terça-feira, 3 de agosto de 2010

Despedida

Quase cinco anos depois, despeço-me. Não há condições criativas e inspiradoras para continuar. O tempo que passou foi bom. Amámos, contámos, criámos, imaginámos, reportámos... Também nos chateámos e desaparecemos durante meses, tal como agora, para depois voltarmos e fazermos as pazes após discussões sem sentido.
Mas parece que chegámos ao fim. Toda a corrente artística tem um fim. O nosso próprio neo-romantismo já passou de moda. Hoje, vestem-se t-shirts de riscas horizontais verdes, e não t-shirts onde o preto é dominante, senão a única cor possível dentro de uma amargura intensa ou então superficial, mas ainda assim tocante o suficiente para nos entregarmos à melancolia perversa e, sem haver como evitá-lo, racionalmente falsa.
Já não há lugar para a confusão amorosa dentro de um triângulo que nunca existiu, mas também já não há espaço para exigir novas asas com que voar daqui para fora, agarrado a alguém que possa ser pintado como um mais-que-tudo, ou mesmo sozinho.
Consideramo-nos crescidos, e, por isso, não há paciência (por muito odioso e arrogante que seja enunciar um segmento como este numa frase) para escrever palavras infantis num texto ainda mais infantil que agradece a presença constante de alguém após momentos agonizantes que, vistos no presente, não passam de quedas vitais para a aprendizagem do que é viver num mundo imperfeito e, por isso, descritas de forma humilhante para nós próprios.
O tempo, agora, é outro, e mergulhar constantemente em determinadas memórias pode fragilizar-nos, mas também pode fortalecer-nos e levar-nos a aprender cada vez mais, relendo a História que nos fez todos os dias chegar a quem somos no dia de hoje, e é por isso que nos manteremos activos até que as nossas palavras sejam proibidas.
Sigamos em frente, cada um no seu caminho, entroncando-o com o do outro, sempre que necessário.
Até à vista