila de pescadores que não distava em muito desta casa. Cada uma das janelas tinha quatro vidros, separados por uma cruz de madeira. Pendurado na porta estava um batente que as visitas deveriam utilizar para avisar que era pacientemente aguardada a sua recepção. As telhas eram vermelhas e estavam todas muito bem alinhadas, sem necessidade de uma reparação para um tempo próximo.</div>
<div style="text-align: justify;">
Ora, dentro da casa vivia um menino. Por estranho que pareça, vivia sozinho, não tinha mais ninguém que o acompanhasse no seu crescimento saudável, porque a sua família era de pescadores e, infelizmente, todos haviam já desaparecido em momentos diferentes em que o mar se mostrara muito maldisposto, não tendo qualquer sentido de misericórdia ou de compaixão para com uma família que apenas o incomodava para ir buscar o seu sustento, o peixe que se vendia no mercado, na lota, e o peixe que se pescava para cozinhar dentro de casa e assim fazer uma boa refeição.</div>
<div style="text-align: justify;">
Pode dizer-se, portanto, que este menino aprendera a viver a sua vida sozinho, longe de figuras principalmente femininas, pois o avô perdera a sua mulher, a avó, ficando encarregada de cuidar do pai, que, por sua vez, ficara encarregada de tomar conta do menino, uma vez que a mãe igualmente desaparecera muito cedo. Era uma sucessão de perdas muito tristes e completamente inapropriadas para crianças pequenas que necessitam, mais do que nunca, em tenra idade, de ambos os pais presentes, de preferência ligados um ao outro sem raiva, sem discussões ou sem brigas, todas elas sem sentido e desnecessárias, porque discutir com alguém que amamos, seja por que razão for, nunca fará sentido.</div>
<div style="text-align: justify;">
Felizmente para o menino, aprendeu em bom tempo a arte da pesca, para si passada pela sua ascendência, sabendo assim interpretar a direcção do vento, os redemoinhos de nuvens que acabavam sempre em tempestades perigosas que exaltavam os ânimos do mar, de temperamento muito inconstante, sabia os sítios certos onde lançar as redes e não precisava de bússola para se orientar na partida ou no regresso, porque o Sol fazia-lhe o favor de indicar com os seus dedos raiados o caminho de regresso a casa, aquela casa modesta que se destacava de todo aquele areal, tanto da preia-mar como da maré baixa, tanto das colinas de areia como das falésias de aspecto hediondo e pontiagudo mas que na verdade não faziam mal a ninguém.</div>
<div style="text-align: justify;">
O peixe era a sua sopa dos pobres, era o seu sustento natural garantido que as águas salgadas sempre tinham prontas a oferecer. E mesmo que determinada espécie de pescado partisse para outras águas a fim de desovar e, consequentemente, reproduzir-se, outras haveria que por ali parassem, estando dispostas a dar a sua vida pela continuidade da vida do menino, que, por ele, não desejaria roubar a vivência a ninguém para seu próprio proveito. Mas a lei da Natureza é assim mesmo, existe uma cadeia alimentar, e os predadores vão-se amontoando uns em cima dos outros, cada um maior do que o outro, com bocarras ainda mais abertas e presas ainda mais afiadas do que o anterior, para que haja sempre uma ideia de proporção. Nesta situação, o menino ultrapassava em tamanho o peixe que caçava, por isso tinha mesmo de ser assim.</div>
<div style="text-align: justify;">
Como era tão novinho, sem que se saiba precisar a sua idade, o menino não fazia da pesca o seu negócio. Pescava porque tinha de comer, e era assim que se sentia bem. Não havia preocupação em ganhar dinheiro porque tinha já em casa tudo aquilo de que precisava. E quando não tinha, as varinas que vendiam na lota o trabalho árduo dos seus maridos perguntavam sempre se lhe faltava alguma coisa, porque não queriam que ele passasse mal. Por isso é que, sempre que não houvesse mais azeite, quer para temperar o peixe, quer para acender as lamparinas de casa, as senhoras prontamente lho ofereciam. E preparavam-se também para lhe coser as roupas simples que envergava todos os dias e que ao fim de um certo tempo começavam a dar de si, trespassando livremente o sal os seus tecidos.</div>
<div style="text-align: justify;">
Não se pode dizer, portanto, que o menino não estivesse constantemente sob os cuidados próximos e interessados das outras pessoas que viviam em casas acima da sua própria, mas que as falésias não deixavam ver por estarem rabugentas o tempo todo, tapando a vista a qualquer um que estivesse ao nível da casa do menino.</div>
<div style="text-align: justify;">
A casa, como já se percebeu, passara de geração em geração até chegar a si, e ao longo de todos esses anos permanecera intacta e intocada pela força da água salgada, que nunca ousara aproximar-se, sob pena de também nunca mais ser visitada pelo menino e pela sua pequena embarcação à vela, na qual seguia em busca do seu alimento. A água tem vida, como tudo neste mundo, e se o menino alguma vez a deixasse, sentir-se-ia certamente muito triste, e talvez por isso desse largas às braçadas com que envolve a areia numa aparente violência extrema, mas que verdade se poderia considerar como uma birra, tal como aquelas que dão aos meninos e meninas pequenos, quando têm sono e só querem dormir.</div>
<div style="text-align: justify;">
De viver tanto tempo sozinho e esporadicamente, que é como quem diz de vez em quando, estar ao cuidado das varinas no que diz respeito a recados pontuais que elas viam como necessitados de serem cumpridos, o menino habituara-se à solitude. É preciso dizer que solitude não é o mesmo que solidão, ou seja, a primeira tem a ver com estar sozinho e não sentir mal nenhum em assim permanecer, porque acaba por se transformar num estilo de vida como outro qualquer, enquanto a segunda tem a ver com estar sozinho sem que isso se deseje, encontrando-se submerso na tristeza que é não conviver com absolutamente ninguém e ter o desejo de estar entre outras pessoas. Também pode acontecer que, ainda no que diz respeito à solidão, se queira estar sozinho, sem mais ninguém à volta, com medo de provocar em si próprio uma certa culpabilidade, um sentimento de não querer importunar ninguém com a sua presença. Mas toda a gente sabe que ninguém precisa de se sentir assim e que todas as pessoas do mundo, mesmo aquelas que tenham um feitio mais duro, estão sempre disponíveis para dar a mão, seja em que situação for, porque o caminho para o bem-estar e para a felicidade universal não se faz sozinho. É preciso dar a mão primeiro, para que depois esta seja agarrada por outra.</div>
<div style="text-align: justify;">
No caso do menino, não havia solidão, havia solitude. Nunca se habituara a conviver muito com outras pessoas a não ser a própria família, que, para seu triste destino, acabaria evaporada nas águas gélidas do mar alto. E assim passava os seus dias, indo de manhã cedo para o alto mar de redes vazias, para voltar depois ao final da tarde com as mesmas cheias de vívido peixe, alguns ainda a dar às barbatanas, sufocando naquele que é o nosso único combustível de sobrevivência, o ar. É surpreendente como algumas criaturas vivem de modo tão contrário ao dos humanos. Vai na volta, se calhar é assim que se sentem mais felizes. Mas não vale a pena engrenar um discurso derrotista, porque acima do nível das águas do mar as pessoas também sabem viver bem.</div>
<div style="text-align: justify;">
O menino tinha prazer em ir pescar. Era a única coisa que fazia e corria com um gosto e uma vontade tão grandes que nem sequer pensava em parar para descansar. O conceito de fim-de-semana era algo ao qual se mostrava absorto, distraído, por assim dizer. Mas havia alturas em que era necessário parar, por isso guardava um pouco mais de peixe nessas ocasiões e conservava-o em gelo trazido pelas varinas da lota, para que a sua frescura não ficasse comprometida. Nessas alturas, dava atenção a outras coisas, como a própria casa. De pinturas não precisava, porque no Verão passado tratara disso e o estuque mostrava-se impecável. As telhas não deixavam passar água que fosse preciso amparar no interior das divisões com baldes. As janelas estavam longe de estarem lascadas e de mostrarem necessidade de atenção. Tanto as janelas como as portas haviam sido talhadas à medida para que, chegado o mau tempo, não inchassem com a humidade a ponto de rebentarem umas com as outras.</div>
<div style="text-align: justify;">
Que bem que ficava aquela porta azul-mar no seio da ombreira grossa que a rodeava.</div>
<div style="text-align: justify;">
Tal como convinha que o aspecto exterior da casa estivesse apropriado aos olhos de quem quer que a visse, embora esta não fosse uma preocupação tida em conta pelo menino, também o interior necessitava de cuidado. Por isso o menino pegava nos seus instrumentos de limpeza e fazia a lida da casa. Não está errado dizer-se instrumentos, porque também as vassouras, as pás, as esfregonas, os baldes produzem sons harmoniosos em contacto com as superfícies que acariciam. É como se se tratasse de uma orquestra sinfónica caseira de um único espectador e, ao mesmo tempo, tocador. Provavelmente estes instrumentos sentiam alguma inveja do búzio que estava pendurado atrás da porta da entrada e que naturalmente produzia música, sem precisar de estar em contacto com mais nada. O menino muitas vezes pegara no búzio para ouvir como estaria o mar em determinado dia. Era como se pudessem ler os pensamentos mútuos, um do outro, fazendo um a pergunta e dando outro a resposta através da sua simples mas bela sonoridade.</div>
<div style="text-align: justify;">
Ao final destes dias, o menino parecia sentir-se cansado, sentimento esse que não experimentava nos outros dias em que partia rumo ao mar para poder comer no final desses mesmos dias.</div>
<div style="text-align: justify;">
Uma vez, resolveu não fazer, nem uma coisa, nem outra. Não foi pescar, mas também não deu atenção à casa. Isto porque o búzio avisara-o na noite anterior de que uma tempestade estaria lentamente a formar-se lá em cima, onde os anjos caminham sobre as nuvens. E a confirmação surgira realmente.</div>
<div style="text-align: justify;">
O mar estava demasiado revoltado e mal-humorado, pelo que tentar ir falar com ele e chamá-lo à razão seria um gesto muito mal pensado. O menino aprendera já: se ele não quer ouvir ninguém e está chateado, então é deixá-lo estar, não fosse ele alguma vez virar-se contra o menino, que tão seu amigo era.</div>
<div style="text-align: justify;">
Também o céu não estava para brincadeiras, por isso se uniram ambos. O céu pingava e o mar recebia mais umas gotas a juntar à sua imensidão, como se não tivesse já pouca água com que se contentar, a ele e a todos os que viviam no seu interior, especialmente os peixes. Lá longe, onde o céu parece beijar o mar, acariciando-o com as suas suaves mãos, tão suaves que parece que não se sentem tocar-nos, a vista não era agradável. Não tinha a cor do costume, nem deixava ver o arco-íris, quando o Sol se escondia atrás de umas gotinhas de chuva e projectava os seus longos braços raiados, braços esses que tinham por hábito despertarem o menino para a sua rotina incansável. Não, desta vez não havia cores, não havia Sol, não havia nada, só água, muita água e, acima de tudo, gelada.</div>
<div style="text-align: justify;">
Não deixava de ser agradável, contudo, em dias assim, ouvir essas mesmas gotículas da chuva baterem contra as janelas da casinha do menino, iluminada no seu interior pelas candeias que simultaneamente irradiavam luz e calor. Era como se essas gotinhas de chuva tivessem frio de si próprias e quisessem buscar o calor das lamparinas que se encontravam suspensas do tecto. A casinha era toda ela forrada de madeira no seu interior, tanto assim é que seria um perigo ter uma lareira para gerar aquecimento. Por isso, aqueles pequenos pirilampos que se alimentavam em azeite teriam de ser o suficiente.</div>
<div style="text-align: justify;">
Neste dia, que se tornava num hábito à conta de se ter já estabelecido uma rotina, que era a rotina dos dias chuvosos, algo de diferente viria a mudar a perspectiva do menino em relação ao seu modo de vida em geral. Não que ele pensasse num modo de vida. Simplesmente vivia. Não lhe interessava pensar muito na filosofia que a vida tem para oferecer. Aliás, soubesse ele o que é filosofia e de certeza condená-la-ia ao mau humor do mar, suportado pelo mau humor do céu. Pensar muito não leva a nada. O menino era isso mesmo, um menino. Não tinha ele qualquer interesse em pensar demasiado. Todos os meninos e meninas tinham horror a ser adultos, porque sabiam que mais cedo ou mais tarde iriam começar a pensar e a ganhar responsabilidades que teriam de obrigatoriamente cumprir. Mas o menino não pensava assim.</div>
<div style="text-align: justify;">
Responsabilidades já ele as tinha, mesmo que não as visse dessa maneira. E sem pensar muito ia vivendo a vida. Ou melhor, vivendo. A vida que se vivesse a ela mesma. Cada qual com a sua mania.</div>
<div style="text-align: justify;">
Por simples curiosidade, sem querer saber concretamente como estaria o estado do tempo para o dia seguinte, o menino levantou-se da sua cama de rede, que o satisfazia melhor no sono e no conforto do que uma cama regular, e pegou no búzio que ficava sempre pendurado por detrás da porta da entrada.</div>
<div style="text-align: justify;">
Assim que o encostou rente ao ouvido, ouviu um som muito estranho, pouco habitual nas escutas que fazia do búzio nos outros dias. Era um som estridente, agudo. Um grito. O impacto da estridência, da agudeza do som, fez com que afastasse o búzio do ouvido, de forma a não ferir o tímpano. Mas depois voltou a colocá-lo rente e confirmou aquela aflição. Era realmente um grito provindo do seio das águas enfurecidas do mar. O menino voltou então a colocar o búzio no prego onde costuma repousar e espreitou à janela. Tentou ver mais longe, mas a chuva esborratava os vidros como batom líquido e não deixava ver nada. Se as presilhas das janelas não fossem fortes e não estivessem bem conservadas, depressa se abririam, não de par em par, como é costume, mas de rompante, de uma vez só.</div>
<div style="text-align: justify;">
Foi então que viu ao longe algo que se destacava do cinzento escurecido das ondas que discutiam entre si, para ver qual delas conseguia ser a maior. Viu uma cor alegre, no meio de toda aquela neutralidade, daquela paleta de uma cor só. Viu um toque de vermelho vivo, cuja vida se encontrava agora a ser lentamente sufocada pelo cinzento das águas. Era alguém que estava em apuros, alguém que, se não fosse rapidamente salvo, não voltaria a ver o Sol raiar para si uma vez mais. Nesse momento, a solitude ficou de lado e o instinto de salvação do menino tomou o seu lugar. Abriu a porta de casa de uma só vez e saiu disparado, mais rápido que o próprio vento, que soprava muito e com muita rapidez. Sem ter em mente que a temperatura que trazia do interior de casa poderia entrar num choque perigoso com a temperatura gélida das águas do mar, atirou-se e mergulhou, batendo com todas as suas forças mãos e pés, provocando ainda maior reboliço, maior confusão, do que aquela que a agitação da água por si só produzia. Não via nada à frente, por isso procurou, enquanto ele próprio esbracejava, aquele tom de vermelho que fazia destoar o resto do cenário. Ora o via um pouco mais à esquerda, ora o via um pouco mais à direita. O som do relampejar, da trovoada, ao longe, dificultava a audição dos gritos de quem quer que estivesse ali quase a afogar-se. Mas esses mesmos gritos continuavam. Só paravam às vezes porque a pessoa que ali estava lutava para não se deixar engolir pelas ondas e para não engolir ela própria mais sorvos, mais goles de água salgada. Por isso os gritos eram interrompidos por uma tosse natural que expelia o salgado daquele mar outrora bem-disposto, que não ameaçava ninguém. Mas quando lhe dava para seu mau, nada mais havia a fazer. Foi exactamente por ter sido provocado de mau humor que, tanto o avô como o pai do menino haviam desaparecido, deles nunca se sabendo nada mais, encontrando a sua sepultura no seio das águas.</div>
<div style="text-align: justify;">
Depois de alguns minutos à deriva, com as forças de braços e pernas praticamente esgotadas, o menino conseguiu acercar-se de quem mais ali estava. E colocando o braço livre à sua volta, com o outro procurou lutar contra a força do ondular, mas era difícil conseguir avanços. Então, num rompante, deu tudo por tudo antes que lhe surgissem cãibras, e nadou com toda a força da sua meninice em direcção à praia. As lamparinas que haviam ficado acesas com a saída abrupta do menino em direcção ao mar revoltoso serviam de farol para orientar a sua chegada.</div>
<div style="text-align: justify;">
Minutos depois, que quase pareceram uma eternidade, davam ambos, o menino e o vulto vermelho resgatado, à costa. Durante toda esta parafernália, que é como quem diz confusão, a pessoa que o menino salvara perdera os sentidos. Mas quando finalmente ganhou pé, não se preocupou em saber de quem se tratava, não lhe viu sequer o rosto. Não valia a pena, de qualquer das formas, uma vez que o temporal só trazia escuridão e pouca ou nenhuma luminosidade.</div>
<div style="text-align: justify;">
Arrastou consigo o peso morto do náufrago até dentro e fechou a porta com um pontapé, deixando-a bem cerrada. Por muito que o vento soprasse, não conseguiria abri-la, de tão bem trancada com força que estava. O menino deixou o corpo inerte, mole, estendido no chão e pegou em todas as lamparinas que havia, estivessem a ser usadas ou não, para as acender a todas como se de uma enorme fogueira se tratasse, para aquecer aquele corpo estendido.</div>
<div style="text-align: justify;">
O vermelho que vira ao longe era na verdade um quispo, que estava obviamente ensopado. Ao tirá-lo, com o máximo cuidado que podia ter, viu então de quem se tratava. Não soube quem era, mas soube o que era, se assim pode dizer-se. Era uma menina. Uma menina que não poderia ser mais bonita do que já era, de tão perfeita que se fazia. O menino colocou o quispo de lado e muito delicadamente, com as suas mãos suaves, apesar do ofício que tinha, ajustou o rosto da menina à luz das lamparinas. Os seus cabelos eram longos e tinham uma essência a mar, naturalmente, pois ali ficara algum tempo até ser resgatada. Eram loiros e serviam, naquele momento, de espelho aos pirilampos que a rodeavam para a aquecer. Pareciam fios de ouro finamente talhados, mas de ouro puro e genuíno. As suas maçãs-do-rosto estavam visivelmente enrubescidas, avermelhadas, com a afluência de sangue que percorria todo o seu corpo como agente natural de aquecimento. Eram também bastante proeminentes, e isso de certeza que se veria num sorriso de orelha a orelha. O seu nariz era redondinho na ponta, enquadrava-se perfeitamente em toda a composição do seu rosto. Sim, composição é a palavra certa. Especialmente no sentido musical. O rosto daquela menina era perfeito como uma melódica sinfonia, pois a par da melodia está a harmonia, e isso não faltava. Num gesto impulsivo, o menino procurou forçar, mas sempre com muito jeitinho, uma das pálpebras da menina, para que pudesse ver a cor dos seus olhos. Àquela luz, poder-se-ia dizer que o menino encontrara uma jóia preciosa, nomeadamente uma esmeralda, uma vez que os olhos daquela menina eram verdes em tom de mar calmo e apaziguado, mas de um brilho de pedra preciosa. Nunca o menino testemunhara semelhante beleza numa só pessoa.</div>
<div style="text-align: justify;">
Encantado com aqueles olhos, que apesar do brilho que ostentavam, pareciam sem vida, o menino não queria voltar a cerrar as pálpebras da menina, porque entretanto abrira também a outra. Mas pensou que o seu gesto, por mais inocente que se conservasse, não era o mais apropriado. Por isso deixou que os olhos daquela formidável batalhadora ficassem em repouso durante mais um tempo. O menino conseguia ver que o seu ventre cumpria o movimento natural da subida e da descida, por isso concluiu que estava a respirar e que a água salgada não teria penetrado os seus jovens e pequenos pulmões.</div>
<div style="text-align: justify;">
Para compensar o aquecimento proveniente das lamparinas, o menino foi a correr buscar um cobertor com que cobriu a menina, e esperou. Esperou que houvesse reacção por parte dela. Não queria forçar aquilo que parecia cansaço extremo culminado em sono profundo, por isso ali ficou, junto dela, sentado no chão, à espera de uma reacção que fosse. Não queria, nem arredar pé dali, nem ir dormir. Não tinha sono nenhum, a ansiedade que sofrera ao resgatar a menina que ali estava aos seus pés deitada dominava-o. De qualquer forma, queria estar na sua companhia para que, quando acordasse, não se encontrasse sozinha e com medo de se ter perdido num sítio que nunca antes vira e que não conhecia.</div>
