sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Novo Capítulo

Ouve-se o ranger do papel numa velha máquina de escrever. grrrrrrraaaaarrrrkkkkk plim. Ponho uma folha nova. shruuut. E finalmente começo a teclar repetidamente nos diversos caracteres. Clak clak...clak clak clak.
Só consigo lembrar-me... Não tiro da cabeça... Não consigo expelir pelos dedos tudo o que...

Vou usar uma metáfora para me facilitar o trabalho: A minha gata fugiu... Acho que saltou por uma janela que deixei, acidentalmente, aberta. Não sei... O que eu sei foi que quando cheguei a casa, ela lá não estava. Ela não estava naquele seu cantinho que eu tinha preparado para ela, todo aconchegado por almofadas gigantes, boas de arranhar. Com uns quantos postes forrados para ela fazer exercício.
Ela não estava. Foi-se...
Sinto a cabeça pesada, sinto o corpo pesado... Sinto o peito mais pequeno, como se tivesse encolhido na máquina de lavar e agora já não me servisse...
Já não digo coisa com coisa...
Isto dói mas por mais incrível que pareça, não tenho razão nenhuma para estar assim. Porque... As coisas que tu me deste são muito maiores do que esta dor. E elas, tu não as tiraste de mim. Fizeste esse favor.
Muito pelo contrário, só provaste que és mesmo inédita. Que foste inédita na minha vida, e serás.
Obrigado, mas eu vou mudar de folha agora, e como título vai estar escrito: "Novo Capítulo." E vou fazer de tudo para poder olhar para o amanhã com um sorriso.
Porque eu sou assim. Porque eu tenho o mesmo sorriso, estampado na minha cara, desde que existo. Porque eu olho para as minhas fotos de criança e tenho o mesmo sorriso, que rasga a minha cara, duma ponta a outra, e que me deixa estas rugas que já começam a assentar no meu rosto. E eu dou-lhes as boas-vindas, porque são sinal de que vivo, e de que vivo intensamente. São sinal de que não viro a cara ao sentir. Que não viro a cara às estaladas que a vida tem guardadas para mim. E apanho essa estalada, e respondo-lhe com um sorriso, rasgado de orelha a orelha, um pouco mais inclinado para a esquerda.
Mas neste novo capítulo, tu continuas a ter um papel, como terás em todos os capítulos que a minha vida me permitir escrevinhar. Até ao fim.
Tu marcaste-me, sempre pela positiva. E mesmo agora que a cortina se fechou para nós, eu guardo este sorriso infantil. E dou-to de presente.

Não te sintas mal. Recebe-o, porque tu deste-me mais. Por tudo, eu agradeço-te.

Ah, e...até amanhã =)

2 comentários:

  1. Isto de ler e comentar ao som de "La valse d'amélie" sabe mesmo bem, principalmente tratando-se do tipo de texto que é...
    A capacidade de conseguir escrever "Novo capítulo", numa folha, é um dom já te digo caro amigo. É um dom do qual só tu poderias usufruir, porque tu, tens uma maneira muito própria de encarar os problemas, muito forte, muito adulta, muito verdadeira, muito iluminada, simples, directa...

    "Todos os que passam por nós, nunca vão sós, deixam um pouco de si, levam um pouco de nós."


    "Novo Capítulo (a ser desenvolvido)
    Ponto final. Muda de folha. Duas linhas em branco. Terceira linha centrada, a Bold numa letra Maior.


    Novo Capítulo"


    Tu sabes que eu te amo *.*

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  2. hii é assim msm kd os nossos gatos fogem!

    (k comentario mais medríocre)


    va va... eu gstei imenso do texto especialmnte esta parte:
    ".. e que me deixa estas rugas que já começam a assentar no meu rosto. E eu dou-lhes as boas-vindas, porque são sinal de que vivo, e de que vivo intensamente"


    se tds soubessem ser assim, virados para o seu interior cmo tu és, se tds vivessem os sentimentos assim tão intensamnte cmo tu, e não tão ligados ao mundo fisico cmo a maioria das pessoas... c certeza nao existiriam plasticas...


    (".)
    Bjinhoooo ricky!

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