domingo, 4 de outubro de 2015

Press Release Finalmente «Released»

Viagem ao Centro de Ti é um poema épico composto pelo actor/"poeta" (aspas do próprio) Tiago Lameiras, autor do já consagrado poema épico de carácter sarcasticamente nacionalista Portvcale - «A Epopeia Portuguesa da Contemporaneidade» (Mosaico de Palavras, 2010), debaixo do calor do Verão de 2011, publicado agora em Janeiro de 2012, sob a chancela da Chiado Editora. 
De acordo com a sinopse, este poema, que será mais coerentemente classificado como sendo um «romance trovado» ("romance" no sentido lato do vocábulo e "trovado" por ter sido escrito em verso, o que, segundo o próprio autor, se tornou na única forma possível de expressar a verdadeira mensagem da obra, fazendo um elogio vero ao papel de destaque que a poesia assume no campo da Literatura), o sujeito poético aventura-se numa viagem de sonho, literalmente. Quer isto dizer que o domínio do onírico está patente do princípio ao fim desta viagem, levando o próprio leitor, com quem é estabelecido um diálogo directo, a deixar-se dominar pelo transe do sonho dentro do sonho, encaminhando-o para as sucessivas epifanias com que o sujeito poético se vai deparando e que servirão igualmente de lição a quem quer que deseje acompanhar esta longa jornada.
Inspirada no poema épico e teológico de Dante Alighieri, A Divina Comédia, a viagem propriamente dita é enriquecida e complementada por histórias paralelas que de alguma forma se cruzam com o fio condutor da acção principal, abordando nomeadamente a mitologia grega (e consequentes tragédias daí originárias, compostas pelos principais tragediógrafos gregos - Sófocles, Ésquilo e Eurípides), bem como a mitologia cristã.
Esta composição poética, que procura ser harmoniosa nas imagens que transmite através da descrição, é também intemporal. Num sonho, tudo é possível. Por isso mesmo, o diálogo entre os vários períodos da História torna-se possível neste poema. Tão depressa nos encontramos na contemporaneidade (do princípio do século XX ao tempo presente), como aterramos de pára-quedas na Antiguidade Clássica ou nos períodos bíblicos. 
Mas, quem melhor para falar sobre a sua criação do que o próprio autor? Tiago Lameiras deixa-nos estas palavras: “a Viagem [ao Centro de Ti] não surgiu por acaso... Um pouco ao contrário do Portvcale, cuja inspiração foi súbita e baseada essencialmente na leitura dos poemas homéricos, que foi algo que eu deixei sempre bem claro na altura em que foi lançado. Mas o que é facto é que a Viagem aparece como uma reflexão pessoal. 
Os sonhos acontecem por uma razão, como vem expresso na capa, e nesta situação o sujeito poético parte com um propósito essencial, ele vai à procura do seu amor, e nada mais lhe importa no momento em que inicia a viagem. Só que à medida que vai percorrendo o seu trajecto, algo sinuoso, por sinal, tanto no sentido físico como metafórico, este sujeito apercebe-se de que de facto a viagem ao centro dele, do seu amor ou dos dois, até, não significa necessariamente que este centro seja o núcleo de todo o seu universo, como erradamente pensava até então. Não, trata-se de perceber que existe toda uma realidade à sua volta e que a sua amada, embora desempenhe um papel preponderante na sua vida, o que é algo absolutamente normal, não é, de todo, a única pessoa existente no seu mundo. 
Eles desencontraram-se, em determinado momento. As razões não são importantes para esta história. Mas, como todos os seres humanos, cometeram erros, não exactamente um mais do que o outro, mas o que é certo é que os cometeram, e é essa a principal razão que leva o sujeito poético a querer empreender esta aventura, com a ideia de que poderá reparar tudo se procurar a sua amada. E o que é facto é que, sem prejuízo de estragar o final da história, eles encontram-se naquilo que poderá ser uma ideia de paraíso, só os dois, sem mais ninguém à volta para, portuguesmente falando, mandar palpites, este momento só a eles lhes pertence. 
O amor do sujeito poético reconhece-lhe a coragem, sabe que a prova por que passou foi dura, mas ela não pretende que o sujeito se redima dos pecados, ou corrija os erros que cometeu, porque estes servem somente de aprendizagem. Não saberíamos o que é o certo sem termos noção do errado, a vida baseia-se nisso mesmo, em contrários. Não enfrentar nunca a tristeza implica que não saibamos como é bom voltar à alegria, com a sensação de alívio por tudo ter corrido bem e por ter surgido um entendimento em relação a determinada questão. E é esta a eterna viagem, à verdadeira essência, que deve continuar a ser percorrida, para que o auto e o hetero-conhecimento dêem as mãos e caminhem juntos, lado a lado. Só assim é que conseguimos realmente crescer. 
Termino só com uma breve nota, que apesar de breve, tem a sua importância: o sujeito poético não teria embarcado nesta empresa se não tivesse a certeza de que realmente valia a pena, não teria posto em risco a sua vida se não estivesse absoluta e indubitavelmente confiante de que aquela donzela pela qual busca ao longo de toda esta odisseia é o seu verdadeiro amor. Ele não precisa de procurar mais ninguém, nem quer, porque ele sabe que, quando o amor é verdadeiro, todos os dogmas caem por terra, permitindo a nossa comum reinvenção. Ele ama-a, e isso nunca constituiu uma dúvida. Não... Nem por um momento”. 
E com isto não dizemos mais nada.

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