<div style="text-align: justify;">
Toda a noite o menino ficara a olhar para a menina. A tempestade, que nessa mesma noite mostrara querer representar o papel de assassina de uma vida inocente, desaparecia agora de fininho, sem deixar rasto, como se nada tivesse acontecido, como se por pouco não tivesse alterado o mundo, privando-o de uma criança tão adorável quanto aquela. E quem diz esta, diz tantas outras mais. O Sol começava a penetrar os rectângulos de vidro das janelas abananadas do vento de furacão e, pé ante pé, foi iluminando os pezinhos da pequena, até que enfim enfeitiçou os seus brilhantes olhos, comandando-os a abrirem-se. Mas com o impacto da luz, que era sempre mais forte nos primeiros raios de carícias solares, a menina não abriu os olhos de uma só vez.</div>
<div style="text-align: justify;">
Começaram semicerrados, depois ligeiramente mais abertos, até que se abriram por completo à habituação da claridade, sempre, contudo, numa expressão de extrema serenidade, como se nada se houvesse passado na tenebrosa noite que acabava de dar lugar ao majestoso dia.</div>
<div style="text-align: justify;">
Quando se tem aquela sensação de acordar num espaço estranho, a confusão e a surpresa são inevitáveis, demorando o cérebro algum tempo a habituar-se à ideia de que afinal está tudo bem, no seu lugar. Mas a verdade não era essa, desta vez. A menina realmente não reconhecia o espaço envolvente, porque nunca ali estivera. Se a falta de reconhecimento do espaço já é por si mesma terrível de se compreender, quanto não o será ver que está alguém perto de nós, ali tão próximo, como se tivesse o controlo de toda aquela estranha situação. A confusão aumentou, assim, com a presença do menino, que a olhava atentamente, não se tendo atrevido a retirar os olhos do seu rosto durante aquelas horas todas. A garganta da menina não se inibiu, por muita ansiedade que estivesse a sentir, de soltar um pequeno grito de medo.</div>
<div style="text-align: justify;">
Felizmente para ambos, as lamparinas já estavam apagadas há muito, por isso já não havia chama no seu pavio, nem óleo que o alimentasse. Felizmente porque o susto que a menina sentira fê-la virar uma das lamparinas que a circundava, partindo-se no chão, já seca. Por pouco não se cortara e por pouco outro dos pirilampos não tivera o mesmo destino de se quebrar no chão, apenas deu umas voltas sobre si e voltou ao lugar.</div>
<div style="text-align: justify;">
― Quem és tu? – perguntou a menina, a medo e desconfiada.</div>
<div style="text-align: justify;">
― Não tenhas medo! Não quero fazer-te mal... – procurou descansá-la o menino – não te lembras que ontem estavas à deriva, no meio do mar, e quase te afogavas? Eu fui ter contigo e salvei-te.</div>
<div style="text-align: justify;">
A menina parecia confusa com o relato. O choque fizera-a agarrar-se ao cobertor que a tapava do frio. Mas a pouco e pouco, começou a recordar o que tinha acontecido na noite anterior.</div>
<div style="text-align: justify;">
― Sim... Sim, já me lembro...! Estava a ver que dali não sairia mais, parecia que via o fim à minha frente...</div>
<div style="text-align: justify;">
Enquanto pronunciava estas palavras, os seus olhos bailavam de um lado para o outro, como se estivessem a ajudá-la a recordar-se com precisão.</div>
<div style="text-align: justify;">
Depois, quando terminou de falar, olhou o menino, desta vez com o olhar de regresso à serenidade, deixando o espanto para trás.</div>
<div style="text-align: justify;">
― E tu... – engolia em seco, tentando preparar-se para a articulação a que teria de recorrer para pronunciar as próximas palavras – tu salvaste-me...?</div>
<div style="text-align: justify;">
O menino assentiu, com um ligeiro sorriso que lentamente começava a brotar dos seus lábios.</div>
<div style="text-align: justify;">
― Sim, salvei-te.</div>
<div style="text-align: justify;">
― Mas como é que soubeste que eu estava ali, com a escuridão toda e com o barulho das ondas e do vento?</div>
<div style="text-align: justify;">
― Se calhar vais achar um bocadinho estranho, mas eu tenho um búzio – apontou para o instrumento marinho que descansava sobre o prego espetado na porta – que me diz como é que os dias vão estar, para saber se posso ir ou não pescar.</div>
<div style="text-align: justify;">
A menina seguiu com o olhar o apontar do indicador de uma das mãos do menino, e quando este terminou de falar, respondeu ela.</div>
<div style="text-align: justify;">
― Não, não acho nada estranho. Acho muito engraçado, até. Se não ouvisses o teu búzio todos os dias, não poderias ouvir os sussurros do mar, que de certeza não consegues ouvir tão bem como quando estás ao pé dele, ou mesmo aqui dentro, vendo-o da janela, como acredito que se veja.</div>
<div style="text-align: justify;">
― Onde vais? Consegues andar...?</div>
<div style="text-align: justify;">
Ambas as perguntas haviam surgido porque a menina, depois de saborear durante algum tempo o tecido suave do cobertor com as pontas dos dedos, e depois de ter reconhecido que aquele menino que ela tinha à frente o fizera por ela, para seu bem, deixara-o cair e aproximara-se da janela em passo de corrida. Confirmava-se. O mar podia ser visto daquela janela, a que ficava imediatamente à esquerda da porta, falando da perspectiva do interior. Apesar da tentativa pouco simpática do mar de poucas horas antes ter tentado engoli-la, a menina não deixou de admirar a vista, agora que o Sol tinha espaço livre para estender na totalidade todos os seus raios. Parecia que, com a vinda da menina à janela, o astro-rei encontrara um pretexto para se fazer galã e, raio ante raio, beijar as maçãs-do-rosto rosadas da menina. O calorzinho bom fizera-lhe muito bem, parecia estar a recuperar vida progressivamente.</div>
<div style="text-align: justify;">
É de notar que, nem um, nem o outro, quisera saber o nome do que estava defronte. Sim, claro, a menina perguntara ao menino quem era, mas, sem qualquer tentativa de ludibriar a pequena, talvez fugindo à pergunta, respondeu com todas as letras, ainda que inconscientemente, que era aquele que a tinha salvo de morte certa. E chegava. Mais do que isto era transmitir informação a mais, justamente. Que interessam os nomes das pessoas ou das coisas, afinal? Tudo não passa de uma necessidade linguística da qual alguém se lembrou, só para confundir o sentido das pessoas e das coisas. Estavam muito bem assim. Sabiam que, a partir daquele momento fatídico tornado colorido e vívido, poderiam confiar um no outro.</div>
<div style="text-align: justify;">
O menino não quis deixar de saber, ainda assim, que fazia aquela menina, que por acaso começava a olhar o menino com olhos cada vez mais fixos nos seus pormenores, que só os seus olhos poderiam reflectir, ali perdida no meio do mar.</div>
<div style="text-align: justify;">
― Estava com os meus pais, no barco deles... Não sei dizer exactamente o que aconteceu... Eles começaram a ver que o tempo não estava para melhorar, porque já se sentia nas velas a força do sopro do vento, como se estivesse a encher um balão, sabes...? E então, gerou-se uma certa azáfama e tivemos de partir de volta para terra. A água já começava a respingar muito para dentro do convés, que acabou por se tornar escorregadio. Eles corriam de um lado para o outro, fazendo mil e uma coisas ao mesmo tempo, e eu ali estava, no meio deles, querendo ajudar fosse de que maneira fosse, mas eles diziam-me para não me preocupar e para ficar quieta, devendo descer para dentro. Só que não quis sentir-me inútil! Por isso procurei ajudar, fazer qualquer coisa para nos fazer chegar o mais depressa possível a terra, mas tudo o que consegui foi escorregar e...</div>
<div style="text-align: justify;">
O menino percebera já o suficiente. Estava sentado, na mesma posição onde estivera até agora, olhando a menina falar para o seu próprio reflexo, espelhado nos quatro vidros da janela. Para que não sofresse mais na explicitação do seu relato, o menino levantou-se, foi ter com ela e colocou uma mão sobre o seu ombro, gesto em muito apreciado pela menina, que sentira, num só toque, um enorme conforto. Passando por cima do óbvio sucedido, avançou um pouco na história, em direcção ao final.</div>
<div style="text-align: justify;">
― Eles deveriam pensar que eu estava bem, em segurança, dentro do barco, longe de toda aquela confusão em que andavam. Com certeza já devem ter dado voltas possíveis e impossíveis ao barco, à minha procura... Tenho de os encontrar de novo. Será que podias... – a vergonha assaltara-a, impedindo-a de completar a frase.</div>
<div style="text-align: justify;">
Por instinto, o menino completou o pedido por si.</div>
<div style="text-align: justify;">
― Ajudar-te a encontrar os teus pais? Claro que sim. Podes contar comigo para tudo aquilo de que precisares. Não nos conhecemos há muito tempo, mas podes chamar-me teu amigo, que o mesmo farei contigo.</div>
<div style="text-align: justify;">
Sorriram ambos, e ambos acorreram um ao outro para se entregarem no abraço que o outro tinha para oferecer. Durante um bom bocado, doce como é este nome, ficaram agarrados um ao outro.</div>
<div style="text-align: justify;">
O silêncio comunicado por parte da restante habitação soava, por incrível que pareça dizer que o verbo é mesmo esse, estranho. A menina perguntou então, com a curiosidade lentamente a invadi-la, porque é que o menino ali estava sozinho. Em breves palavras, não por tristeza sentida, mas simplesmente porque não havia nada por que verter cascatas de salinas dos olhos, o menino explicou-lhe a sua história. Disse-lhe que a família não existia mais por tais razões, que em todo o caso podia contar com o apoio das varinas da lota, elas próprias vítimas iminentes da viuvez, e que pescava, pescava muito, não só para sobreviver, mas também para viver. Assim aprendera a levar os seus dias, e assim continuaria, algo que a menina ouvira com uma certa tristeza, especialmente na parte de o menino não ter família, mas que, sem qualquer outro remédio possível, respeitava.</div>
<div style="text-align: justify;">
Urgia, era necessário, começar as buscas pelos pais da menina, o quanto antes, não fossem eles pensar que estariam obrigados a sofrer um eterno desgosto, por sua vez antinatural. A menina queria ir até ao mercado de que o menino falara antes, talvez eles andassem por lá à sua procura, perguntando às pessoas se haviam visto uma menina com tais características, iguais às da fotografia que certamente ostentavam sem cansaço sentido na mão que apertava com força esse mesmo retrato, ligada a um braço que se mantinha erguido, sem dar perspectivas de vir a descansar tão cedo, custasse o que lhe custasse.</div>
<div style="text-align: justify;">
Mas o menino contrariou-a com uma hipótese que lhe pareceu mais lógica, baseada em muito no seu próprio historial. Quando o avô se perdeu no mar, neste caso, para sempre, assim como o pai, esperara notícias por parte de outros pescadores que procuravam pelos seus familiares desaparecidos, sem, contudo, sucesso. Assim, rapidamente o menino puxou a menina pela mão, muito firmemente, e rumaram até ao barquinho que secava ao Sol, já com as últimas gotas do temporal completamente escorridas sobre a areia. O menino nem precisara de pedir ajuda à menina para desencalhar a embarcação. Disse-lhe para subir e, mesmo com o peso da menina, que era proporcional ao seu e, por isso, bastante leve, empurrou ambos, a menina e o barco, rumo às primeiras ondas que, como fazem os meninos com birra, vão batendo na areia só porque não podem ir para mais longe, para o pé das ondas maiores e fortes.</div>
<div style="text-align: justify;">
Em vez de esperar pelo efeito de bolina das velas, o menino pegou num par de remos que tinha guardado no interior do seu barquinho e começou a remar, a remar muito, com todas as forças que tinha, tal como dera aos braços e às pernas não muitas horas antes para salvar aquela que estava sentada à sua frente, mirando o horizonte, à espera de um motivo para festejar, não esquecendo nunca aquilo que aquele menino, feito em tão pouco tempo seu amigo, por si fizera. O bom tempo ajudava em muito à deslocação constante do barquinho. Visto de longe, pareceria um barquinho de papel, construído com amor por uma criança habilidosa que nesse mesmo barquinho deposita todos os sonhos do mundo, enviando-o na missão de os ver cumpridos, leve o tempo que levar. Anos mais tarde, quando essa criança tivesse entrado na idade adulta, quando já tivesse de pensar nas coisas e ter responsabilidades, lembrar-se-ia de quando enviara esse barquinho e de como os seus sonhos se haviam tornado realidade. Para isso, basta querer.</div>
<div style="text-align: justify;">
Algum tempo mais tarde, já o Sol se erguia no seu ponto máximo, lá em cima, onde só as estrelas vivem, muito acima dos anjos que caminham sobre as nuvens, os meninos avistaram um outro barco. Ainda estavam separados em alguma distância para um poder ver com precisão o outro, mas progressivamente o reconhecimento concretizou-se. A menina conseguia ver que o barco que ali estava a navegar perto era o dos pais, que andavam como baratas de um lado para o outro, procurando cobrir com os respectivos olhares cada milímetro cúbico de água. Então a menina entregou-se a uma óbvia felicidade e chamou.</div>
<div style="text-align: justify;">
― Pai! Mãe! Estou aqui! Encontrei-vos!</div>
<div style="text-align: justify;">
A primeira palavra que a menina dissera fora suficiente para, tanto pai, como mãe, se virarem para o mesmo lado, encontrando os seus olhares o olhar da filha, cheio de alegria e comoção por se reunirem uma vez mais, quando tanto eles como ela pensavam que não mais se veriam. O menino, movido pela felicidade que atingira a sua nova amiga, remou ainda com maior força, como se tivesse uma carga de energia suplente, da qual ele próprio não sabia. Assim, num ápice, ambas as embarcações deram as mútuas boas-vindas, encostando-se uma à outra, como se elas próprias já não se vissem há muito tempo. A menina saltou então para o barco dos pais, saltando depois para os braços de ambos, que a seguravam com uma inconfundível ternura.</div>
<div style="text-align: justify;">
― Encontrámos-te, meu amor, encontrámos-te!</div>
<div style="text-align: justify;">
― Nunca mais deixamos que mal nenhum te aconteça, está prometido e jurado!</div>
<div style="text-align: justify;">
De amor estavam carregadas as palavras que tanto o pai como a mãe haviam dirigido à filha. Ela também mostrara palavras plenas de afecto para com os pais, mas sabia perfeitamente que não estava ali sozinha com eles. O menino permanecia no seu barquinho, sentado na sua serenidade de sempre.</div>
<div style="text-align: justify;">
― Pai, mãe, este menino é o meu novo amigo. Salvou-me da tempestade de ontem e ajudou-me a encontrar-vos.</div>
<div style="text-align: justify;">
O pai e a mãe entreolharam-se, de espanto.</div>
<div style="text-align: justify;">
― Palavra? – exclamaram ambos.</div>
<div style="text-align: justify;">
Disseram logo que não podiam encontrar as palavras adequadas para demonstrar a gratidão que sentiam para consigo por ter salvo a filha e ainda a ter ajudado a encontrá-los. Exclamaram, não por mal, porque não sabiam, e também porque era natural dizer-se isso a uma criança, que os seus pais deveriam também eles estar muito orgulhosos, não só do seu feito, mas também da sua maneira de ser em geral. Muito descomprometidamente, o menino disse, nas mesmas palavras que oferecera à menina, que estava sozinho no mundo.</div>
<div style="text-align: justify;">
Também da boca para fora, mas com a melhor intenção do mundo, forrada e estofada de incomparável ingenuidade, a menina fez um pedido.</div>
<div style="text-align: justify;">
― Vem viver comigo! Podemos ser como irmãos! Fazemos tudo juntos!</div>
<div style="text-align: justify;">
Neste compasso de tempo, que foi desde a primeira à última exclamação da menina, o menino não conteve, como já não acontecia há muito, as lágrimas que ansiosamente esperavam poder ver a luz do dia. Uma de cada olho, muito sorrateiramente saíram, evidenciando-se com o trespassar dos raios solares sobre o rosto do menino. Depois de ter olhado algum tempo com um sorriso sincero a menina e os pais desta, proferiu estas palavras:</div>
<div style="text-align: justify;">
― Ficar-te-ei eternamente grato pelo pedido que me fazes, mas não posso responder-lhe da maneira que gostarias... O meu lugar é aqui, no mar, com o meu barquinho, os peixinhos e a minha casinha. Mas não fiques triste, porque uma coisa te digo: viverás sempre no meu coração, e poderás visitar-me sempre que quiseres. És minha amiga para sempre.</div>
<div style="text-align: justify;">
Com as lágrimas também a escapulirem-se dos olhos da menina, a resposta dela não perdeu a graciosidade.</div>
<div style="text-align: justify;">
― Meu amigo serás também para sempre, aconteça o que acontecer.</div>
<div style="text-align: justify;">
Findas as palavras, abraçaram-se um ao outro, enternecidos pelo carinho mútuo, que tinha tudo de genuíno, verdadeiro e incondicional.</div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/15313134159492604742noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-20155578.post-30795356320596859602015-10-05T16:23:00.001+01:002015-10-05T16:23:05.857+01:00Reflections on Valentine's<div style="text-align: justify;">
I have never been happy for too long, that is both the sad and ugly truth I am beginning with.</div>
<div style="text-align: justify;">
The number of girlfriends I have had can be found within the fingers of just one hand; I am not much of a scoundrel, if there really is a part of me related to such a character. I do not care what others might think. I did before, I do not anymore.</div>
<div style="text-align: justify;">
Numerology has always had a special meaning to me. I have always related three to folklore, seven to luck and fourteen to Valentine's. Because that was yesterday, so I am mentioning it face value, though it still is from Greenland to the West.</div>
<div style="text-align: justify;">
Up to this year of our Lord of 2015, I have only celebrated Valentine's twice. In other occasions I had either started dating a girl after this day or I would just not reach the following calendar.</div>
<div style="text-align: justify;">
I have always believed in the power of love, from man to woman, woman to man, man to man and woman to woman, for I am not a ridiculously prejudiced bastard.</div>
<div style="text-align: justify;">
One year ago, I was asking my last girlfriend to be my Valentine, on Valentine's. It was Friday, the morning was yet to rise with the Sun. We were not by each other. She was far, far away from me. We could only see each other because of globalisation. Other than that, it would not have been possible. Her answer to my question was yes. She pronounced the magic word and broke into tears of joy and happiness. I felt the happiest human being alive, still in my jammies, with my robe on, wearing glasses, my hairdo dismantled by both the pillow and my anxiety, my eyes still swollen from forcing them open. I was not dressed for a night out, romantic dinner, candles, violin sonatas, stars above in the sky watching out for me so I would not screw it all up, but I did not mind. It is the true you they have to meet, the world, not the perfect ideal of you.</div>
<div style="text-align: justify;">
Before one of the happiest days of my life, I had lived an adventure, in London. I was looking for a job as a Drama Teacher in some secondary school, but I was really not certified, so I did not stand much of a chance. I had not even thought about conducting a research that would very soon reveal itself to be my PhD thesis today. So I was in the Tube, one evening, though it was really about 4:30 pm, sitting in a carriage riding the Bakerloo line. At Charing Cross station, a girl hopped aboard the same carriage and sat in the bench in front of me, a bit to my right, let us say my one o'clock. She was not just any girl. She was the girl. Emerald-green eyes, fair, short hair, fleshy lips, face of an angel, wearing a white skirt with some flowers on it. Her shoes were sober, simple, and so was her jacket, her sweater and her leggings - dark, mysterious, unrevealing, surprising. She had no make-up on her face. She did not need to wear any. I fell in love with her the moment I saw her. I did not have the time to analyse or survey her this much. I only realised afterwards I had gotten every detail of her semblance. The next month I actually flew back just to try and find her in one of the largest metropoles in the world. No such luck. I tried everything I could. I nearly camped in that station. There were times I was drawn back at the same time I had seen her the month before, and there were other times I would go to the station when it opened, by 6:00 am. I never slept much doing this sort of craze. Maybe two to three hours, tops. I just feared I would be smelly when I found her, so I always did my best to look sharp and avoid scaring that beautiful creation by Mother Nature. At some point, I felt motion sickness from sitting in one of the benches and keep staring at the trains coming and going, trying to find the slightest detail that would lead me to identifying her. More to that, I would refrain myself from having something to eat, first, as I thought I would have the time in the future to do that, with her. Many will say I believe life is some sort of fairy tale. They may be right, it is not. However, if we do not add a bit of fantasy into our reality, then what is the point of dreaming and smiling for imagining we will someday and eventually be happy for all time with the person you love the most and believe is right for you? I never found her, I never knew her name, what she did, where she lived, whether she had already found her loved one... no clue at all.</div>
