quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Viver

   Ainda há pouco tempo, uma coisa de uns dias, estava a sonhar acordado. Peço-te, não te deixes incomodar por me ouvires falar frequentemente em sonhos. Sonhar é simplesmente uma forma de atear o combustível que nos percorre as veias rumo à realização do que sempre nos pareceu impossível e, no entanto, é tão facilmente concretizável. Basta querermos, não é segredo algum.
   Qualquer lugar dentro do País me serve para poder estar contigo. É só dizeres-me que queres ver-me, enlaçares a tua mão na minha e sou feliz. Ninguém poderia jamais dizer-me o contrário. Lembras-te de ter criticado de volta quem critica os apaixonados, aqueles que dizem que há namorados que são demasiado infantis por acreditarem em contos de fadas? Pois bem, tal como isso nunca me incomodou antes, agora muito menos. Sabes que... teres surgido, assim tão inesperadamente, foi como ter renascido? Não só para mim próprio, porque creio que é importante renascermos para nós mesmos depois de experiências de vida pelas quais sacrificámos a nossa precisa existência, mas também para o mundo e, muito em especial, para ti. Vejo-me mais forte, mais crescido, mais disponível para enfrentar situações que têm um gosto doentio em assemelhar-se a obstáculos ao meu percurso habitual, desafiando-me a contorná-los para lá dos limites da zona de conforto. Não é porque tenho vinte cinco anos que teria de ser adulto por completo. Pessoas mais velhas do que eu há que deveriam marcar o exemplo, mas na verdade... ao meu equilíbrio de razão e emoção o devo.
   Fazes-me falta. Não é estar apaixonado que me faltava. Paixões e, mais habitualmente, paixonetas, toda a gente tem em algum momento da sua vida e, com a devida maturidade, sabe que não é coisa para durar. Ter-me enamorado de ti e só de ti, isso sim, é o que não estava presente em mim e me não completava. Tendo-te toda em mim, serei uno enfim. Não é que a minha vida não corra, actualmente. Corre. Mas também gosto de caminhar, caminhar pela beira do rio num passeio de domingo à tarde, e é contigo que quero fazê-lo.
   Mas aquilo que queria mesmo retirar do onírico e tornar realidade era simplesmente fazer uma escapadinha, sem nada nem ninguém, só nós. Apanham-se voos hoje em dia pela mesma pechincha que um bilhete de comboio para o Porto, ou até mais barato, mais do que levar o meu próprio carro ou aguardar pela tua chegada ao terminal das carreiras intercitadinas. Quero raptar-te de manhã e voltar só à noite, porventura não te deixando sozinha mesmo depois desse dia juntos, ou levar-te ao princípio da tarde e regressar apenas no dia seguinte.
   Levo-te a tomar o pequeno-almoço em Londres, a almoçar em Paris, a jantar em Roma e a navegar de gôndola em Veneza, ou simplesmente outro lugar qualquer que queiras visitar, desde que me prometas que fá-lo-ás comigo, para que possamos unir-nos nesse desejo de conquistarmos o mundo sem preocupações, reconfortando-nos mutuamente no calor um do outro, ainda que os céus se fechem e as suas lágrimas nos abençoem.
   No final de um sonho, outro se seguirá.

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