segunda-feira, 15 de maio de 2006

Vê O Lado Bom Da Vida

- Como é que sabes se os bois têm paciência? Mas diz lá, precisas de paciência de boi para quê?
- Para alguém que não sabe encenar.
- ‘Tás a falar dela, é?
- Não, do Timóteo.
- Okay, o sarcasmo era escusado… Mas ela tem razão… no que te disse a ti e a mim…
- Que é que ela te disse, mesmo?
- Disse que eu não podia repetir o “não me julgues” porque senão perdia a força da ideia… Porque se repetes uma coisa muitas vezes, torna-se chata e perde a força toda… Tenho de me concentrar nas ideias: “Não me julgues”, pronto. E depois, “p’la música, p’lo que leio, p’la forma como me visto e p’las palhaçadas” e pronto. Não posso repetir tanto… E o que a ‘stôra’ te disse de não andares de uma forma desorganizada também ‘tá certo! Além disso, o que fizemos ontem correu-nos pior do que da última vez, porque foi ‘bué’ violento para nós… ter de vir da visita e assim do nada termos de fazer aquilo!
- Mas tem razão uma merda! A gaja não sabia inventar uma peça com princípio, meio e fim?
- Olha lá, tens de ter calma, pá! Ela pediu-nos textos sobre o tema… e ontem ouvia-a a falar com a Catarina sobre aproveitarmos momentos da última encenação e acrescentar novos.
- Pois…! E o que é que ela disse da peça?! Foi uma merda! E esta, vai ser…?! ‘TSCHANAN’!!! UMA MERDA CAGADA!
- Não, não vai! Nesta não temos prazos. Para além de que os textos são muito melhores!
- Pois não. Prazos não temos, mas temo-la a ela!
- Mas podemos melhorar muito mais os momentos da outra!
- E mais! Quando lhe mostrei pela primeira vez o meu trabalho, disse-me que tinha de andar mais perdido, sem seguir uma trajectória já definida! E ontem fiz isso! E o que é que ela disse? Para seguir “uma trajectória já definida”!
- Oh pá, agora ‘tás apenas a ser parvo e não ‘tás a saber aceitar a crítica que, deixa que te diga, tem muito fundamento. Ela avisou-nos desde o início que o que se faz ali é muito diferente do teatro fingido com falas que ‘tás a pedir. Aquela cena ali é muito diferente, porque o que tu queres fazer, qualquer um faz!
- Não, é assim! Vou-me lançar este Verão assim que acabem os testes e não me apanham lá p’ró ano! E não se fala mais nisso!
- Okay, faz o que quiseres. Força aí, hein?
- Ah, pois faço! Já não estou para a aturar! Há outras maneiras de corrigir os erros, que não ser bruto!
- Pois eu cá não acho isso, sabes…? Concordo perfeitamente com o que ela nos disse no caminho para a estação. Se ela não fosse assim, nós ainda não fazíamos o que fazemos agora! Com certeza ainda ‘távamos tão presos quanto a Telma! Mas não… temos textos ao nível de muitos antigos e com representações igualmente boas. Evoluímos em 6 meses, e isso é fantástico! E porquê? Porque ela é assim connosco, em vez de nos fazer festinhas nas costas e a dizer “oh coitadinho, sai melhor para a próxima…”. Não! Obriga-nos a trabalhar no duro com críticas fortes!
- Ninguém, mas ninguém pede “nhanhanha”! Eu não peço “nhanhanha”, nem quero “nhanhanha”! E não foi à conta dela que evoluí, digas o que disseres.
- Claro que não! Tu és o maior, é claro!
- Pá… Sarcasmo, tudo bem. Mas continuo a dizer que não foi à conta dela.
- Não ‘tou a ser sarcástico… ‘Tou a ser realista. Ultimamente perdeste uma qualidade que gostava muito em ti… a humildade. Evoluíste à conta de quê, afinal?
- De mim próprio. De querer fazer uma merda qualquer que fosse original, criativa e inteligente. E por muito perfeito que alguma coisa seja, que não minha, obviamente, ela vai encontrar sempre uma merda qualquer. E pá, deixa rolar. Não vou abandonar os meus companheiros nesta altura, mas p'ró ano não tenho tanta certeza disso.
- Okay, a vontade de fazer uma merda original e criativa temos todos, incluindo a Telma e a Fábia. Mas eu refiro-me à capacidade que agora temos de nos soltar ali em cima! E isso acontece graças a quê? Aos exercícios. À forma como ela nos trata desde o início, sempre a aconselhar-nos… Tens de perceber que ela só é exigente para o nosso bem, e é graças a ela, sim, que nós agora somos naquele Teatro o que somos. Caso isso não acontecesse, os ensaios seriam sempre balbúrdias! Nunca faríamos progressos nenhuns e continuaríamos sempre a agarrar-nos a estereótipos, se não fosse a percepção dela de perceber o que é nosso ou não. Sim, ela é dura um pouco demais, de vez em quando, mas é graças a ela que tu és tão bom como és agora, e… pensa melhor! Se não fosse pelo que evoluíste no Teatro, a Melissa não teria reparado em ti e nunca terias feito essa curta-metragem! Lembra-te! Lembra-te de quem te ajudou a ser o que és! Nunca percas a humildade, como o que ‘tás a fazer agora! Porque, repara, eu não ‘tou contra a ideia de saíres de lá! Qualquer um faz isso quando quiser, como é óbvio! Mas o que ‘tás p’raí a dizer de teres evoluído sozinho é totalmente mentira, e sabes que mais?! Estou absolutamente contra a ideia de perderes a humildade que tinhas! Volta a fazer isso, e nunca mais vais a lado nenhum na tua vida!