<div style="text-align: justify;">
I had not fallen in love with someone so vividly for nearly three years. Again I say, I do not fit in a scoundrel's description. It was precisely that long ago I thought I had established myself for the rest of my life, actually thinking I would marry that woman in a bright future, always in love, always passionate about each other. The problem was my concept of romance back then was too literal, too 19th century, too daft.</div>
<div style="text-align: justify;">
Today, I am in love again. Nonetheless, I am afraid of screwing it up, again, I am afraid of losing a friend, I am afraid I will be let go for having the wrong feelings, I am afraid I will lose a soul mate, meaning we share the same perspectives over the world and, who knows, the cosmos, I am afraid I will never find real happiness for myself.</div>
<div style="text-align: justify;">
Today did not hurt like it did once or maybe more than that.</div>
<div style="text-align: justify;">
Today was just a regular day, without the hope to change it and make it sunny.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Originally posted on Facebook, February 15th, 2015.</div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/15313134159492604742noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-20155578.post-21197324305880798862015-10-05T10:30:00.000+01:002015-10-05T11:43:58.967+01:00Livro<div style="text-align: justify;">
Mais uma vez, um texto com alguma idade, mas possivelmente dos primeiros que rascunhei no meu bloco de notas <i>Moleskine</i>. Gostei do que escrevi na altura, mas tratou-se igualmente de uma época em que as escritas por aqui estavam já desactivadas. Está bonito e vale a pena recordar.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Pára. Não fales. Ouve, escuta: este livro irrequieto que escrevi, escrevi-o a pensar, não em mim, mas no teu sorriso, quando to desse, para que nunca te esquecesses de mim e de como te amo de uma maneira que nenhum outro poderia conhecer e reproduzir.</div>
<div style="text-align: justify;">
Mesmo quando já for pó e fisicamente me encontrar derretido, a minha alma continuará a roçar a mão esquerda sobre a tua direita, para que possas dar lugar a um só teu Sol que te ilumine o caminho e te sugue de novo dos teus pesadelos quente-medo para a fria mas tolerável realidade da qual já não faço parte, senão em sonhos, porque não vivo.</div>
<div style="text-align: justify;">
Se a vida é um sono profundo, eu não o saberei dizer, porque não durmo, sou etéreo. Mas este livro que é teu e é para ti fará com que o teu sorriso desabroche de novo, cantando uma vez mais, em conjunto com o jasmim primaveril, a sinfonia das noites de Verão que antecipam o teu nascimento escuro e outonal.</div>
<div style="text-align: justify;">
Serei teu até quando me quiseres teu, mesmo naquela vida em que já não somos o que nos designaram para ser, mas sim aquilo que queremos ser.</div>
<div style="text-align: justify;">
Faustosamente declaro o meu amor por ti, sem qualquer pudor ou piedade de palavras simples que todos compreendem e que eu quero que permaneçam no escuro, sob pena de se apropriarem daquilo que é de mim para ti e que só para ti escrevi. Sinto-me maestro desta orquestra de pensamentos e de sentimentos cujos músicos tocam cada um para seu lado, não se entendendo na relação que partilham entre si, mas que imaginam ser separada, sem mútuo acordo possível onde a informação do córtex visual se une ao fluido imaterial que o coração bombeia com cada vez mais força a cada novo compasso que toca, e tudo isto só porque olho para ti, na realidade, ou tudo isto só porque sonho contigo, no sono profundo, em que te vejo ainda mais majestosa do que a saudade física me impõe sentir. Desenho-te sem uma única mecha de contornos esbatidos, recuso-me a dar por terminado um esboço onde não estejas completamente delineada e onde a aguarela do amarelo-verão misturada com a do azul-mar não seja bem visível.</div>
<div style="text-align: justify;">
Na minha tela sem fim, não me canso de continuamente te acrescentar mais e mais perfeição, como se Deus fosse, ao criar vida assim tão perfeita como a tua e que me deixa a mim vivo, não em decadência, mas em suprema energia carnal e espiritual, com a qual me sinto uno e um só a dois, porque não estás em sonhos, mas sim essencialmente unida a mim.</div>
<div style="text-align: justify;">
Este livro que escrevi para ti, guarda-o, não para que o leias, porque as minhas palavras, ó sofrimento poético, não são dignas de ti, mas sim para que possas recordar o ser angelical que em mim existiu e que um dia te raptou do mundo para que o Paraíso ficasses a conhecer tal como ele é para ti, e não para os comuns mortais, porque a tua vida não é mortal, continua a alimentar-me mesmo sendo o fantasma que em teu redor vagueia.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Novembro de 2010.</div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/15313134159492604742noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-20155578.post-58052766999667755232015-10-04T12:53:00.001+01:002015-10-04T12:58:31.347+01:00Press Release Finalmente «Released»<div style="text-align: justify;">
Viagem ao Centro de Ti é um poema épico composto pelo actor/"poeta" (aspas do próprio) Tiago Lameiras, autor do já consagrado poema épico de carácter sarcasticamente nacionalista Portvcale - «A Epopeia Portuguesa da Contemporaneidade» (Mosaico de Palavras, 2010), debaixo do calor do Verão de 2011, publicado agora em Janeiro de 2012, sob a chancela da Chiado Editora. </div>
<div style="text-align: justify;">
De acordo com a sinopse, este poema, que será mais coerentemente classificado como sendo um «romance trovado» ("romance" no sentido lato do vocábulo e "trovado" por ter sido escrito em verso, o que, segundo o próprio autor, se tornou na única forma possível de expressar a verdadeira mensagem da obra, fazendo um elogio vero ao papel de destaque que a poesia assume no campo da Literatura), o sujeito poético aventura-se numa viagem de sonho, literalmente. Quer isto dizer que o domínio do onírico está patente do princípio ao fim desta viagem, levando o próprio leitor, com quem é estabelecido um diálogo directo, a deixar-se dominar pelo transe do sonho dentro do sonho, encaminhando-o para as sucessivas epifanias com que o sujeito poético se vai deparando e que servirão igualmente de lição a quem quer que deseje acompanhar esta longa jornada.</div>
<div style="text-align: justify;">
Inspirada no poema épico e teológico de Dante Alighieri, A Divina Comédia, a viagem propriamente dita é enriquecida e complementada por histórias paralelas que de alguma forma se cruzam com o fio condutor da acção principal, abordando nomeadamente a mitologia grega (e consequentes tragédias daí originárias, compostas pelos principais tragediógrafos gregos - Sófocles, Ésquilo e Eurípides), bem como a mitologia cristã.</div>
<div style="text-align: justify;">
Esta composição poética, que procura ser harmoniosa nas imagens que transmite através da descrição, é também intemporal. Num sonho, tudo é possível. Por isso mesmo, o diálogo entre os vários períodos da História torna-se possível neste poema. Tão depressa nos encontramos na contemporaneidade (do princípio do século XX ao tempo presente), como aterramos de pára-quedas na Antiguidade Clássica ou nos períodos bíblicos. </div>
<div style="text-align: justify;">
Mas, quem melhor para falar sobre a sua criação do que o próprio autor? Tiago Lameiras deixa-nos estas palavras: “a Viagem [ao Centro de Ti] não surgiu por acaso... Um pouco ao contrário do Portvcale, cuja inspiração foi súbita e baseada essencialmente na leitura dos poemas homéricos, que foi algo que eu deixei sempre bem claro na altura em que foi lançado. Mas o que é facto é que a Viagem aparece como uma reflexão pessoal. </div>
<div style="text-align: justify;">
Os sonhos acontecem por uma razão, como vem expresso na capa, e nesta situação o sujeito poético parte com um propósito essencial, ele vai à procura do seu amor, e nada mais lhe importa no momento em que inicia a viagem. Só que à medida que vai percorrendo o seu trajecto, algo sinuoso, por sinal, tanto no sentido físico como metafórico, este sujeito apercebe-se de que de facto a viagem ao centro dele, do seu amor ou dos dois, até, não significa necessariamente que este centro seja o núcleo de todo o seu universo, como erradamente pensava até então. Não, trata-se de perceber que existe toda uma realidade à sua volta e que a sua amada, embora desempenhe um papel preponderante na sua vida, o que é algo absolutamente normal, não é, de todo, a única pessoa existente no seu mundo. </div>
<div style="text-align: justify;">
Eles desencontraram-se, em determinado momento. As razões não são importantes para esta história. Mas, como todos os seres humanos, cometeram erros, não exactamente um mais do que o outro, mas o que é certo é que os cometeram, e é essa a principal razão que leva o sujeito poético a querer empreender esta aventura, com a ideia de que poderá reparar tudo se procurar a sua amada. E o que é facto é que, sem prejuízo de estragar o final da história, eles encontram-se naquilo que poderá ser uma ideia de paraíso, só os dois, sem mais ninguém à volta para, portuguesmente falando, mandar palpites, este momento só a eles lhes pertence. </div>
<div style="text-align: justify;">
O amor do sujeito poético reconhece-lhe a coragem, sabe que a prova por que passou foi dura, mas ela não pretende que o sujeito se redima dos pecados, ou corrija os erros que cometeu, porque estes servem somente de aprendizagem. Não saberíamos o que é o certo sem termos noção do errado, a vida baseia-se nisso mesmo, em contrários. Não enfrentar nunca a tristeza implica que não saibamos como é bom voltar à alegria, com a sensação de alívio por tudo ter corrido bem e por ter surgido um entendimento em relação a determinada questão. E é esta a eterna viagem, à verdadeira essência, que deve continuar a ser percorrida, para que o auto e o hetero-conhecimento dêem as mãos e caminhem juntos, lado a lado. Só assim é que conseguimos realmente crescer. </div>
<div style="text-align: justify;">
Termino só com uma breve nota, que apesar de breve, tem a sua importância: o sujeito poético não teria embarcado nesta empresa se não tivesse a certeza de que realmente valia a pena, não teria posto em risco a sua vida se não estivesse absoluta e indubitavelmente confiante de que aquela donzela pela qual busca ao longo de toda esta odisseia é o seu verdadeiro amor. Ele não precisa de procurar mais ninguém, nem quer, porque ele sabe que, quando o amor é verdadeiro, todos os dogmas caem por terra, permitindo a nossa comum reinvenção. Ele ama-a, e isso nunca constituiu uma dúvida. Não... Nem por um momento”. </div>
<div style="text-align: justify;">
E com isto não dizemos mais nada.</div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/15313134159492604742noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-20155578.post-52643529087193144892015-10-03T14:42:00.003+01:002015-10-03T14:42:48.160+01:00A Short Note on Metaphysics and its Relationship with the Arts<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<span lang="EN-GB" style="font-family: 'Times New Roman', serif; line-height: 150%; text-indent: 21.3pt;">It has not been scientifically proven, in spite of
René Descartes’</span><a href="file:///D:/Tiago/Documents/Essays/A%20Short%20Note%20on%20Metaphysics%20and%20the%20Arts/CEC_Essay.docx#_ftn1" name="_ftnref1" style="line-height: 150%; text-indent: 21.3pt;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB;"><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="EN-GB" style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[1]</span></span></span></span></a><span lang="EN-GB" style="font-family: 'Times New Roman', serif; line-height: 150%; text-indent: 21.3pt;"> (the foundational father of Cartesianism and
Rationalism) attempt of claiming otherwise in his <i>Meditations on First Philosophy</i> – <i>In Which the Existence of God and the Immortality of the Soul Are
Demonstrated</i>, which presented the philosopher’s first impressions on
metaphysics, as we now demonstrate in the third chapter, «Meditation III: Concerning God, That He
Exists»</span><a href="file:///D:/Tiago/Documents/Essays/A%20Short%20Note%20on%20Metaphysics%20and%20the%20Arts/CEC_Essay.docx#_ftn2" name="_ftnref2" style="line-height: 150%; text-indent: 21.3pt;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB; mso-bidi-font-weight: bold;"><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="EN-GB" style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[2]</span></span></span></span></a><span lang="EN-GB" style="font-family: 'Times New Roman', serif; line-height: 150%; text-indent: 21.3pt;">. So, to begin this essay
out of curiosity and enrichment of study, Descartes divided his ideas over the
existence of God into three:</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<b><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">1)</span></b><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;"> Adventitious;<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<b><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">2)</span></b><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;"> Fictitious;<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<b><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">3)</span></b><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;"> Innate.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<b><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Adventitious<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">The first kind is curiously related to the
philosophical point of view he will reject in the 17th century, when he lived
most of his life, i.e. Empiricism</span><a href="file:///D:/Tiago/Documents/Essays/A%20Short%20Note%20on%20Metaphysics%20and%20the%20Arts/CEC_Essay.docx#_ftn3" name="_ftnref3" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="EN-GB" style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[3]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">, fought for by Bishop George Berkeley (1685–1753),
David Hume [also known for scepticism (1711–1776)], Thomas Hobbes (1588–1679),
John Locke [the most important contributor to the laying out of Enlightenment
(1632–1704)] and Jean-Jacques Rousseau [whose philosophical views influenced
the French Revolution and Romanticism</span><a href="file:///D:/Tiago/Documents/Essays/A%20Short%20Note%20on%20Metaphysics%20and%20the%20Arts/CEC_Essay.docx#_ftn4" name="_ftnref4" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="EN-GB" style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[4]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"> in general (1712–1778)].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<b><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Fictitious<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">The second kind is related to imagination, the ability
humans have to produce something which does not exist in their minds, then
turning it into reality, i.e. the right cerebral hemisphere, which is also
responsible for the left side of our body, produces invented aspects in one’s
life, as well as memory storage, which enables people to remember at least the
shape of certain objects such as a chair or a table – no matter their formats,
they are always based on a, and pardon our redundancy, concrete concept,
visually acquired by the left cerebral hemisphere, held responsible by the
right side of the body, as well as many important functions such as communication
– Broca’s area, related to the ability of speech, is located in the left side
of the human brain, though this may change on the count of left-handedness.
However, it is interesting that accentuation and intonation, being related to
language and studied by the linguistic science of Prosody, are based in the
right-hand side of the brain, all of this because people can choose and thus
imagine how they wish to speak, an artistic characteristic that applies to just
about everyone.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"> We will see in
a short while how the philosopher responds to this as far as the existence of
God is concerned.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<b><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Innate<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Finally, regarding the third type, Descartes writes
that God placed himself in us. This is an innate (natural) idea because it is
born with us. That is why the idea (antonym of concept, we must stress) of God
cannot be related to the others.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Now, when we hold on to a theory, just like us
throughout these pages, we must present actual facts that can indeed prove and
defy common sense. That is why we recur to scientific knowledge, which we study
through epistemology. Let us take a look at Descartes’ two arguments to prove
the existence of the Almighty.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 21.2pt 0.0001pt 21.3pt; text-align: justify;">
<span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 11.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB; mso-bidi-font-weight: bold;">«<b><i>Argument I</i></b></span><i><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 11.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB;"><o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 21.2pt 0.0001pt 21.3pt; text-align: justify;">
<span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 11.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB;">“Something cannot come from nothing.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 21.2pt 0.0001pt 21.3pt; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 21.25pt 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 21.25pt;">
<b><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 11.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB;">1)</span></b><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 11.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB;">
The cause of an idea must have at least as much formal reality as the<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 21.2pt 0.0001pt 21.3pt; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 11.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB;"> idea has objective reality;<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 21.2pt 0.0001pt 21.3pt; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<b><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 11.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB;">2)</span></b><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 11.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB;"> I have in me an
idea of God. This idea has infinite objective reality;<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 21.2pt 0.0001pt 21.3pt; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<b><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 11.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB;">3)</span></b><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 11.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB;"> I cannot be the
cause of this idea, since I am not an infinite and perfect<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 21.2pt 0.0001pt 21.3pt; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 11.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB;"> being. I don't have enough formal reality.
