sexta-feira, 15 de setembro de 2006

O Texto

Já me pediram, umas quantas vezes; num acto um pouco comodista e preguiçoso; que eu descreve-se a minha escrita...a minha resposta é, com certeza, a que vocês acabaram de pensar: "Aqui tens o link, vai ler!"
Mas tanto que me pediram que agora apetece-me descrever a forma como um dia gostaria de escrever um texto!
Tinha de começar com muitas reticências...com um ritmo muito calmo...como uma brisa na Primavera enquanto estamos deitados no meio de um prado verdejante...tudo muito parado...com muitas descrições visuais...para que o leitor pudesse visualizar tudo...muito...calmamente!
Provavelmente este começo daria-se com o acordar da personagem em questão...eu descreveria o acordar...o bocejar, o levantar e todos os outros movimentos já mecanizados no dia-a-dia.
Daria o valor devido ao sol radiante que a personagem deslumbrava fora da janela...ao céu enorme e imensamente azul e ao canto dos poucos pássaros que por ali andariam a vaguear, por entre beijos primaveris e árvores milenares.
Mas o humor da personagem não seria do melhor! Ela, ou ele, estaria zangada com alguma coisa...algo que se passava na sua vida e da qual ela não gostava. Ela odiava o rumo que a vida dela estaria a levar. Provavelmente teria algo haver com a teimosa rotina que não quereria ceder nalguns pontos!
E depois o ritmo da leitura começaria a aumentar, as reticências davam lugar às vírgulas. A personagem cada vez mais iria usar comparações "negras", quais trevas que quereriam dominar o texto. A cada frase que passava, mais e mais se podia notar que a personagem em causa já chegava ao ponto de gritar!
As vírgulas agora dariam lugar à ausência das mesmas e a personagem apenas gritaria sem qualquer interrupção ou cuido pelas regras de construção de frases! Cada vez mais os pontos de exclamação dominariam o tom de voz e o leitor já começaria a franzir as sobrancelhas pensando que algo de muito mal se passava com a personagem!
Os dentes dela já rangiam e nada estava no seu sítio pois ela tinha revirado tudo do avesso! Vidros partidos, papéis no chão, e o total caos urbano agora dominavam o cenário!
Tudo apenas iria piorar a cada mórbida palavra que passava imensamente rápido, como se tivesse medo de perder o barco para o purgatório! Os meus dedos já escreveriam com tanta força que encravariam algumas teclas! Quem me visse a escrever, neste momento, pensaria que eu não passaria mais do que um louco, doido enrraivecido, e quem lesse já consideraria em fechar a página! Tudo apenas piorava e piorava até atingir o autêntico clímax do texto!!...e aí tudo voltava a acalmar...
Tinha-se dado uma autêntica inspiração, seguida, neste momento, de uma expiração muito calma e demorada. Tratava-se exactamente do dobro da inspiração.
Agora a personagem daria-se conta de que o que se passa não é assim tão mau...e existe uma solução para tudo...basta usar a cabeça...com calma...e ter esperança!
Agora, o texto pareceria mais normal ao leitor, havendo vírgulas devidamente colocadas e a pontuação que existisse apenas exprimiria positivismo. Tudo estava calmo e, novamente, os pássaros cantavam no lado de fora deta bonança imensa!
E no fim apenas haveria lugar para uma breve conclusão...onde as reticências tudo dissessem...sem nada dizerem...

4 comentários:

  1. Tu és assim,de tudo o que por mmntos é negro,tu poes cor e acalmas!
    E qando estava a meio do texto onde dizias "tudo piorava a cada morbida historia" eu diria o contrário...que na vida=) tudo aumenta,ilumina...e a vida é bela,e que a personagem ama viver!
    Mas ao ler o fim do texto,entendi que escrevest exactament o que pensei!


    Sorrisos e saudades(K)*

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  2. Um texto decerto orgásmico...vê lá onde vais buscar essa inspiração!

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  3. Mais um texto bonito e sentido...
    sem dúvida é dificil descrever a tua escrita..só lendo se fica a perceber..só lendo se sente..só lendo se fica a gostar ;)

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  4. :))) outro bom texto
    devias começar a pensar em ir p'ra além dos blogs...
    parabéns!

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