Shall I compare thee to a summer's day?
Thou art more lovely and more temperate:
Rough winds do shake the darling buds of May,
And summer's lease hath all too short a date:
Sometime too hot the eye of heaven shines,
And often is his gold complexion dimm'd;
And every fair from fair sometime declines,
By chance or nature's changing course untrimm'd;
But thy eternal summer shall not fade
Nor lose possession of that fair thou owest;
Nor shall Death brag thou wander'st in his shade,
When in eternal lines to time thou growest:
So long as men can breathe or eyes can see,
So long lives this and this gives life to thee.
Que és um dia de Verão não sei se diga.
És mais suave e tens formosura:
vento agreste botões frágeis fustiga
em Maio e um Verão a prazo pouco dura.
O olho do céu vezes sem conta abrasa,
outras a tez dourada lhe escurece,
todo o belo do belo se desfasa,
por caso ou pelo curso a que obedece
da Natura; mas teu eterno Verão
nem murcha, nem te tira teus pertences,
nem a morte te torna assombração
quando o tempo em eternas linhas vences:
enquanto alguém respire ou possa ver
e viva isto e a ti faça viver.
Thou art more lovely and more temperate:
Rough winds do shake the darling buds of May,
And summer's lease hath all too short a date:
Sometime too hot the eye of heaven shines,
And often is his gold complexion dimm'd;
And every fair from fair sometime declines,
By chance or nature's changing course untrimm'd;
But thy eternal summer shall not fade
Nor lose possession of that fair thou owest;
Nor shall Death brag thou wander'st in his shade,
When in eternal lines to time thou growest:
So long as men can breathe or eyes can see,
So long lives this and this gives life to thee.
Que és um dia de Verão não sei se diga.
És mais suave e tens formosura:
vento agreste botões frágeis fustiga
em Maio e um Verão a prazo pouco dura.
O olho do céu vezes sem conta abrasa,
outras a tez dourada lhe escurece,
todo o belo do belo se desfasa,
por caso ou pelo curso a que obedece
da Natura; mas teu eterno Verão
nem murcha, nem te tira teus pertences,
nem a morte te torna assombração
quando o tempo em eternas linhas vences:
enquanto alguém respire ou possa ver
e viva isto e a ti faça viver.
Soneto 18, Os Sonetos de Shakespeare
Dedicado a MJ
De notar que Os Sonetos de Shakespeare são uma obra geradora de controvérsia, uma vez que uma das teorias que se consideram mais aprazíveis sobre os Sonetos é a de que o Sr. W. H., a pessoa a quem os poemas são dedicados, segundo as supostas palavras do editor T.T. - Thomas Thorpe, seria a paixão secreta de Shakespeare e até um dos actores da sua companhia a operar no Teatro de Outdoor - The Globe, de nome William Hughes (Willie Hews, na grafia isabelina). Sobre este último ponto, é aconselhável a leitura de O Retrato do Sr. W. H., onde Oscar Wilde expõe a sua teoria sobre o alvo da dedicatória.
Contudo, o amor que na verdade se impõe é o de amigo para amigo, pondo de lado a natureza sexual da coisa. É um conceito já proveniente de tempos mais antigos do que o século XVI-XVII, época em que os poemas surgiram. Já os poemas homéricos, do séc. VIII a.C., retratavam esta situação.
Contudo, o amor que na verdade se impõe é o de amigo para amigo, pondo de lado a natureza sexual da coisa. É um conceito já proveniente de tempos mais antigos do que o século XVI-XVII, época em que os poemas surgiram. Já os poemas homéricos, do séc. VIII a.C., retratavam esta situação.