Only an infinite and perfect<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 21.2pt 0.0001pt 21.3pt; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 11.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB;"> being could cause such an idea;<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 21.2pt 0.0001pt 21.3pt; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<b><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 11.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB;">4)</span></b><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 11.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB;"> So God — a being
with infinite formal reality — must exist (and be the<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 21.2pt 0.0001pt 21.3pt; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 11.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB;"> source of my idea of God);<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 21.2pt 0.0001pt 21.3pt; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<b><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 11.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB;">5)</span></b><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 11.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB;"> An absolutely
perfect being is a good, benevolent being;<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 21.2pt 0.0001pt 21.3pt; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<b><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 11.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB;">6)</span></b><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 11.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB;"> So God is
benevolent...;<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 21.2pt 0.0001pt 21.3pt; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<b><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 11.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB;">7)</span></b><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 11.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB;"> So God would not
deceive me, and would not permit me to err without<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 21.2pt 0.0001pt 21.3pt; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 11.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB;"> giving me a way to correct my errors”.<i><o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 21.2pt 0.0001pt 21.3pt; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 21.2pt 0.0001pt 21.3pt; text-align: justify;">
<b><i><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 11.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB;">Argument
II</span></i></b><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 11.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 21.2pt 0.0001pt 21.3pt; text-align: justify;">
<span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 11.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB;">“[My existence and the causes to make it possible].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 21.2pt 0.0001pt 21.3pt; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 21.2pt 0.0001pt 21.3pt; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<b><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 11.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB;">1)</span></b><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 11.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB;"> I exist;<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 21.2pt 0.0001pt 28.5pt; text-align: justify; text-indent: 14.1pt;">
<b><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 11.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB;">2)</span></b><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 11.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB;"> My existence must
have a cause;<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 21.2pt 0.0001pt 28.5pt; text-align: justify; text-indent: 14.1pt;">
<b><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 11.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB;">3)</span></b><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 11.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB;"> The only possible
ultimate causes are:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 21.2pt 0.0001pt 21.3pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 21.2pt 0.0001pt 21.3pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 21.2pt 0.0001pt 21.3pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 11.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB;">a) myself;<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 21.2pt 0.0001pt 21.3pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 11.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB;">b) my always having existed;<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 21.2pt 0.0001pt 21.3pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 11.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB;">c) my parents;<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 21.2pt 0.0001pt 21.3pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 11.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB;">d) something less perfect than
God;<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 21.2pt 0.0001pt 21.3pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 11.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB;">e) God.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 21.2pt 0.0001pt 21.3pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 21.2pt 0.0001pt 21.3pt; text-align: justify; text-indent: 21.25pt;">
<b><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 11.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB;">4)</span></b><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 11.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB;"> Not a. If I had
created myself, I would have made myself perfect</span><a href="file:///D:/Tiago/Documents/Essays/A%20Short%20Note%20on%20Metaphysics%20and%20the%20Arts/CEC_Essay.docx#_ftn5" name="_ftnref5" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="EN-GB" style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[5]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 11.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB;">;<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 21.2pt 0.0001pt 21.3pt; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 21.2pt 0.0001pt 21.3pt; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<b><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 11.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB;">5)</span></b><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 11.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB;"> Not b. This does
not solve the problem. If I am a dependent being, I<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 21.2pt 0.0001pt 21.3pt; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 11.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB;"> need to be continually sustained by another</span><a href="file:///D:/Tiago/Documents/Essays/A%20Short%20Note%20on%20Metaphysics%20and%20the%20Arts/CEC_Essay.docx#_ftn6" name="_ftnref6" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="EN-GB" style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[6]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 11.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB;">;<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 21.2pt 0.0001pt 21.3pt; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 21.2pt 0.0001pt 21.3pt; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<b><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 11.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB;">6)</span></b><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 11.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB;"> Not c. This leads
to an infinite regress</span><a href="file:///D:/Tiago/Documents/Essays/A%20Short%20Note%20on%20Metaphysics%20and%20the%20Arts/CEC_Essay.docx#_ftn7" name="_ftnref7" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="EN-GB" style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[7]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 11.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB;">;<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 21.2pt 0.0001pt 21.3pt; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 21.2pt 0.0001pt 21.3pt; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<b><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 11.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB;">7)</span></b><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 11.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB;"> Not d. The idea
of perfection that exists in me cannot have originated<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 21.2pt 0.0001pt 21.3pt; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 11.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB;"> from a non-perfect being</span><a href="file:///D:/Tiago/Documents/Essays/A%20Short%20Note%20on%20Metaphysics%20and%20the%20Arts/CEC_Essay.docx#_ftn8" name="_ftnref8" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="EN-GB" style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[8]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 11.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB;">;<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 21.2pt 0.0001pt 21.3pt; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 21.2pt 0.0001pt 21.3pt; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<b><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 11.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB;">8)</span></b><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 11.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB;"> Therefore, e. God
exists”».</span><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Descartes had a clear and distinct idea of God. So, in
the same way that the <i>cogito</i> was
self-evident, so too was the existence of God.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">However, if Descartes had had the chance of taking a
look at our footnote counterarguments, we believe it would not be so easy for
him to reply. This is no case of «Aunt Sally»</span><a href="file:///D:/Tiago/Documents/Essays/A%20Short%20Note%20on%20Metaphysics%20and%20the%20Arts/CEC_Essay.docx#_ftn9" name="_ftnref9" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="EN-GB" style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[9]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">, and António Damásio</span><a href="file:///D:/Tiago/Documents/Essays/A%20Short%20Note%20on%20Metaphysics%20and%20the%20Arts/CEC_Essay.docx#_ftn10" name="_ftnref10" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="EN-GB" style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[10]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">, through his <i>Descartes’
Error</i></span><a href="file:///D:/Tiago/Documents/Essays/A%20Short%20Note%20on%20Metaphysics%20and%20the%20Arts/CEC_Essay.docx#_ftn11" name="_ftnref11" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="EN-GB" style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[11]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">, did not stand up to a «straw man», he just told the
truth. Reason cannot be separated from emotion, and the legendary case of
Phineas Gage demonstrates that well enough</span><a href="file:///D:/Tiago/Documents/Essays/A%20Short%20Note%20on%20Metaphysics%20and%20the%20Arts/CEC_Essay.docx#_ftn12" name="_ftnref12" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="EN-GB" style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[12]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">In addition to this, there is a surprising fact about
René Descartes many are not aware of. He was said by close friends to be an
atheist. We shall leave the reader to their own conclusions.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Some people go even further and say there is no God at
all, no heaven. It is all a story written by allegedly wise men, the composers
of the Bible.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">José Saramago (1922–2010), the only Portuguese winner
of the Nobel Prize for Literature (1998), is one of the most brilliant men of
our time who clearly stated there really is no such thing, though he did
explore many of the biblical subjects in his oeuvres, completely modifying
Christendom as we know it. Just to name a few titles, <i>The Gospel According to Jesus Christ</i></span><a href="file:///D:/Tiago/Documents/Essays/A%20Short%20Note%20on%20Metaphysics%20and%20the%20Arts/CEC_Essay.docx#_ftn13" name="_ftnref13" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="EN-GB" style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[13]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">, <i>Death with
Interruptions</i></span><a href="file:///D:/Tiago/Documents/Essays/A%20Short%20Note%20on%20Metaphysics%20and%20the%20Arts/CEC_Essay.docx#_ftn14" name="_ftnref14" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="EN-GB" style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[14]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"> and <i>Cain</i></span><a href="file:///D:/Tiago/Documents/Essays/A%20Short%20Note%20on%20Metaphysics%20and%20the%20Arts/CEC_Essay.docx#_ftn15" name="_ftnref15" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="EN-GB" style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[15]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">. If this man lived in the Middle Ages, especially
from the reign of John III of Portugal beyond, he would have been thrown in the
fire</span><a href="file:///D:/Tiago/Documents/Essays/A%20Short%20Note%20on%20Metaphysics%20and%20the%20Arts/CEC_Essay.docx#_ftn16" name="_ftnref16" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="EN-GB" style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[16]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">, just like his well-known character Baltasar, from <i>Baltasar and Blimunda</i></span><a href="file:///D:/Tiago/Documents/Essays/A%20Short%20Note%20on%20Metaphysics%20and%20the%20Arts/CEC_Essay.docx#_ftn17" name="_ftnref17" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="EN-GB" style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[17]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">, the only novel studied in the Secondary Stage signed
by him, which is something soon to be changed.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">One of the biggest problems Philosophy faces today is
divided into two different possibilities, as we should expect right from the
start. What is going on with intrinsic values? Is there a crisis or a
substitution of them? We can always take sides, prepare our arguments for the
debate and face the opposition. However, as we have already seen before plenty
of times, we cannot claim our position is the only right, because there is no
such thing as absolute truth, no matter how paradoxical this statement may
sound.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Debating is just that, it is about enriching, learning
and sharing our knowledge with what other parties have to say in order to keep
seeking better lifetime quality for us to live in community appropriately,
notwithstanding we must have the right to private property, especially when we
work towards it, and not just nationalise everything and let either Capitalism
or Communism prevail alone.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">That is how life works, it has to scale its components
in order to obtain the required balance. Extremism is fallacious, whichever the
field (Politics [left or right-wing] is the most common to be associated to the
vocable in hand and ever since recorded History we know how civilisation has
been destroying itself and is working its way towards failure, for the thirst
for power is the work of corruption once people enthrone it, even if before
they were humble and modest), but the Arts, also commonly left behind, have
their say in this too.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">From the moment a convention is made, Art is not Art
anymore. One thing is clear: when we study aesthetics, we realise how much</span><a href="file:///D:/Tiago/Documents/Essays/A%20Short%20Note%20on%20Metaphysics%20and%20the%20Arts/CEC_Essay.docx#_ftn18" name="_ftnref18" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="EN-GB" style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[18]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"> currents have travelled throughout thousands of
years, or 2,500 to be somewhat precise</span><a href="file:///D:/Tiago/Documents/Essays/A%20Short%20Note%20on%20Metaphysics%20and%20the%20Arts/CEC_Essay.docx#_ftn19" name="_ftnref19" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="EN-GB" style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[19]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">. From 500 years of Classicism [Greco-Roman, Hellenism
and Roman] to the Christianity motifs’ stagnation in the Dark and Middle Ages
up to the Renaissance of the Classic themes comeback. After this period, the
Arts evolved into something new every 100 years until now. We are stuck in
Contemporaneity because we are not satisfied with the changes we kept doing in
our lives.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Just like planet Earth is living a cycle our pollution
is messing with, so are we. And this time it is not the Church’s fault. We have
struck the Middle Ages again. Our lack of contentment with ourselves and the
world around us keeps throwing us towards change to a point we cannot tell
fashion from ridiculousness, kindness from marginality, Jehovah from Lucifer.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Now this is a rather interesting religious debate. It
is almost unthinkable to praise the demoniac figure, taking into account all of
Mankind’s recorded History. But the truth is, however, that ever since the
constitution of the Egyptian civilisation in the Near East, multiple balances
have been kept in the West between Good and Evil, Order and Chaos, etc. In
Christianity the same happens as well, though this denomination is looked at as
pure heresy. That is why the Church found a way to permanently destroy these
heretics by founding a new order, but we all know sects are like cockroaches,
for a single squash always brings the rest of the family to the funeral.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Gnosticism is at first sight the synonym of
worshipping the devil, especially when referring to a specific group of people,
the Cathars, who originally lived in the southwest of France and because of the
Inquisition travelled to Catalonia in the 13th century, in Spain, thus gaining
their designation. For the Roman Catholic Church, what the Cathars did was to
praise Lucifer</span><a href="file:///D:/Tiago/Documents/Essays/A%20Short%20Note%20on%20Metaphysics%20and%20the%20Arts/CEC_Essay.docx#_ftn20" name="_ftnref20" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="EN-GB" style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[20]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"> in detriment of God, whose power is so great that
invoking His name is always something vain. But the fact is His name is
Jehovah, and He has an opposite</span><a href="file:///D:/Tiago/Documents/Essays/A%20Short%20Note%20on%20Metaphysics%20and%20the%20Arts/CEC_Essay.docx#_ftn21" name="_ftnref21" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="EN-GB" style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[21]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">As we have mentioned before (and we can go back to the
biblical Book of Genesis in support for this story), Jehovah did not want Adam
and Eve to even touch the Tree of Knowledge, let alone eat an apple from it.
Nevertheless, the first mentioned temptation of Lucifer as a snake was to
convince Eve to pick an apple from the tree, eat it and then share it with
Adam, who choked on it, but not to death. The forbidden fruit gave them
knowledge, they lost their innocence instantly. This demoniac work had them
kicked out of the Garden of Eden, never to be entered again. And because all of
Mankind was corrupt, it was wiped out by the Great Flood. We already know this
passage.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">What is really important is the Cathars did not root
for Lucifer. They were the only ones who kept the balance between the two
deities. They knew that if only Jehovah was followed, then they would be
deprived from knowledge and would not possess any ambitions at all, and not
necessarily frivolities only, but useful things as well. On the other hand, by
allowing Lucifer to smite Jehovah, then the world would fall into the hands of
the worst that can happen to a soul, making it corrupt and unworthy of
Paradise, based only on ambition, determinism and individualism. The concept of
society would cease to exist and Aristotle’s statement</span><a href="file:///D:/Tiago/Documents/Essays/A%20Short%20Note%20on%20Metaphysics%20and%20the%20Arts/CEC_Essay.docx#_ftn22" name="_ftnref22" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="EN-GB" style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[22]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"> would not be true.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">So the inevitable conclusion here is there has to be a
balance on the grounds of just about everything in the world, because there is
no such thing as perfection, no matter how much we aim at it. The problem is we
have not yet made ourselves aware of that.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">There is no value crisis going on, not as much as
there is a substitution. There is a scale and Humanity is looking for its
balance, but we have not yet found it. We will, maybe in a few years. Evolution
stopped growing</span><a href="file:///D:/Tiago/Documents/Essays/A%20Short%20Note%20on%20Metaphysics%20and%20the%20Arts/CEC_Essay.docx#_ftn23" name="_ftnref23" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="EN-GB" style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[23]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"> by centuries when it reached the 20th. Now the time
span is shorter, it goes by the decade and can be denominated by Music starting
from the 50s up to the 2000s, i.e. Jazz, Rock/Pop rock (Hippies), Disco,
Pure/Synthesised Rock, Gangster Rap/Hip-Hop and finally Mainstream. Now we are
in the 2010s, there are brave people who are trying to eradicate the
preconceived and who are being very much successful, not only because they are trying
something new, but also because they are mixing new waveforms with what has
already been done and was good.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Unfortunately, not everyone can find the balance that
easily and cannot filter good from bad. This happens for one particular reason
Psychology supports, and that is the failure to build a mentality the same age
as the body. The Athenian motto was «a sound mind in a sound body». The problem
is they are not synchronised most of the times. People grow physically, they
age and there is nothing can be done to stop it, no matter how young we wish to
remain. However, the mind may not evolve as much as the body. This is the
consequence of a yet to be defined personality, even if the individual is
already an adult and is going for the middle age. It is not about education
alone or the way someone was brought up, raised. It is about oneself, and one
might not have yet gathered the required tools to just think properly in
consonance with particular situations.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">People do not have to be ill to do psychotherapy. This
is a process that can make a person get better acquainted to themselves.
Sometimes we believe we know ourselves very well, better than anyone else, but
that is a false statement. The neural iceberg is shallow at surface, but how
deep does it go underwater? It is always a question of risking and trying to
find out, not because of others’ advice, but for us and us alone.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-style: italic;">For instance, it is said by
some an actor needs not know how to sing properly. That is rubbish, plain
rubbish. An actor is a mime and Plato, hidden under the voice of his master,
Socrates, is wrong when he says Ion, the rhapsode, cannot speak or even stay
awake when talking about poets other than the greatest, Homer.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-style: italic;">If we take a closer look,
we can tell Socrates’ advocate cares about the need for Man to get to know
himself, for wisdom, according to him, is knowing not more than anybody else,
but rather what we know not, the synonym of Philosophy. He also believes
knowledge makes Man virtuous, erring only on the count of ignorance.
