sábado, 2 de dezembro de 2006

"Na o Pa go"


Peço desculpa às pessoas mais "sensíveis" mas, após ver a reportagem no telejornal da Sic "Perdidos E Achados", senti-me "obrigado" a escrever algo! A reportagem tratava sobre uma geração que foi chamada de "rasca". E foi chamada de rasca devido a outros actos de activismo como este da imagem. O que se lê na imagem é "Não Pago".
Isto passou-se em 1992, ano em que as propinas foram introduzidas nas universidades portuguesas. Esta nova barreira aos estudantes provocou um enorme movimento estudantil, obviamente, contra as propinas.
Para quem não sabe, actualmente as proprinas estão à volta de 900 euros por ano que são adicionadas aos outros muitos e pesados custos para os estudantes!
Ora, nesta reportagem, um dos autores deste acto corajoso (sim, porque para quem os rabos estão dirigidos é para o ministro da educação da altura) disse que, com as propinas, até parece que é um privilégio para qualquer pessoa ter acesso à educação. E de seguida disse, o que deveria ser claro e óbvio para todos: "É um direito!"
A educação é um direito de qualquer pessoa...e educação não é apenas "ler e escrever" mas aprender a aplicar conhecimentos no contexto da vida real. E isto não é só bom para cada pessoa em si mas também, como disseram na reportagem, é um importantíssimo factor de desenvolvimento para o país! Pois, como pode o país desenvolver-se e "avançar" (palavra que poucos entendem) se a sua população, para se instruir, tem de pagar valores estupidificantes?
O que medidas como as propinas, e agora com as "aulas de substituição", fazem é piorar, desacreditar e denegrir a educação portuguesa, assim como o próprio governo! Neste país, em vez de se atribuírem bolsas (como se faz aos pontapés, passo a expressão, nos EUA), adicionam-se custos exorbitantes para um estudante poder acabar o seu curso, e no fim obter o comporvativo, o famoso diploma.
O primeiro rabo a contar da direita tem hoje à volta de 30 anos, salvo erro, e acabou o seu curso...mas ficou com o diploma retido na universidade devido à dívida que tem, por causa das propinas. Depois de dizer isto acabou dizendo: "E não tenciono, de forma alguma, pagar esta dívida".
E acabo este texto dizendo que, ao ver as imagens de manifestações concorridíssimas, de jovens motivados, de jovens adultos que acreditavam que poderiam marcar a diferença...ao ver tantas imagens de polícias a espancarem estudantes...ao ver estas imagens pensei para mim: Gostava de ter pertencido a esta geração! Porque hoje, poucos são aqueles jovens que se unem contra medidas estapafúrdias do governo... Os movimentos de hoje em dia são frouxos e pouco atendidos. Tanto, que a ministra da educação está entre os políticos com melhor reputação!
Como é isto possível se as suas medidas provocam o retrocesso da educação? O pioramento dos níveis de educação?
Tenho pena de haver tão poucos jovens que se unam e que consigam marcar a diferença, hoje em dia. Mas havemos de o fazer! Porque então qual será, de facto, a geração rasca? Aquela que não aceita medidas capitalistas e que luta contra elas, com todas as forças que tem? Aquela que se une, de forma uníssona, contra essas medidas? Ou aquela geração que aceita e cala-se...Aquela que não levanta os olhos do chão, e aceita tudo, por medo e covardia?

Qual será então a "geração rasca"? Aquela que mostra o rabo a ministros incompetentes? Ou aquela que aperta bem as calças, com medo?

4 comentários:

  1. Coicidência...hoje tive a ler sobre isso,vi essa foto e li a reportagem !

    Temos de lutar pelo que acreditamos e pelo que queremos mudar!

    Beijinhos

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  2. Viva a fecundação de '89!

    'Tou pelos lutadores pela frente e pelos de suspensórios por trás!

    Mai nada! Mas é assim... € 900?! 'Tão a gozar com as pessoas? Isso é só uma maneira do pessoal abandonar licenciaturas e mais não sei quê. Mas lembre-se, Sr. Estado, de quem lhe vai pagar (ou não) a reforma em idade de aposento. LEMBRE-SE!

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  3. Faço parte dessa geração "rasca", eh,ehe. Lembrem-se que aquilo que pensamos ser um dado adquirido foi o esforço de muitos. Por isso é sempre bom lutarmos por aquilo que acreditamos e esforçamo-nos por um mundo que achamos mais justo, não vale ficar à sombra a gozar o que outros fizeram por nós, tb temos que fazer alguma coisinha.
    E o direito à indignação faz parte de todas as gerações.

    Há muitas maneiras de marcarmos posição.

    Beijinho e gostei muito desta "lembrança".

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