(Atenção a todos os leitores: este texto é inventado pelo Tiago e por mim, sendo todas as opiniões negativas sobre qualquer pessoa apenas fictícias, e nem ele nem eu partilhamos dessas opiniões. Este texto é fruto de uma grande imaginação do Tiago e de eu ser um bom rapaz xD. Pedimos perdão se qualquer dos visados se ofendam mas não é, de todo, a nossa intenção. Pretendemos dar uma lição de moral e mostrar como o teatro é importante para nós!)

3 comentários:

  1. O texto esta assim bueda bue mesmo muito bastante extremamente fixolim!! =D
    Têm muito jeito pra'kilo os senhores!
    Epa kontinuem assim mta malukos pah k eu preciso alguem k m akompanhe.. n posso ser a unika maluka nakela eskola n e?!
    Perciso de fazer parte d um grupo de pseudo doidos alegres mta boa gente e pa.. acho k sinceramente esse grupo d gente e k e gente normal.. o resto sao tds doidos varridos! =P
    Va bjoka grande k isto ja ta mtaaaaa GRANDE!
    =*

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  2. Este texto trata-se apenas de uma criação minha, em relação às habituais críticas de um encenador. Coloquei uma mensagem pessoal no Messenger onde dizia "É preciso ter paciência de boi", para ver quem caçava e desenvolvia um texto frontal, mas ao mesmo tempo, cómico. Quem apareceu foi o Ricardo, que deu uma lição de moral a uma pessoa que supostamente estava chateada.
    Quanto às críticas positivas à minha representação, eh pá. Será assim posta em cena, porque não vejo outro meio de o fazer de uma forma mais controlada. O que está cá dentro tem de ser cuspido, e desta vez apostei forte numa representação muito mais dinâmica e cuspida, bem no público, para que este possa perceber o que quero dizer, talvez, de uma forma um pouco frontal e violenta. A época de ficar no mesmo sítio e enunciar um texto escrito na semana anterior, para mim, acabou. Se sou actor e quero continuar a sê-lo para o resto da vida, tenho de começar a fazer coisas como deve ser já. Recordo que, uma atitude assim, em conjunto com o empenho e contacto do grupo, levaram-me ao cinema.

    Muito obrigado pelo depoimento, querido amigo Marco :) Um abraço, e até amanhã!

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  3. Ah... lembro-me deste episódio. Hehehe, que grande mentira que isto foi

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