Consciousness is required in order to avoid mistakes. Considering he is fair,
Man will have the concern of perfecting not only himself, but everyone around
him, thus becoming diviner.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-style: italic;">So Ion is the rhapsode,
i.e. he who recites poetry not belonging to him and without the aid of a
musical instrument. This is the point in which the difference between the
rhapsode and the bard is made. The latter recites his own poems while playing
the lyre. Together with the work on declamation (paid for and presented in
rhapsodic competitions), there is a mimic process<a href="file:///D:/Tiago/Documents/Essays/A%20Short%20Note%20on%20Metaphysics%20and%20the%20Arts/CEC_Essay.docx#_ftn24" name="_ftnref24" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><sup><span lang="EN-GB" style="line-height: 115%;"><span style="font-size: x-small;">[24]</span></span></sup><!--[endif]--></sup></a>,
therefore driving Plato’s Socrates to similarities between reciters and actors<a href="file:///D:/Tiago/Documents/Essays/A%20Short%20Note%20on%20Metaphysics%20and%20the%20Arts/CEC_Essay.docx#_ftn25" name="_ftnref25" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><sup><span lang="EN-GB" style="line-height: 115%;"><span style="font-size: x-small;">[25]</span></span></sup><!--[endif]--></sup></a>,
especially because their costumes are made of vivid colours and fabrics and
they also carry a golden crown on their heads.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-style: italic;">Homer was the poet the
rhapsodes privileged the most and that is why Ion claims to be an expert of the
Homeric poems, more than others. Socrates therefore wishes to know the origins
of poetry, whether in art or in divine inspiration. Until he is fully convinced
poetry comes from the Olympus, he will insist on the artistic perspective.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-style: italic;">Ion, who is arriving from
Epidaurus, where the Greeks celebrate Asclepius’s rhapsody festivities, tells
Socrates he won the first prize, which is the pretext for the introduction of
the essential, having the master state he actually envies rhapsodic art, for
its practitioner must wear flamboyant clothing and master the work of several
poets, especially Homer’s, the best and most divine of them all. It is
necessary to understand the poet’s work, otherwise it would not be possible for
Ion to be a rhapsode, who is, in fact, the interpreter of he who was inflated
by the Muses’ inspiration. He fesses up what gave him most trouble was to
really understand Homer’s work, the poet for whom he best expresses his
thoughts than anyone else.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-style: italic;">At this point, Socrates
subtly challenges Ion into proving he is the best at comprehending Homer and
his poetical oeuvre, to which he responds as being the best there is, a
specialist, we should add, only in Homer. With the obvious intent of confusing
Ion so he can actually realise what the master already knows to be true,
Socrates refers to Hesiod, another poet, as commenting several aspects of the
day-to-day life, just like Homer. Ion had said he was a specialist only as far
as Homer was concerned, but can he exclusively explain his words or Hesiod’s as
well, considering the subjects are the same? Ion is contradictory, here. Now he
says he can explain the oeuvre of both poets.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-style: italic;">Socrates then handles the
dialogue in a different way. Both Homer and Hesiod talk about divining art, a
matter about which they will share and oppose opinions. On the grounds of
clairvoyance, Ion admits only a master of that art would be able to better
explain the difference between the poets. This remark is really not innocent,
as the intention is to start figuring out who can better understand a specific
art, and the pointer lies on those who work on it.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-style: italic;">After that, another matter
steps above, the war and the relationships between good and bad men. Socrates
asks whether this is spoken of by poets other than Homer, so he can perceive if
the rhapsode is really specialised in the work of Homer. Ion acknowledges there
are many other poets who speak about war and the opposition between good and
evil, but they could not do it the same, extraordinary way the greatest poet
did.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-style: italic;">Plato’s master can now
proceed without interruption with a few good examples, beginning with this
introit: only one person can confirm what is right or wrong on a certain
subject. For instance, the difference between healthy and junk food can only be
realised by the doctor. If there is the chance someone cannot acknowledge what
is right about something or what is wrong, than they will not be able to
perceive the counterpart. Ion, however, claims he can distinguish the poets who
are actually right about something from those who are not. However, there is
something particular about this ability. Why does the rhapsode feel sleepy when
talking about poets other than the greatest, Homer, who wakes him up into
activeness all over again?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-style: italic;">The answer is quite simple:
Ion does not know Homer artistically or scientifically, as there is a poetical
art that would make him able to speak about every poet, just like there is
painting, sculpture or flute playing. For all three examples, Socrates asks Ion
whether he has already heard about someone who could actively speak of a
renowned co-artist and felt sleepy when mentioning some other artist from
another branch of the arts. Ion agrees with Socrates in every way, but cannot
let go that it is his Homeric knowledge which awakes him.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-style: italic;">In the aftermath, Socrates
states it is not art but rather a divine force which leads the rhapsode to his
undoubtful knowledge on Homer. In fact, good poets produce beautiful, epic
poetry because they are possessed and inspired by deities, the Muses, who lead
them to a determined path or genre. That is why they are better at epics than
iambs, for instance. Poetry is the result of irrationality. It only comes out
when poets are out of control, inspired and possessed by the divine. Since
poetry is gifted with several genres, epic poets cannot produce encomiums, for
the deity controlling them led them somewhere else. They are therefore
rudimentary in the field. Socrates still adds poets are not the authors of the
words they produce. The Muses are, expressing themselves through these humans
with the gift of poetry, making them their interpreters. The rhapsodes are by
turn the interpreters of poets.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-style: italic;">This divine force is thusly
and continuously perpetuated over everyone. First, the poet. Second, the
rhapsode. Finally, the spectators who listen to the rhapsode’s declamation. A
long ring chain is therefore created, connecting them all. The majority of
poets is connected to Homer, who is, after all, a divine poet. It is because he
is possessed by Homer that Ion can better speak of him than any other poet, who
will probably make him feel sleepy and bored.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-style: italic;">Socrates clarifies the idea
the arts are independent from each other, confronting Ion with the fact he
might not be aware of all the matters described by Homer, though the rhapsode
is willing to refute the statement. The master then asks Ion to recite the
verses from <i>Iliad</i> in which Nestor gives advice to his son Archilochus,
so he can use it when horseracing against Patroclus. The recitation
deliberately explains only someone who is truly acquainted to the art in
question, such as the coachman, who would be able to tell what is right and
wrong about Homer’s verses.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-style: italic;">Though he realises each
artist can only understand their own art and none other, Ion says the verses he
understands best are all of them. However, the statement contradicts the entire
dialogue, as all arts are separated. Ion opposes and says he is aware of the type
of language utilised by a man or a woman, a slave or a freeman, a subordinate
or a high-ranking officer. Socrates disagrees, as Ion would not be able to
understand medical or looming language. However, he should know what a general
might say to a soldier. Nonetheless, the art of being a general is not the same
as that of a rhapsode. Being so, how would Ion know what to tell a soldier?
Besides being a rhapsode, he is also a general, though this does not mean all
rhapsodes are generals and vice-versa, especially because a good general is not
a good rhapsode and, again, vice-versa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-style: italic;">Ion had promised Socrates
he would prove to be a master at Homer’s art, but in the end he could not keep
his promise, for he is not that well informed because of art. It is divine inspiration
that makes him go berserk and irrational.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-style: italic;">All of this may sound very
amusing, but we must ask this ourselves quite seriously: if only those who are
specialised in a certain field may speak about it, why is Socrates so well
informed about pretty much everything? Is it really that correct to justify the
master’s knowledge and wisdom with the art of Philosophy? But are they not
separated from each other? Then how does he know what to say or think when it
comes to medicine, for instance? Medicine is not even a branch of the arts. It
is all about science, any doctor can confirm that. Physicians do not believe in
art, there is a one in a million chance that might happen.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-style: italic;">A rhapsode can be a general
and vice-versa, but one cannot be good at both. We do not get his drift, as
many people, not only in Ancient Greece but all over the world could be
specialised in one field alone and not be able to produce admirable results,
just as much others could simply not be so well educated like the academics and
create vivid work. Sometimes, experience is much better than debiting what
books and scrolls have to offer. Should Humanity solely rely on
specialisations, we would be sentenced to death on our own risk.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-style: italic;">Also, we cannot forget a
very important issue that will certainly discredit the master of logic, who
trapped Ion in his own reasons: Socrates did not believe in the gods, and
though the Muses are only demigods, they are divine nonetheless. How can
someone say poets get their inspiration through a divine force if they are
misbelievers? More to that, was Socrates a poet? How so, if he did not leave
one piece of written evidence behind? And even if it were oral poetry alone, he
would be a mere rhapsode, not the poet himself.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-style: italic;">Finally, there is something
bothering us all up until today: how can Socrates know how to govern a city,
according to Plato’s <i>Republic</i>, if he never took the place of a ruler? It
is believed Socrates did not enjoy neither the Athenian, nor the general
democratic regime, as it was actually not flawless, imperfect. The conclusion
is quite simple – Socrates’ words had always been distorted by his disciple,
Plato, who could not stand up for his own convictions.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-style: italic;">Whether we are playing in a
musical or something a bit more classical like Greek tragedy or Romantic drama,
we must be good singers, no matter the case, for if we can warm up to better
enunciate, then we can also use the same exercises to keep our throats from
getting hoarse and sing, miming the sounds we listen to, that is the actor’s
job, to mime.</span><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US;"><br clear="all" style="page-break-before: always;" />
</span>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Tiago
Filipe Lameiras<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">tlameiras@gmail.com<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Tiago Lameiras was born in Lisbon, in 1990.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">He has a Bachelor's Degree on Theatre – Acting (2011),
taken at the Higher School of Theatre and Film of Lisbon. He is currently
completing his PhD on Communication, Culture and Arts – Cultural Studies, at
the Faculty of Human and Social Science of the University of the Algarve with a
thesis titled <i>TAT | Teaching Art and
Theatre</i>.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">He is a member of the Theater Studies Research Center
for the Faculty of Letters of the University of Lisbon.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">He
also has, among several publications, titles of his own such as <i>Portvcale – A Epopeia Portuguesa da
Contemporaneidade</i> (Mosaico de Palavras, 2010), <i>Viagem ao Centro de Ti – Romance Trovado </i>(Chiado Editora, 2012) and
<i>A Mão de Diónisos – Evangelho Grego</i>
(EscrYtos | Grupo LeYa, 2013), as well as poetical collaborations in Chiado
Editora's Poetry Anthologies <i>Entre o Sono
e o Sonho</i> (Chiado Editora, 2012 – Present) and Sinapsis's <i>Enigma(s)</i> (Sinapsis, 2015).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US;"><br clear="all" style="page-break-before: always;" />
</span></b>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Bibliography</span></b><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">ALIGHIERI, Dante,
1321 (1472 – 1st Printed Ed.), <i>A Divina
Comédia</i>, intro., trans. and notes by Vasco Graça Moura, Lisboa: Quetzal
Editores, 2011;<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">ALVES, Herculano
et al., <i>Bíblia Sagrada Para o Terceiro
Milénio da Encarnação</i>, Fátima, Leiria, Portugal: Difusora Bíblica, 2000;<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">ANTUNES, David
João Neves, 2002, <i>A Magnanimidade da
Teoria: Interpretar a Ética em Teoria da Literatura</i>, Lisboa: Assírio &
Alvim;<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">BLOOM, Harold,
1998, <i>Shakespeare: a Invenção do Humano</i>,
trans. José Roberto O’Shea, Rio de Janeiro, Objetiva, 2001;<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">BONNARD, André,
1954, <i>A Civilização Grega</i>, trans.
José Saramago, Lisboa: Edições 70, 2007;<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">DZIELSKA, Maria,
1995, <i>Hipátia de Alexandria</i>, trans.
Miguel Serras Pereira, Lisboa: Relógio d’Água, 2009;<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Von GOETHE, Johann
Wolfgang, 1829, <i>Fausto: Uma Tragédia</i>,
intro., trans. and glossary by João Barrento, Lisboa: Relógio d’Água, 1999;<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">HAGEN, Rose-Marie
and HAGEN, Rainer, 2005, <i>Egipto: Pessoas,
Deuses, Faraós</i>, trans. Maria da Graça Crespo, rev. Paula Nascimento and
Cristina Oliveira, Cologne: Taschen;<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">HITLER, Adolf,
1925, <i>Mein Kampf</i>, trans. </span><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">James Murphy, Mumbai: Jaico Publishing House, 2009;<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">HUGO, Victor, 1827, <i>Preface to
Cromwell</i>, «Famous Prefaces» col., The Harvard Classics, 1909-14;<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">PAVIS, Patrice,
1996, <i>Dicionário de Teatro</i>, trans.
coord. by J. Guinsburg and Maria Lúcia Pereira, São Paulo: Editora Perspectiva,
2001;<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">PLATO, <i>Íon</i>, trans. Victor Jabouille, Lisboa:
Editorial Inquérito, 1988.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">PLATO, <i>A República</i>, trans. Maria Helena da
Rocha Pereira, Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2010;<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">RAMOS, Mercês
Sousa, 2009, <i>Teoria do Caos –
Potencialidades na Modelização da Aprendizagem de Conceitos Científicos</i>,
Lisboa: Edições Colibri/Instituto Politécnico de Lisboa;<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">SAVATER, Fernando,
<i>Ética para um Jovem</i>, trans. Miguel
Serras Pereira, Lisboa: Dom Quixote, 2005;<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">SCHULZ, Regine and
SEIDEL, Matthias (ed.), 1997, <i>Egipto – O
Mundo dos Faraós</i>, trans. Luís Anjos, Sandra Barros, Daniel de Carvalho, Cristina
Conceição and Filomena Martins, Colónia, Alemanha: Könemann
Verlagsgesellschaft, 2001.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<!--[if !supportFootnotes]-->
<hr size="1" style="text-align: left;" width="33%" />
<!--[endif]-->
<div id="ftn1">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<a href="file:///D:/Tiago/Documents/Essays/A%20Short%20Note%20on%20Metaphysics%20and%20the%20Arts/CEC_Essay.docx#_ftnref1" name="_ftn1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman",serif;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman",serif;"> 1596-1650.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn2">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<a href="file:///D:/Tiago/Documents/Essays/A%20Short%20Note%20on%20Metaphysics%20and%20the%20Arts/CEC_Essay.docx#_ftnref2" name="_ftn2" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; mso-ansi-language: EN-GB;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="EN-GB" style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif;"> </span><span style="font-family: "Times New Roman",serif;">DESCARTES, René, 1979, <i>Discurso do Método</i>, trans. João Gama,
intro. and notes Étienne Gilson, Lisbon: Edições 70, pp. 31-32, 73-99.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; mso-ansi-language: EN-GB;">There
are a total of six meditations, each of them prosily correspondent to six days
meditating, originally published in Latin and then translated to French by the
Duke of Luynes, supervised by Descartes. It is never too much to review our own
work when translated into other languages, especially those we master.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn3">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<a href="file:///D:/Tiago/Documents/Essays/A%20Short%20Note%20on%20Metaphysics%20and%20the%20Arts/CEC_Essay.docx#_ftnref3" name="_ftn3" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; mso-ansi-language: EN-GB;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="EN-GB" style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[3]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif;"> </span><span style="font-family: "Times New Roman",serif;">ALVES, Maria de Fátima et al., 2008,
<i>Pensar Azul</i>, Lisbon: Texto Editores.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; mso-ansi-language: EN-GB;">According
to most Philosophy textbooks, Empiricism is the opposite perspective of
Rationalism. To make it easier to understand, it is all about nature and not
necessarily reason (alone). Every species there are in planet Earth are
considered to be an animal. However, humans are the only rational, hence the
global domination and the separation from all the others, though we can
obviously share our lives with some housebroken and even wild animals,
depending on the quotidian, day-to-day lifestyles and world regions where
people live. The empirical side of humans is thus related to their animal
sphere. Nature «programs» living beings to react differently in several
occasions, namely in regards to the food chain, when they serve either as
predators or prey.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; mso-ansi-language: EN-GB;">This
is why many animals have the required abilities to catch and avoid getting
caught. It is all impulsive, without the capability of thinking at least twice.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn4">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<a href="file:///D:/Tiago/Documents/Essays/A%20Short%20Note%20on%20Metaphysics%20and%20the%20Arts/CEC_Essay.docx#_ftnref4" name="_ftn4" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; mso-ansi-language: EN-GB;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="EN-GB" style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[4]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; mso-ansi-language: EN-GB;">
Ludwig van Beethoven (1770–1827), also an important figure in the course of
Western society, specifically in music, naturally, marking the transition from
Classicism to Romanticism, composed through the course of the French Revolution
his 3rd Symphony. It was originally dedicated to Napoleon for all the efforts
he was continuously doing for the liberation of France. When the French «hero»
proclaimed himself Emperor of France and its satellite territories (including a
great deal of the Austrian Empire, should he become victorious in the Battle of
Aspern-Essling) in 1804, however, the Maestro tore the Symphony’s title-page in
anger and rage, quite natural in his peculiar temperament. He named it later as
<i>Sinfonia Eroica</i>, still in honour of
Napoleon.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<i><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; mso-ansi-language: EN-GB;">Immortal Beloved</span></i><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; mso-ansi-language: EN-GB;">, directed
by Bernard Rose, starring Gary Oldman as Beethoven and Jeroen Krabbé as his
personal secretary, Anton Schindler, Columbia Pictures, 1994. <o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn5">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<a href="file:///D:/Tiago/Documents/Essays/A%20Short%20Note%20on%20Metaphysics%20and%20the%20Arts/CEC_Essay.docx#_ftnref5" name="_ftn5" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman",serif;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[5]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman",serif; mso-ansi-language: EN-GB;"> <span lang="EN-GB"> But do we know what
perfection actually is?<o:p></o:p></span></span></div>
</div>
<div id="ftn6">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<a href="file:///D:/Tiago/Documents/Essays/A%20Short%20Note%20on%20Metaphysics%20and%20the%20Arts/CEC_Essay.docx#_ftnref6" name="_ftn6" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman",serif;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[6]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; mso-ansi-language: EN-GB;">
This is not even the point, as there is no such thing as immortality for a
living being to have been born since Earth started to bear life billions of
years ago (the Universe itself has not sprung since forever).<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn7">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<a href="file:///D:/Tiago/Documents/Essays/A%20Short%20Note%20on%20Metaphysics%20and%20the%20Arts/CEC_Essay.docx#_ftnref7" name="_ftn7" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman",serif;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[7]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; mso-ansi-language: EN-GB;">
It may be so, but if it was not for our parents, would we exist either way?<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn8">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<a href="file:///D:/Tiago/Documents/Essays/A%20Short%20Note%20on%20Metaphysics%20and%20the%20Arts/CEC_Essay.docx#_ftnref8" name="_ftn8" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman",serif;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[8]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; mso-ansi-language: EN-GB;">
But is God perfect? If He is, why did He not avoid the existence of the rebel
angel, Satan, in the shape of a serpent when it convinced Eve to eat the
forbidden fruit from the Tree of Knowledge, thus producing the Original Sin and
the expelling of Adam and
Eve from the Garden of Eden? Why did they fall in the sin of Man? Why is there
sin and corruption after all in the world created in six days that «He saw it
was good»?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; mso-ansi-language: EN-GB;">If
God does not make mistakes, does not err, why did He feel the need of washing
out Mankind in the Great Flood, rescuing Noah and his family alone? And though
he did promise not to destroy the world again with water, Sodom and Gomorra
were not spared, again on the count of the sin of Man.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; mso-ansi-language: EN-GB;">This
point of the story here is interesting, as it shows that in over two thousand
years of a Church that has its origins in Judaism, both sharing the same God
and Saviour/Prophet/Messiah, Jesus, it takes a man, allegedly imperfect, though
he is representing God (Yahweh, in Hebrew) on earth, the Pope, to finally
ponder upon marriage between people of the same sex.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; mso-ansi-language: EN-GB;">And
why is Abraham challenged to sacrifice Isaac? Why did God make a pact with
Satan to drive Job mad? Why is there the need of Him testing Man’s faith and
loyalty? If the people of Babel wanted to build a tower so they could be closer
to God, why did He get jealous of their abilities, changed their languages and
scattered them all over the world, which, by the way, shares neither a sole
faith nor a sole deity?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; mso-ansi-language: EN-GB;">Finally,
why did he sacrifice his own son to a point where he asked «Father, why have
you forsaken me?».<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn9">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<a href="file:///D:/Tiago/Documents/Essays/A%20Short%20Note%20on%20Metaphysics%20and%20the%20Arts/CEC_Essay.docx#_ftnref9" name="_ftn9" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman",serif;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[9]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman",serif; mso-ansi-language: EN-GB;"> <span lang="EN-GB">British expression meaning someone irrelevant in the scientific
community is defying the name of the great.<o:p></o:p></span></span></div>
</div>
<div id="ftn10">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<a href="file:///D:/Tiago/Documents/Essays/A%20Short%20Note%20on%20Metaphysics%20and%20the%20Arts/CEC_Essay.docx#_ftnref10" name="_ftn10" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman",serif;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[10]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman",serif;"> Portuguese-American
neuroscientist/neurobiologist, b. 1944.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn11">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<a href="file:///D:/Tiago/Documents/Essays/A%20Short%20Note%20on%20Metaphysics%20and%20the%20Arts/CEC_Essay.docx#_ftnref11" name="_ftn11" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman",serif;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[11]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman",serif;"> Lisbon: Europa-América, 1995,
awarded the <i>Prémio Pessoa</i>.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn12">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<a href="file:///D:/Tiago/Documents/Essays/A%20Short%20Note%20on%20Metaphysics%20and%20the%20Arts/CEC_Essay.docx#_ftnref12" name="_ftn12" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman",serif;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[12]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; mso-ansi-language: EN-GB;">
Vide note 11 for further reading.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn13">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<a href="file:///D:/Tiago/Documents/Essays/A%20Short%20Note%20on%20Metaphysics%20and%20the%20Arts/CEC_Essay.docx#_ftnref13" name="_ftn13" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman",serif;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[13]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman",serif;"> Lisbon: Editorial Caminho, 1991.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn14">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<a href="file:///D:/Tiago/Documents/Essays/A%20Short%20Note%20on%20Metaphysics%20and%20the%20Arts/CEC_Essay.docx#_ftnref14" name="_ftn14" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman",serif;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[14]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman",serif;"> Id., Ibd., 2005.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn15">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<a href="file:///D:/Tiago/Documents/Essays/A%20Short%20Note%20on%20Metaphysics%20and%20the%20Arts/CEC_Essay.docx#_ftnref15" name="_ftn15" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman",serif;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[15]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman",serif; mso-ansi-language: EN-GB;"> <span lang="EN-GB">Id., Ibd., 2009.<o:p></o:p></span></span></div>
</div>
<div id="ftn16">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<a href="file:///D:/Tiago/Documents/Essays/A%20Short%20Note%20on%20Metaphysics%20and%20the%20Arts/CEC_Essay.docx#_ftnref16" name="_ftn16" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman",serif;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[16]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman",serif; mso-ansi-language: EN-GB;"> <i><span lang="EN-GB">José e Pilar</span></i><span lang="EN-GB">, directed by Miguel Gonçalves Mendes, starring José Saramago and
Pilar del Río as themselves, JumpCut, O2, El Deseo, 2010.<o:p></o:p></span></span></div>
</div>
<div id="ftn17">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<a href="file:///D:/Tiago/Documents/Essays/A%20Short%20Note%20on%20Metaphysics%20and%20the%20Arts/CEC_Essay.docx#_ftnref17" name="_ftn17" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman",serif;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[17]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman",serif; mso-ansi-language: EN-GB;"> <span lang="EN-GB">Lisbon: Editorial Caminho, 1982.<o:p></o:p></span></span></div>
</div>
<div id="ftn18">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<a href="file:///D:/Tiago/Documents/Essays/A%20Short%20Note%20on%20Metaphysics%20and%20the%20Arts/CEC_Essay.docx#_ftnref18" name="_ftn18" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; mso-ansi-language: EN-GB;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="EN-GB" style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[18]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; mso-ansi-language: EN-GB;">
The use of «much» and not «many» is deliberate; not to be confused with the
possible interpretation of «how “many”». <o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn19">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<a href="file:///D:/Tiago/Documents/Essays/A%20Short%20Note%20on%20Metaphysics%20and%20the%20Arts/CEC_Essay.docx#_ftnref19" name="_ftn19" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; mso-ansi-language: EN-GB;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="EN-GB" style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[19]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; mso-ansi-language: EN-GB;">
We highlight the paradox.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn20">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<a href="file:///D:/Tiago/Documents/Essays/A%20Short%20Note%20on%20Metaphysics%20and%20the%20Arts/CEC_Essay.docx#_ftnref20" name="_ftn20" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman",serif;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[20]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; mso-ansi-language: EN-GB;">
Lux Ferre in Latin, «the bearer of Light».<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn21">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<a href="file:///D:/Tiago/Documents/Essays/A%20Short%20Note%20on%20Metaphysics%20and%20the%20Arts/CEC_Essay.docx#_ftnref21" name="_ftn21" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman",serif;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[21]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; mso-ansi-language: EN-GB;">
Id.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn22">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<a href="file:///D:/Tiago/Documents/Essays/A%20Short%20Note%20on%20Metaphysics%20and%20the%20Arts/CEC_Essay.docx#_ftnref22" name="_ftn22" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman",serif;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[22]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; mso-ansi-language: EN-GB;">
«Man is a political animal».<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn23">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<a href="file:///D:/Tiago/Documents/Essays/A%20Short%20Note%20on%20Metaphysics%20and%20the%20Arts/CEC_Essay.docx#_ftnref23" name="_ftn23" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; mso-ansi-language: EN-GB;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="EN-GB" style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[23]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; mso-ansi-language: EN-GB;">
Unavoidable paradox.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn24">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<a href="file:///D:/Tiago/Documents/Essays/A%20Short%20Note%20on%20Metaphysics%20and%20the%20Arts/CEC_Essay.docx#_ftnref24" name="_ftn24" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman",serif;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[24]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; mso-ansi-language: EN-GB;">
Hence our introduction to this.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn25">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<a href="file:///D:/Tiago/Documents/Essays/A%20Short%20Note%20on%20Metaphysics%20and%20the%20Arts/CEC_Essay.docx#_ftnref25" name="_ftn25" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman",serif;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[25]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman",serif;"> Idem.<o:p></o:p></span></div>
</div>
</div>
<div>
<div id="ftn10">
</div>
<div id="ftn11">
</div>
<div id="ftn12">
</div>
<div id="ftn13">
</div>
<div id="ftn14">
</div>
<div id="ftn15">
</div>
<div id="ftn16">
</div>
<div id="ftn17">
</div>
<div id="ftn18">
</div>
</div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/15313134159492604742noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-20155578.post-12046756656996217792015-10-01T23:08:00.002+01:002015-10-01T23:11:50.042+01:00Verdade do Centro de Ti<div style="text-align: justify;">
Já é desde há muito que tenho vindo a escrever para alguém, propositada e especificamente para uma única pessoa. O «Lumi» está aberto ao público, qualquer pessoa pode ler este género de diário, muito mais alargado do que há dez anos.</div>
<div style="text-align: justify;">
Conheci uma mulher (ou Menina, por carinho) há relativamente pouco tempo, menos de um ano, mas não começámos a falar logo de início. Não faço a mais pequena ideia se lerá os meus textos ou, se os lê, se gosta deles. Não sei mesmo.</div>
<div style="text-align: justify;">
Há cinco anos atrás, estava eu a publicar o primeiro livro, mas tornou-se irrelevante, face ao que se seguiu, um pouco mais de um ano depois. Chama-se <i>Viagem ao Centro de Ti</i>, um título ambivalente. Isto porque se trata de uma viagem ao centro de mim, que me identifico como «Ti» entre os mais próximos, da minha essência, no fundo, mas também de uma viagem ao centro de um antigo amor. É inspirada na demanda de Dante Alighieri pela sua Beatriz, em <i>A Divina Comédia</i>. Enfim, acabei por escrevê-lo porque estava apenas a querer recuperar um amor muito forte e significativo de quem acreditei ser a mulher da minha vida. É claro que se provou o contrário. Fiquei satisfeito, por outro lado, quando alguém me disse mais tarde que este poema lírico, narrado, contribuíra para a união de duas pessoas que não conhecia de lado nenhum, que ainda hoje não conheço, mas que se casaram, é verdade. Senti-me feliz por isso, por ter inspirado alguém através do amor.</div>
<div style="text-align: justify;">
Eu próprio tenho vindo a sentir-me inspirado, desde que conheci esta Menina, como já não acontecia há tantos anos. Talvez tivesse tido medo de arriscar, quem sabe. Medo de me magoar, outra vez. Mas a verdade é que vi no meu Amor, na minha Bonequinha, o coração mais puro. Os seus olhos, repletos de ternura, mostram também sofrimento. Sou actor, fui treinado para observar. Percebo que há sofrimento no seu interior, mais ou menos activo, não sei confirmar, isso não sei, mas vejo tristeza reflectida nas suas íris, como se procurasse há muito o seu Príncipe, porque ela é uma Princesa, e precisa que cuidem de si.</div>
<div style="text-align: justify;">
Desde a nossa primeira conversa que tenho estado a tentar convidá-la para sairmos. O seu aniversário foi há cerca de mês e meio, e eu comprei-lhe um presente. Não é um presente qualquer, mas não quero revelar a sua exactidão, porque só ela deve poder vê-lo. Afianço apenas que é gigante, glamoroso, e que é seu, tal como queria, se ainda se recordar do que é.</div>
<div style="text-align: justify;">
Voltei a convidá-la ontem, mas não leu ainda o convite, a perguntar se podíamos sair amanhã, sexta-feira, para poder entregar-lho, para poder dar-lhe um abraço também, e um beijinho, não há mais nada que queira pedir-lhe.</div>
<div style="text-align: justify;">
É possível ter saudades de quem se conhece de coração por completo, ainda que se conheça pouco de ter conversado antes. Só prova que esta pessoa a quem amamos é a nossa verdade mais pura, a nossa magia mais encantadora.</div>
<div style="text-align: justify;">
Provavelmente não lerás o que aqui está, por isso falo sem enrubescer tanto quanto aconteceria se estivéssemos juntos a conversar, aqui e agora. Quero dizer, no entanto, que tenho saudades tuas, e que quero ouvir a tua voz carinhosa, encontrar o meu olhar com o teu, meigo, em tons de avelã, e reconfortar-te, dizer-te que vais ser feliz. Se chorares, enxugar-te-ei as lágrimas com as pontas dos meus polegares, e mostrar-te-ei as estrelas na cúpula celeste, são todas tuas, pede quantas quiseres.</div>
<div style="text-align: justify;">
Estarei onde desejares, aguardando que chames por mim, e logo seremos juntos.</div>
<div style="text-align: justify;">
O termo é outro, mas não quero que tenhas medo das minhas palavras, por isso direi desta vez... adoro-te.</div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/15313134159492604742noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-20155578.post-81069163091174070182015-09-29T23:35:00.001+01:002015-09-29T23:37:04.168+01:00Vincerò!<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen="" class="YOUTUBE-iframe-video" data-thumbnail-src="https://i.ytimg.com/vi/fiEckwmMo00/0.jpg" frameborder="0" height="266" src="https://www.youtube.com/embed/fiEckwmMo00?feature=player_embedded" width="320"></iframe></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
<i>Nessun Dorma</i></div>
<div style="text-align: center;">
Plácido Domingo, José Carreras e Luciano Pavarotti</div>
<div style="text-align: center;">
(Os Três Tenores)</div>
<div style="text-align: center;">
com a</div>
<div style="text-align: center;">
Orquestra Filarmónica de Los Angeles</div>
<div style="text-align: center;">
Los Angeles, Califórnia, 1994</div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/15313134159492604742noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-20155578.post-10735301771167191752015-09-29T14:41:00.005+01:002015-09-29T17:43:39.036+01:00Há Dias Assim<div style="text-align: justify;">
Há dias assim, que é como quem diz, de merda. Podia ter evitado o vernáculo, mas não fui capaz. Estou demasiado desiludido comigo próprio. Esta noite dormi pouco, muito pouco. Já me deitei tarde, o meu sono teve intermitências, e depois acordei cedo. Não conseguia de todo tentar ficar a dormir mais tempo. Quis ficar bem acordado, com boa cara, por isso bebi o habitual <i>espresso</i> diário e meti-me no duche. Fiz-me cheiroso por completo, queria causar a melhor impressão possível. Não sabia se conseguiria vê-la imediatamente após a minha chegada, por isso levei a minha <i>Moleskine</i> e o tablet, para me distrair no entretanto.</div>
<div style="text-align: justify;">
Não me recordava de onde tinha deixado o carro desde domingo, dei uma pequena volta a pé ao quarteirão, até que enfim consegui encontrá-lo. Sendo aquele tipo cheio de sorte de que me gabei sempre, tenho um carro estacionado em segunda fila, justo atrás do meu. Achei, no entanto, que não valia a pena perder energia irritando-me com esta questão, por isso não fiquei a buzinar continuamente para chamar à atenção. Simplesmente apertei o volante duas vezes, muito brevemente, e o chico-esperto, proprietário da viatura, lá acabou por chegar atrás, mas ainda vinha com expressão de incomodado. Temos pena, atrás dos outros não é lugar para estacionar.</div>
<div style="text-align: justify;">
Quando enfim segui em frente, senti o presente de aniversário a baloiçar na espaçosa bagageira. Já tem semanas de atraso, mas não havia maneira de entregá-lo no próprio dia. E também não era hoje que o faria, o embrulho é grande e dá nas vistas pelo género de presente que é. Pensei, contudo, que era suave ao toque e não havia de se magoar muito até à entrega, que não sei quando acontecerá.</div>
<div style="text-align: justify;">
Não havia trânsito, por isso avancei calmamente até ao cais onde repousa o submarino pintado com uma cor bastante característica. O coração palpitava-me à medida que me movia rumo ao seu interior, passado o portão principal. O intervalo é às 11h00, mas hoje as coisas não estavam ainda a funcionar como deviam. Foi isso que me escapou e o que deitou tudo a perder, claro. Uma sessão qualquer logo de manhã, uma visita cultural pela zona à tarde. Não é que aquele particular concelho seja rico em cultura, mas não quero descriminar.</div>
<div style="text-align: justify;">
O que é que acontece, então? Vejo toda e qualquer pessoa, tanto recrutas como veteranos, uns que já conheço há muito tempo, outros que jamais vislumbrei em toda a minha vida, mas a ela... nem pensar. É claro que tenho outro propósito, como seja ir à fonte de conhecimento adquirir uns títulos para o meu ensaio sobre o actor, mas essa parte é perfeitamente secundária. Tal como em Janeiro de 2014, exactamente um mês depois de ter visitado Londres, mas sem neve, apenas uma imensa escuridão às 16h00, devido à latitude. Apaixono-me à primeira vista por uma miúda britânica que vejo no metro. Os jornais gratuitos, distribuídos na rede de transportes, fazem até pouco da situação. Têm uma secção designada <i>Rush Hour Tube Crush</i>, para que quem não foi capaz de falar com a pessoa por quem se interessou possa descrevê-la, descrever-se e perguntar se podem voltar a encontrar-se e tomar um copo. Na altura, tentei de tudo. Aderi a um grupo chamado <i>Meet People in London</i>, no <i>Facebook</i>, descrevendo num post aquela rapariga e dizendo que não estava capaz de esquecê-la. Pedi ajuda a imensa gente, que me sugeriu também que tentasse anunciar gratuitamente em sites de "perdidos e achados", mas isso era demasiado rebuscado. Além do mais, para um romântico incontrolável como eu, não havia nada melhor do que regressar, e o mais depressa possível. Não ando a nadar em dinheiro, é um facto, pelo contrário, estou a investi-lo no Doutoramento, mas senti que devia também investir na minha felicidade pessoal, ao invés de exclusivamente académica.</div>
<div style="text-align: justify;">
Assim, justamente, um mês depois regresso ao Reino Unido e fico mais tempo. Em casa desculpo-me dizendo que vou a uma entrevista de trabalho, mas a razão principal não é essa, obviamente. Tenho todos os detalhes perfeitamente memorizados na minha cabeça. Ela entrou na composição em Trafalgar Square, ou Charing Cross, que dá no mesmo, como eu, e saiu em Baker Street, como também eu saí para o transbordo com a Hammersmith & City, sendo que vínhamos ambos na Bakerloo. Tudo isto aconteceu entre as 16h30 e as 17h00. Mas meia hora era uma margem muito curta. O que é que faço? Saio bem vestido, perfumado, dou uma volta pela National Gallery, depois pela Portrait Gallery, enfim, vários sítios onde passar o tempo e aprender alguma coisa. Um pouco antes da margem, desço para a estação. Não tomo logo o comboio, não ando de trás para a frente, mas sento-me no banco da estação, encarando a linha, hipnotizando a mim mesmo tentando focar-me no mais ínfimo pormenor que me permita identificar aquela pessoa. O problema é que, a meio da estação, a composição passava ainda muito rápido antes de parar e abrir as portas. E claro que, à medida que a hora de ponta se aproxima, tudo se torna excessivamente complexo de controlar, são centenas de pessoas de uma só vez. Tem de vir um membro do pessoal, inclusivamente, com o único propósito de falar através de um dispositivo que envia a sua voz para os altifalantes para avisar que o comboio está a chegar ou de partida. Usa uma raquete que levanta dentro do ângulo de visão do maquinista no retrovisor afixado à frente, indicando que toda a gente está empacotada e pronta para seguir viagem.</div>
<div style="text-align: justify;">
Num dos últimos dias, mais para o final da semana, inverto a estratégia e vou à hora de abertura do metro para a estação. Nem sou capaz de recuperar o sono. Levo uma folha de papel à frente a dizer "Free Hugs!", é a mais pura verdade, só para disfarçar. A minha busca continua, mas sem sucesso. Tenho de inevitavelmente desistir.</div>
<div style="text-align: justify;">
Também hoje desisti, mas existe uma diferença em larga escala. Quanto à miúda do metro, jamais soube o seu nome, onde vivia, se estudava ou trabalhava e onde, e é claro, nunca trocámos uma palavra. Ela não me conhecia de lado nenhum. Eventualmente diria que era louco, senão um <i>creep</i>, mas isso são riscos que se correm. Ninguém me impede de executar uma demanda em busca do amor, mesmo que internacional. Os custos não são nada, comparados com os eventuais resultados. Já o disse, sou um romântico incontrolável, faço o que for preciso, se tenho a certeza do amor que me corre nas veias. Relativamente à minha Bonequinha, sei o seu nome, sei de onde vem, sei o que faz, sei onde estuda. Mas há sempre problemas de comunicação. Não tenho o número de telefone dela, não lho pedi, não posso trocar mensagens consigo, perguntando se posso vê-la, e deixar mensagens no <i>Facebook</i> não me serve de nada, não tem sinal para recebê-las.</div>
<div style="text-align: justify;">
Ora, se sou capaz de me meter num avião e ficar hospedado quase uma semana útil num hotel para entrar naquilo a que eles chamam <i>wild goose chase</i>, sou perfeitamente capaz de me meter no carro e conduzir cerca de dez minutos até ao cais, quantos dias forem necessários.</div>
<div style="text-align: justify;">
O Outono já aí está, de porta fresca entreaberta, e eu tenho um chá para tomar e aquecer-me.</div>
<div style="text-align: justify;">
Já chega de perdermos tempo.</div>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/15313134159492604742noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-20155578.post-49216193651117470582015-09-28T23:00:00.000+01:002015-09-28T23:00:05.108+01:00Sopro<div style="text-align: justify;">
Peguei no meu bloco de notas, uma simples «Moleskine» de capa preta, e comecei a rabiscar algumas linhas ligeiramente desconexas que acabavam por fazer algum sentido na minha mente, tendo em conta a previsão que eu fazia ao agrupá-las e associando-as a outras linhas que pouco tinham ainda de concreto.</div>
<div style="text-align: justify;">
Foi só com o desenhar do lápis sobre as folhas que fui criando algo de visível, que já começava a ter nexo, embora fosse bastante subtil, como é meu característico quando me ponho a rabiscar sem fazer uma ideia racional daquilo que pretendo que saia.</div>
<div style="text-align: justify;">
Isto porque, decidindo e pensando melhor sobre qual seria o ponto de partida mais apropriado, consegui arranjar um começo. Achei que aquilo que levava a mim próprio querer executar um desenho daqueles, sendo que desenho nem sequer fora nunca o meu forte, seria fazer uma coisa diferente do resto, por muito bom que esse resto já tivesse sido.</div>
<div style="text-align: justify;">
De todas as palavras que escolhera para fazer composições anteriores a esta (sobre a qual tenho vindo, justamente, a compor a descrição), atingiu-me de repente uma qualquer inspiração divina de que estas linhas em questão formariam a palavra perfeita, a supra-sumo de todas as outras, sinónima de todos os temas sobre os quais até então escrevera e que o futuro me garantia que continuaria a escrever.</div>
<div style="text-align: justify;">
Não queria acreditar que entrara, ao longo da experiência obtida na criação destes curtos, mas no entanto fortes trechos, na mais óbvia de compreender, na mais simples e no entanto na mais rica e essencial palavra que poderia ter encontrado em todo aquele tempo.</div>
<div style="text-align: justify;">
Assim, para não esborratar as folhas de papel quando as dobrasse ou quando passasse as costas da mão por cima para remover os detritos da grafite, suspendi propositadamente a continuação da elaboração do desenho que me fascinara naqueles poucos minutos e afiei-a o melhor que pude, de modo a deixá-la sem uma superfície acidental que comprometesse a fina espessura de cada linha que, agrupada com a sucedânea e por diante, viria a formar um desenho perfeito, apesar de eu não ser uma pessoa assim tão qualificada em desenho que pudesse testemunhar a perfeição do mesmo, embora atributos e classificações fúteis não interessassem propriamente para o caso, porque nem sempre é preciso arranjar grandes explicações racionais para procurar esclarecer uma coisa que nem é racional de todo. Até porque não são os olhos nem o cérebro, elementos errados do tribunal plenário das sensações, que verdadeiramente são responsáveis por aquilo que percepcionamos, e isto acontece porque são inseparáveis do julgamento e dos juízos de valor. Percepcionar assim o mundo sob a pressão de uma opinião racional e viciada não é saudável.</div>
<div style="text-align: justify;">
No fundo, interessa ver com o coração. Não é necessário que isso seja fisicamente possível, porque não o é, mas... Será relevante? Seguramente não. Ainda bem que conseguimos fantasiar e filtrar a realidade que nos rodeia, senão... Viver sem sonhar não teria metade da graça que realmente tem.</div>
<div style="text-align: justify;">
Apropriadamente afiado o bico do lápis que rolava entre as pontas do meu polegar e do meu indicador direitos, prossegui naquilo que inicialmente era só uma ideia abstracta, como o são todas, mas aquilo já se tornara concreto demais para pôr de parte e para esquecer o seu valor.</div>
<div style="text-align: justify;">
Foi então que suavemente deslizei, harmoniosamente formando curvas em todas as direcções. As linhas extra que tinham ajudado à formação das linhas essenciais, apaguei-as muito delicadamente com um canto da borracha que propositadamente abrira naquela ocasião, para não correr o risco de, como disse antes, injustamente borrar o papel e torná-lo menos apetecível.</div>
<div style="text-align: justify;">
No final, vislumbrei aquilo que conseguira produzir. Levara ainda menos tempo do que as minhas habituais produções levavam, mas nem por isso deixou de ser, porventura, mais interessante.</div>
<div style="text-align: justify;">
Esse desenho, como previra, formara um nome.</div>
<div style="text-align: justify;">
Um nome, tão simples como respirar.</div>
<div style="text-align: justify;">
Um nome.</div>
<div style="text-align: justify;">
O seu nome.</div>
<div style="text-align: justify;">
Reproduzi a sua sonoridade com a voz para dentro, para que não vacilasse, com a emoção que de repente me atingira.</div>
<div style="text-align: justify;">
Era de noite, já tarde.</div>
<div style="text-align: justify;">
Fiquei a saborear cada letra como chocolate quente de diferentes sabores, até enfim adormecer em paz.</div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/15313134159492604742noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-20155578.post-46943716724848350932015-09-28T18:35:00.000+01:002015-09-28T18:38:57.081+01:00O Encontro (2015) | 4.ª Parte<div style="text-align: justify;">
Acabávamos de chegar a um dos restaurantes mais luxuosos da cidade, o <i>Wolfgang Puck Bar & Grill</i>, na W. Olympic Blvd. Era uma escolha agradável para qualquer situação, independentemente do seu cariz. Incorporava vários géneros de cozinha de todo o mundo e tinha um aspecto absolutamente fenomenal. Não admira que a Bonequinha tivesse arregalado os olhinhos em espanto. Inquiri-a relativamente ao gosto que tivera quando escolhi o <i>Wolfgang</i>, procurando saber se fora uma boa opção.</div>
<div style="text-align: justify;">
- Estás a brincar? Este sítio é lindo!</div>
<div style="text-align: justify;">
E era, efectivamente. Aguardámos pelo <i>mâitre</i> para nos encaminhar para uma das várias mesas. Optámos pela mesa do canto, não necessariamente mais resguardada, porque havia muitas pessoas próximas de nós, mas não exactamente coladas umas às outras. De todos os modos, podíamos pôr-nos à vontade, ninguém falava Português e, se porventura apanhassem um ou outro vocábulo, com certeza diriam ser Espanhol e poderiam eventualmente tentar perceber sobre que estaríamos a conversar, mas lá para o meio de uma qualquer frase, tornar-se-ia imperceptível, até para os latinos. Com a experiência que temos de Espanha, já se sabe que ninguém se dá ao trabalho de comparar uma língua com a outra e acaba por dizer "<i>perdón, pero no te entiendo</i>".</div>
<div style="text-align: justify;">
O ambiente luminoso da sala encontrava-se reduzido, dependendo essencial-mente da curta projecção da chama de cada uma das velas acesas. De um lado da mesa, um longo e contínuo sofá, mais confortável, para o qual a dirigi. Só não pude executar o cavalheiresco gesto de afastar o assento para deixá-la acomodar-se porque não se tratava naturalmente de uma cadeira, nem tão-pouco era amovível. Compensei essa falha de etiqueta masculina, ainda que não deliberada, auxiliando-a a remover o casaco e a dobrá-lo sobre o banco almofadado, assim como com o ajuste da mesa mais para perto de si, o que me faz recordar neste momento que ela é Pequenina. Talvez por isso me desse mais vontade de agarrá-la como a um ursinho de peluche para dar-lhe beijinhos e fazer-lhe carícias. Sou assim mesmo, um coração mole. "Diz que" não é defeito, é feitio. Nunca tive gosto em deambular pela maldade, falta de tacto, ausência de carinho, défice de ternura. Se esta Bonequinha é quem mais amo na minha vida, merece lá agora que entre num espírito aterrorizante, de ansiedade. Eu próprio não mereço, quanto mais passá-lo à pessoa mais importante da minha vida. Não conseguiria fazê-lo, sequer, ainda que tentasse. Daquele arco-íris que todos nós trazemos no nosso interior, apenas prefiro o negro para a minha forma de vestir. Acho que peças de roupa mais escuras ficam-me bem, mas não é nada de mais, porque esta é praticamente uma verdade absoluta, sendo que é aplicável à maioria das pessoas.</div>
<div style="text-align: justify;">
Depois de analisarmos a carta deixada pelo <i>mâitre</i>, fiquei inclinado para a secção das pizzas. Poder-se-iam perguntar, "mas para quê comer pizza num restaurante tão fino quanto este, quando o que não falta para aí são restaurantes de comida rápida que servem exactamente o mesmo?". Pois bem, servem exactamente o mesmo, se nos orientarmos pela designação. Já a confecção dos pratos entre os referidos lugares mais comuns e esta casa nada tem a ver. Só o empratamento, modo de apresentação, etc. valem o que se paga pelos mesmos, e não fica muito mais caro do que numa cadeia ordinária (no sentido positivo de «habitual», não em tom pejorativo). Perguntei-lhe então o que é que gostaria de degustar.</div>
<div style="text-align: justify;">
- Vejo aqui tanta coisa boa, não tenho bem a certeza do que vou querer... mas podes escolher tu, se não te importares. O que preferires está bom para mim.</div>
<div style="text-align: justify;">
Chamei-lhe Tonta. Bem sabe que não é por mal, mas a intenção mais clara deste... digamos, «adjectivo» teve como seguimento a explicação que lhe dei, ou seja, que aquela noite era dela e que podia fazer como mais lhe apetecesse. Não é que se tratasse de uma noite excepcional no que a esse aspecto diz respeito, pois que todos os dias tinha liberdade de fazer o que bem entendesse, e não era eu que tinha de lha conceder. Já antes o disse, de novo o repito, pode ser a minha Bonequinha, mas não é minha «propriedade». Estamos a falar de uma pessoa, não de um objecto para usar por entretenimento e depois arrumar a um canto, numa prateleira mais alta, coberta de pó, ficando lá esquecido. E isto quando os objectos ainda são arrumados. Há quem não goste de sentir que ainda estão por perto e que podem cair a qualquer momento lá das alturas, quando uma pequena brisa, embalada pela corrente de ar vinda da janela aberta, os empurrar rumo ao chão, cujo estrondo assemelhar-se-á a uma pancada forte sobre a cabeça, relembrando a triste verdade. Mas então será já tarde demais. Já o objecto ter-se-á habituado a não ser desejado, e por isso não quererá voltar a ser usado, só para ir parar ao mesmo solitário local. É um ciclo para o qual ninguém está virado, de todo.</div>
<div style="text-align: justify;">
Acabei então por sugerir o que o paladar me incitara a preferir, uma pizza com <i>Prosciutto di Parma</i>, <i>Basil Pesto</i>, <i>Oven Roasted Tomatoes</i> e <i>Olives</i>. Os últimos dois ingredientes poderiam ter sido citados com a devida tradução, mas alturas há em que momentos de snobismo não são fáceis de conter. Para beber, dois copos de <i>Cabernet Sauvignon</i>, tinto, doce, simplesmente maravilhoso. Agora já podíamos beber ambos, se se tratasse de há uns anos atrás é que ficaria por minha conta comprar a borbulhosa e agradável cevada, mas só para beber em casa. O passaporte não engana, "já dizia o outro". Havia cerveja ali servida também, claro, mas isso podia ficar guardado para outro dia qualquer. Aquilo sobre que conversámos naturalmente só a nós diz respeito, mas posso adiantar que abordámos Arte, na maioria do tempo, mesmo depois de chegar a pizza repousada num suporte sobre uma lamparina, para não arrefecer. Luxos destes não se encontram em todos os lados. No seio do contexto da Arte, Teatro. Era o assunto que mais nos interessava, não só académica, como profissionalmente. Falámos sobre nós, enquanto pessoas, enquanto amigos, enquanto secretos namorados. Secretos, justamente porque a atracção que se gerava entre ambos era evidente, só não via quem não queria.</div>
<div style="text-align: justify;">
Depois de nos satisfazermos ambos, cada um com uma metade simetricamente repartida, tornei a chamar o <i>mâitre</i> para pedir a sobremesa. Disse-lhe que não valia a pena trazer a carta.</div>
<div style="text-align: justify;">
- Come tu, se quiseres, eu já estou cheia, mas obrigada...</div>
<div style="text-align: justify;">
Sorria. Era um sorriso algo envergonhado, devo confessar, mas genuíno, como sempre.</div>
<div style="text-align: justify;">
Tendo aperfeiçoado a minha falta de jeito para trabalhos manuais, a sobre-mesa de surpresa vinha aí. Faltava-lhe a classe de vir colocada sobre uma bandeja, mas tenho perfeita noção de que já seria pedir muito ao pessoal da casa. Todo o complô tem limites, mas os que têm as melhores intenções. Era um embrulho majestoso, com laçarote incluído, no mesmo tom misterioso dos seus cabelos, consoante a intensidade da luz, já se sabe.</div>
<div style="text-align: justify;">
- O que é isto, Ti...?</div>
<div style="text-align: justify;">
Os olhos arregalavam-se-lhe em confusão e surpresa. Respondi, muito sucin-tamente, que era a sobremesa. Vinha era especialmente embalada e precisava de ser aberta. O que a Bonequinha encontraria no seu interior fá-la-ia ascender aos céus, só para trazer estrelas no lugar das íris.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEifn_SITRHVRoGxNzYQ2J_0KtQjMMp_-6q8p54z64ziNMiR0neAxOTxq-brWs7qr55ZQXYqXbixNRg6gHNY9dj5jpwoYfrmo7E-WFRUbYvVo8suJdG_qAaE-2aYx0eu9YcfX3Ym/s1600/Edit2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEifn_SITRHVRoGxNzYQ2J_0KtQjMMp_-6q8p54z64ziNMiR0neAxOTxq-brWs7qr55ZQXYqXbixNRg6gHNY9dj5jpwoYfrmo7E-WFRUbYvVo8suJdG_qAaE-2aYx0eu9YcfX3Ym/s400/Edit2.jpg" width="400" /></a></div>
<br />
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj1OIhuLj2MTW7eOCEQbkpafnmkfZpWsY0TnPUisZTQryO_4Rwc0LQ0aM7K2VlMvm8JqFwcU5HHfCU0J4uSsYNpRhEHyHtQFreJYexqSazTWx_Pnmg7MSTy6pCFUD3KBTa0U4-s/s1600/Edit.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj1OIhuLj2MTW7eOCEQbkpafnmkfZpWsY0TnPUisZTQryO_4Rwc0LQ0aM7K2VlMvm8JqFwcU5HHfCU0J4uSsYNpRhEHyHtQFreJYexqSazTWx_Pnmg7MSTy6pCFUD3KBTa0U4-s/s400/Edit.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/15313134159492604742noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-20155578.post-32165120309473789662015-09-28T13:50:00.000+01:002015-09-28T22:21:11.987+01:00Carta de Beethoven à Sua «Amada Imortal»<div style="text-align: justify;">
6 de Julho, de manhã.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
Meu anjo, meu tudo, meu eu. - hoje apenas algumas palavras, e a lápis (com as tuas) - não poderei assegurar-me do meu alojamento aqui até amanhã - que desnecessária perda de tempo - porquê este sofrimento profundo, onde a necessidade toma a palavra - poderá o nosso amor existir senão por sacrifícios, sem que exija tudo.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
Podes alterá-lo, não seres completamente minha, não ser completamente teu? Ó Deus, vislumbra a bela Natureza e acalma a tua mente sobre o que tem de ser - o amor exige tudo e totalmente em razão, é assim comigo contigo, e contigo comigo - só que esqueces-te muito facilmente, de que devo viver para mim e para ti também, se estivéssemos unidos inteiramente, não seria para ti tão doloroso, tal como não seria para mim - a minha viagem foi terrível. Não cheguei cá senão às quatro da manhã de ontem. Como havia poucos cavalos, o coche dos correios optou por outro caminho, mas como foi abominável! Fui avisado à última da hora para não viajar de noite; tentaram assustar-me por conta da floresta, mas isso apenas me deixou mais desejoso. - Estava enganado. O coche ficou preso na horrível estrada, uma sem pavimento apropriado, das rurais. Se ambos os cocheiros não tivessem estado comigo, teria ficado retido no caminho. Esterhazi tomou o caminho habitual para aqui e incorreu no mesmo fado com oito cavalos, o dobro dos que eu tinha. - Retirei no entanto algum prazer da situação, como sempre faço quando sou bem-sucedido a ultrapassar dificuldades. - agora rapidamente do interior para o exterior. Provavelmente ver-nos-emos em breve, só que, hoje não posso comunicar-te as observações que fiz ao longo destes poucos dias sobre a minha vida - Se os nossos corações estivessem sempre juntos, tais pensamentos não me ocorreriam. o meu coração está repleto de tanto que tenho a dizer-te - Oh! - Há momentos em que sinto que a língua nada vale - anima-te - permanece como a minha fiel mais-que-tudo, o meu todo, como eu para ti, o resto aos Deuses pertence, o que deve ser para nós e o que está guardado para nós. -</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
o teu fiel ludwig -</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: center;">
Tradução do Inglês</div>
<div style="text-align: center;">
TiL</div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/15313134159492604742noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-20155578.post-54501396799445644532015-09-27T20:25:00.000+01:002015-09-27T23:39:49.739+01:00O Encontro (2015) | 3.ª Parte<div style="text-align: justify;">
- Então, onde é que vamos?</div>
<div style="text-align: justify;">
Respondi apenas que era surpresa, retorquindo posteriormente no remate se-guinte que, se era para proferir com todas as letras o nosso destino, então a surpresa não serviria de nada. Como seria quando chegasse o Natal e tivesse um embrulho em seu nome debaixo do pinheiro sintético? A criança que existe dentro de nós, porque esta nunca nos abandona, jamais, não vale a pena querer ser racional por completo, não é da nossa natureza, há-de sempre pressionar a curiosidade para que saiba de antemão que mistérios e segredos são esses que aqueles que nos amam têm para nós, entrando, se necessário for, em modo de chantagem, mas no bom sentido, com certeza, como seja ameaçar que não há mais beijinhos para ninguém se não dissermos. Mas a verdade é que, se soubermos esperar e se confiarmos no bom gosto do outro, que nos conhece melhor do que ninguém, essas ameaças caem por terra e muitas vezes acabam por se inverter em mais de cem por cento, querendo dizer que o recompensamos com muito mais do que beijinhos. É só permitir que o coração dialogue com a mente e o nosso agradecimento por ele ou ela ter pensado em nós e no nosso melhor será o mais criativo de todos.</div>
<div style="text-align: justify;">
Adivinhando desde logo que da barreira dos meus dentes palavra alguma tres-passaria (subtileza trágica), não mais tornou a insistir. Nem me ameaçou de modo nenhum. Sempre que procurava fazê-lo, acabava a rir-se, olhando-me as íris em busca de algo que lhe desse a entender que eu acreditava, mas a minha resposta era sempre a mesma, tanto que já a citava de cor, como qualquer actriz profissional:</div>
<div style="text-align: justify;">
- Já sei, já sei... andas nisto há muito tempo!</div>
<div style="text-align: justify;">
Se era verdade, para quê negá-lo? Não é que o não fizesse de vez em quando, mas era só para fazer género e vê-la rir-se da minha expressão patética de falsa soberba.</div>
<div style="text-align: justify;">
Por conta dos nervos e do cansaço, os seus olhinhos, no sentido de serem doces, porque em tamanho eram grandes, belíssimos e luzidios, iam-se fechando. Questionei-a, então, procurando saber se tinha sono e se preferia antes ir para casa descansar um pouco. Este é o sentido mais literário da minha pergunta, porque, e em verdade vos digo, sem traições, os termos com que a coloquei foram muito mais pueris, ou seja, se queria "fazer óó". Não me julguem, é ela que me derrete assim, como chocolate num dia quente de Verão. Atirem a primeira pedra ao charco, se nunca antes o enunciaram desta forma.</div>
<div style="text-align: justify;">
- Não, Ti, só estou muito cansada, mas feliz por estares aqui, mesmo muito.</div>
<div style="text-align: justify;">
E encostou-se ao meu ombro, repousando sobre este a sua cabeça. Muitas vezes era apenas capaz de pensar que os seus cabelos só podiam ser mágicos, não só pelo tom variável que assumiam consoante a luminosidade, algo que lhe gabava frequentemente, mas pelo olor perfumado que lhes era tão natural. A minha lisonja constante, relativa aos seus atributos enquanto mulher, pode parecer por vezes cansativa ao olhar, mas não é por mal que o faço, pelo contrário. É porque é a mais pura das verdades, e mal nenhum não existe em dizer à nossa cara-metade o quanto lhe queremos. Enquanto isto, entrelaçou também os dedos da mão direita com os da minha mão esquerda, e deixou-se estar, só com a firmeza necessária para se sentir segura, certa de que jamais permitiria que algum mal lhe acontecesse.</div>
<div style="text-align: justify;">
Os motoristas da <i>Uber</i> são bem mais simpáticos do que os regulares taxistas, e portanto não é de estranhar que eles mesmos iniciem conversa com os passageiros. Percebi pelo retrovisor central, no qual vi o seu olhar reflectido, que era uma pessoa simpática e jovial. Embora não tivesse sido capaz de perceber o conteúdo da minha conversa com a minha Bonequinha, há termos linguísticos, e não necessariamente contidos na fala, que são universais, independentemente da zona do globo. Por isso deixou-se ficar em silêncio, deixando apenas transparecer um sorriso, quase como que cúmplice.</div>
<div style="text-align: justify;">
O trânsito estava ligeiramente caótico. Mesmo circulando em avenidas tão lar-gas quanto aquelas, o espaço não é suficiente para milhões de carros que sobre as mesmas podem rolar em apenas poucas horas. Enquanto passávamos entre o observatório e o famoso letreiro, numa das principais artérias, fui olhando o exterior. Quase que não havia zonas escurecidas, a iluminação proveniente de várias fontes eléctricas não o permitia. Desde a minha primeira visita à cidade, na companhia da minha melhor amiga, cidadã nacional, embora não sendo originária deste estado, que me apaixonara totalmente. Podem até dizer que é snobismo ranhoso, mas a impressão que tenho vindo a construir cada vez mais no meu pensamento é a de que a Europa está a tornar-se demasiado empertigada, e não só com pessoas oriundas de outros continentes, mas também com os próprios europeus. Afinal, de civilizados os habitantes nascidos neste continente têm muito, mas a maior falha acontece no sentido cívico. Não temos o direito de negar asilo a refugiados, se alimentámos a guerra que provocou a sua partida, muito menos com o nosso histórico. Os europeus, enquanto berço civilizacional do Ocidente, não se escusaram de eliminar pelo menos três civilizações americanas, entre outras tribos menores, cuja execução ficou a cargo dos britânicos, a Norte. É claro que Astecas, Maias e Incas, distribuídos pelo Centro e Sul do Novo Mundo, apenas atingiram o estatuto imperial por sacrifício de tribos isoladas, pelo que matar para conquistar não é nada de novo, de todo. Chega a ser pré-histórico, inclusivamente.</div>
<div style="text-align: justify;">
Então porquê apaixonar-me por uma Menina europeia como eu, e não de outro continente? Não são os traços ancestrais, demográficos, étnicos, geográficos, políticos ou religiosos que definem uma pessoa. Funcionam em modo de contributo, sim, mas a pureza contida no coração não é tão superficialmente moldável. É uma impressão que só a natureza pode deixar marcada e inscrita na mais profunda cavidade de cada um. E foi isso principalmente que emitiu o sinal necessário. Não precisámos de conversar extensivamente para incorporar a sua personalidade. Não é ocasional que, quando alguém nos elogia, sintamos que estão a pintar um quadro demasiado bonito, com recurso ao nosso arco-íris interior como fonte de tinta, crendo que não somos tão coloridos quanto isso para desenharem um Sol bem brilhante e sorridente num dos cantos superiores, junto à aresta da moldura, mas não é essa falta de confiança que vai ditar a percepção que temos da personalidade dos outros. Não, ninguém é perfeito, todos temos defeitos. É isso que nos dá vida, que alimenta uma relação. Alguém com aspectos contrários aos nossos é quem falta para completar-nos, nós que vivemos com uma metade só e estamos condenados a procurar o ente querido, separado de nós originalmente pelo poder de Zeus, mas também pelo medo, não fossem os humanos virar-se contra ele e restantes olímpicos para tomarem o lugar que é seu por direito. O negro também é uma cor, mas os defeitos que nos são característicos não passam necessariamente pelas trevas. Pode nem se tratar sequer de um cinzento carregado, mas talvez de um tom mais esbatido. E sempre que um de nós se sinta azul, o outro estará lá para complementar a paleta.</div>
<div style="text-align: justify;">
Estando o caminho um pouco mais livre, vamos avançando, até que chegamos enfim ao destino. O motorista desliza o indicador no seu telefone, concluindo o percurso e cessando a cobrança pela viagem. Bastante sensível, aguarda que acorde a minha Bonequinha, ao invés de escorraçar-nos dali para fora. Levanto com carinho e gentileza o seu queixo e encosto a minha fronte à sua. Chamo-a pelo diminutivo e digo-lhe que chegámos. Abandonamos o veículo e os seus olhinhos prendem-se à magia daquele lugar. Puxa-me do braço para alcançar uma das minhas maçãs-do-rosto e aí deposita um beijo profundo, onde tenho a certeza de que o batom terá ficado marcado. É quase como se o cansaço lhe tivesse passado de súbito. Há vida em si uma vez mais.</div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/15313134159492604742noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-20155578.post-19035751034689305422015-09-26T21:45:00.000+01:002015-09-27T01:02:44.244+01:00O Encontro (2015) | 2.ª Parte<div style="text-align: justify;">
Ainda não comprei um carro. Confesso que seria muito mais agradável fazer a viagem a nível particular, mas trazer o meu primeiro a partir de outro continente era absolutamente inexequível e, por agora, devo amealhar o mais que puder. Não é que o orçamento me chegue à risca, mas apenas eu recebo salário e não quero endividar-me para já. Não posso transformar-me num fardo público para o Estado, é o que a Lei diz, para além de que o meu visto não é ainda de residência permanente. Mas já falta pouco para alcançá-lo. De qualquer das formas, é óbvio que já tratei de pedir equivalência à minha carta de condução original. Nem que fosse apenas para fazer género, e a questão é essa, no fundo, mas restrita apenas ao entretanto. Depois, logo se verá.<br />
Existem outras alternativas, agora que penso nisso. Posso alugar uma viatura. Aqui, praticamente ninguém conduz com transmissão manual. É neste momento que me recordo de um expatriado que, nos tempos de juventude, percorreu toda a Europa e acabou por escolher a minha terra-natal como local definitivo onde ficar. Dizia ele, na sua língua e bastantes vezes: "I'm lazy...". Pois sim, sou capaz de entender a sensação. Seria um estereótipo dizer que todos os habitantes desta zona do globo são exactamente iguais em iniciativa, mas não é de todo o caso. Conheço pessoalmente quem tenha até demasiado ímpeto, quase que irrefreável, mas numa altura em que mecenas algum está disposto a oferecer a mão, senão a troco dos devidos interesses, claro está, não existe qualquer maneira de suplantar as dificuldades que habitualmente se afiguram a gente dotada com os apropriados valores éticos e morais. Por isso vou prestando eu mesmo algum auxílio, dentro das minhas possibilidades. Para além disso, como referi supra, tenho de governar não só a mim, mas também a minha Menina. Trabalha, mas não pode receber salário se estiver a estudar em simultâneo. A Secretaria de Estado da Administração Interna, que tutela os Serviços de Estrangeiros e Fronteiras, disponibiliza imensas categorias de vistos, mas cada qual reflecte as suas burocráticas limitações. Obter um visto de estudante acaba por ser um negócio justo para quem pode ter uma vida num país diferente sem possibilidade de remuneração. Paga primeiro ao Estado, recebe depois, mas não necessariamente a partir de dinheiros públicos; tudo depende da entidade patronal, inclusivamente a justiça do trato, se será digna de assim ser designada, com base no equilíbrio entre o que se pagou no passado e o que se vence no presente.<br />
Mas posso também chamar um <i>Uber</i> pelo telefone. É mais prático. Não o faço porque esteja à procura de problemas ou com vontade de participar numa cena real de pancadaria com taxistas mal-educados e de péssimo humor. É um facto, parece que mesmo noutro ponto qualquer do globo, a imagem de marca mantém-se. No Reino Unido, por exemplo e pelo contrário, nunca apanhei taxistas mal-humorados. Não é de admirar. Eu, que levo a carteira talvez um pouco mais abastecida do que o costume, só por conta das necessidades mais imediatas que não aceitem cartão ou autocarros de dois andares que me peçam um <i>Oyster card</i> carregado, certamente esvaziá-la-ei para atestar a dos motoristas. Primeiro, porque assim que vislumbro as estradas a partir da janela da cabine da aeronave, vejo faróis e retrorreflectores vermelhos na faixa de rodagem do lado esquerdo, enquanto os bi-xénon amarelos e brancos iluminam o lado direito, fico logo confundido. Não fosse estar escrito no chão o lado para onde devo olhar junto à passadeira, provavelmente trocar-me-ia por completo, acabando atrás da viatura num único salto. Depois, até alcançar o hotel, já bastante de noite e em caso de greve inesperada, com certeza, estando Heathrow na extremidade da cidade, o caminho é longo e é tão fácil enganar o pobre coitado do turista com recurso a "atalhos" que não encurtam, mas, muito ao revés, só aumentam ainda mais a relação espaciotemporal que existe entre uma viagem cansativa, ainda que curta, mas voar é assim mesmo, e cama feita de lavado onde repousarei o meu inerte cabedal. Mas parece que, quanto mais cansado, menos durmo. As crianças não têm problema nenhum; depois de andarem a correr de um lado para o outro durante o dia, especialmente em copos d'água ou festas de baptizado, dormirem doze horas seguidas revela-se apenas como mais uma fatia de bolo de chocolate. Agora eu, que escrevo e puxo pelos miolos, talvez derramados no interior do meu crânio, uma imagem inspirada n'<i>A Celestina</i>, atribuída ao raciocínio cáustico de Fernando de Rojas, activo durante duas semanas (não sou particular crente dessa declaração, uma vez que eu próprio idealizei um livro em cinco dias, mas o registo pareceu-me ser demasiado maníaco e não avancei para a publicação), que queria poder conseguir dormir uma noite seguida, sinto que o meu subconsciente é invadido por aquilo a que chamam <i>As Intermitências da Morte</i> (mais uma piada literária).<br />
Definitivamente, talvez seja melhor chamar um <i>Uber</i>. É mais rápido. Talvez não mais barato, mas não faz mal. Não olho a meios para alcançar os fins. Esta frase tem o condão de habitualmente ser empregada em contextos linguísticos particularmente duvidosos, mas se me é permitida a explicação, neste caso específico, não olho a meios, que é como quem diz dinheiro, para alcançar os fins, que são muito concretamente fazê-la sorrir, sentir-se feliz e, em especial, amada. Não é de todo necessário investir economias para agradar a uma mulher. Verdade, concordo em absoluto, mas prefiro confiar nos dotes culinários de profissionais do que nos meus para que a minha Menina possa sentir-se satisfeita de estômago. Além disso, não tenho também um quintal ou um terraço particulares. Conto vir a tê-los num futuro de médio-prazo, quiçá, mas por enquanto estou limitado nesse sentido. Significa isto que não possuo um roseiral. Logo, tenho de ir à <i>florería</i> mais próxima e pedir que lá me façam um botão para a lapela do casaco, talvez com recurso a um pequeno alfinete, para que a rosa vermelho-sangue, do mesmo tom do batom que repousa sobre e se une aos seus apaixonantes lábios num brilho natural, já se sabe, não deambule no interior do bolso e rompa as suas formosas pétalas. Faço sempre questão de escolher uma das rosas mais vivas e florescidas. Flor por flor não me agrada. Se vou oferecer alguma coisa, então que seja nas devidas condições. Menos do que isso, e é uma ofensa. Talvez não para ela, que tem um coração doce e apreciará decerto o gesto, mas para mim, que não a enalteci como senti que deveria ter feito.<br />
Enquanto aguardo junto à entrada para o <i>Bowl</i> (o espectáculo vai ser ao livre!, como no anfiteatro da internacionalmente reconhecida Fundação para lá do Atlântico...), vou entrando na aplicação, já de crédito confirmado, e procuro condutores disponíveis na zona. Há sempre alguém livre para cobrar entre dez e vinte unidades monetárias extra no final de cada semana. Ainda para mais, hoje é sexta-feira, é conveniente. Eis que de súbito, depois de convocar o motorista, ouço a pureza da sua voz percorrer-me o ombro e chegar ao meu ouvido:<br />
- Ti!<br />
Algo na minha mente dispara, depois de instantaneamente assimilar aquele chamamento, e logo pela minha sílaba favorita. O coração acelera, sinto-o reverberar no interior da caixa torácica. É um facto facilmente explicável. Estar apaixonado e amar a sério compreende <i>sempre</i> entusiasmo por partilharmos o lado íntimo da nossa vida com quem o mesmo coração escolheu. Não é assim tão atractivo, pelo menos no que me diz respeito, não olhar a obstáculos para conquistar a donzela e depois deixar-se encostar ao garantido. Isto porque, surpresa, cortar o oxigénio à chama provocará a sua extinção. Portanto, não, não é garantido que uma relação dure se pelo menos uma das partes não se preocupe em mantê-la. Eu não me preocupo, preocupar-te-ás tu por que carga de água? É muito triste, mas acontece.<br />
Por isto mesmo, eu, em me virando de frente, não dou conta de que o queixo me descaía. Secam-se-me os lábios, humedeço-os com a ponta da língua irreflectidamente. Ela está... como é que se descrevem visões que não fomos ensinados a aguardar no contexto da vida real, senão apenas em sonhos e histórias fantásticas? Por sua vez, já sabe quais são os meus nomes carinhosos mais comuns, mas não é por repeti-los ocasionalmente que se cansa ou os considera chatos. É simplesmente o meu jeito de me dirigir a si com ternura. Direi apenas, para que reste a ideia, que era a minha Bonequinha. E isso terá de ser suficiente para agradar quem por aqui vagueia, independentemente de ter um propósito ou caminhar errante, pela errância errando.<br />
Pergunto-lhe como correu o ensaio:<br />
- Não estive muito segura no monólogo...<br />
Teria sido alguma branca? Com tanta coisa em que tem de pensar simultaneamente...<br />
- Não, foi o tom... senti que deixei cair um pouco a cena, e ainda ontem tinha saído tão bem...<br />
Assegurei-a, é claro, de que não havia problema. Os ensaios-gerais para isso mesmo serviam. Errar hoje, rebentar com tudo amanhã. Seria pior se se tratasse de um exercício de três dias. Nervos na estreia, mas rebentamento conferido; moleza no segundo dia, uma superstição já cansada de ser comprovada; saudosismo na última noite, com as despedidas e a cessação da energia construída durante meses, apenas para ser demonstrada num total de quatro horas e meia, isto multiplicando. É assim mesmo a nossa vida.<br />
O motorista estava a aproximar-se. Reconfortei-a uma vez mais, coloquei-lhe um beijo carregado sobre os cabelos perfumados, e abri-lhe a porta do carro.<br />
- Não vamos para casa de transportes, hoje?<br />
A minha resposta foi, quase num sussurro, que não iríamos para casa.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjvOu5ds5Odt5QbFYTFjnc5SOCXFNE8Oc848PAwU1Mflbjx2GqhCRqP4P0rhGyyn2s0DhITKdYNzKZ6xxdmsapk3DYhzF86tv_Cum4S-H-ZdNMmLH5_ERsphuxdoXz8zjLNp6k3/s1600/20150411_170328.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjvOu5ds5Odt5QbFYTFjnc5SOCXFNE8Oc848PAwU1Mflbjx2GqhCRqP4P0rhGyyn2s0DhITKdYNzKZ6xxdmsapk3DYhzF86tv_Cum4S-H-ZdNMmLH5_ERsphuxdoXz8zjLNp6k3/s400/20150411_170328.jpg" width="400" /></a></div>
<br /></div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/15313134159492604742noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-20155578.post-14793916769642519652015-09-26T00:00:00.000+01:002015-09-26T00:00:03.100+01:00O Encontro (2015) | 1.ª Parte<div style="text-align: justify;">
Esta noite há ensaio-geral, e está marcado para as dezanove horas. Onde vivemos em tempos, a prática comum para espectáculos em cena era marcar o seu início entre as vinte e uma horas e as vinte e uma horas e trinta minutos. Nem mesmo em pleno Inverno, quando o céu entra em depressão, chorando os seus incontáveis milhares de milhões de lágrimas, enregeladamente suspirando sobre o ocasional transeunte ou mesmo ambos, num cenário de indubitável e completa desgraça, ao qual o madrugador crepúsculo vespertino vem adicionar tons tenebrosos, as horas destinadas à actividade cultural são trocadas por outras mais confortáveis a alguém que teve um dia trabalhoso e que gostaria de experienciar um momento recreativo por sua alta recreação, embora desejando mais tarde, depois de abandonar a sala, eventualmente tomar um chá de eucalipto para se aquecer e entregar-se a um bom romance, entrelaçado no cobertor, sobre o sofá, junto à lareira, se de uma dispuser. Não. Efectivamente, quando o espectáculo terminar, subtraindo o tempo que se demora a chegar a casa através de transportes públicos, táxis incluídos, será impossível relaxar e atrair a vinda do sono, senão mesmo aquecer primeiro, e só depois mergulhar debaixo dos lençóis para, ó triste fado, ter de acordar abaixo dos limites de repouso recomendados para um adulto. Somos demasiado jovens para acordarmos com cinco ou seis horas de descanso e começarmos a encovar os olhos nas suas órbitas. A um jovem adulto, como eu e segundo a opinião de algumas amigas, até que é charmoso para um homem carregar uma ruga de expressão ou duas, independentemente da tenra idade. Significa que sabemos sorrir, e não é só com os lábios, pois que sorrisos desses não são verdadeiros, se não convencerem os olhos a sorrir consigo também. Do cabelo grisalho, nem se fala, mesmo que seja um pequeno fio, oculto entre o negrume das têmporas, brilhando apenas consoante a luminosidade solar de cada dia.</div>
<div style="text-align: justify;">
Mas a nossa rotina já não é esta. Deixámos de ir ao Teatro na capital e já não são estas as horas a que o frequentamos, no seio de toda aquela gente que conhecemos, e, na sua maioria, até bem demais, absolutamente tóxica e enodoante para o bom nome que a nossa arte um dia carregou, ou pelo menos assim gosto de pensar que aconteceu, uma época em que não tenhamos sido colocados à margem por querermos dar corpo e voz à arte, uma vida, enfim, permanecendo na pureza dos nossos corações, tal como começaram a bater depois de formados no ventre, impermeáveis à corrupção e ao vício, em especial de nos envenenarmos mutuamente, uns contra os outros, numa tentativa pútrida de nos aniquilarmos enquanto mensageiros da paz pela cultura de uma sociedade, apenas para nos marginalizarmos cada vez mais, por nós próprios, e perdermos o mérito que nos seria normalmente devido e, como bónus, reconhecido.</div>
<div style="text-align: justify;">
Agora habitamos um outro estado, somos alienígenas legais, com vista para o Pacífico e um cais que penetra o horizonte, quase como se fosse decididamente capaz de nos levar àquele aparentemente intocável ponto onde o mar beija o céu. Não é que uma cara-metade tenha de mudar pela outra; se nos amamos, é tal como somos. Não tenho o direito de querer construir ninguém à minha imagem, não sou narcisista. Para isso, ver-me-ia ao espelho, e mesmo assim é só quando o asseio o exige, não por admiração própria.</div>
<div style="text-align: justify;">
São quase vinte horas e trinta minutos. O ensaio há-de estar a chegar ao fim. Vou levá-la a jantar na Baixa, mas ainda não sabe. É surpresa. Xiu...!</div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/15313134159492604742noreply@blogger.com0