sábado, 17 de outubro de 2015

¡Ay!, Linda Amiga,

Escrevo-te. Escrevo-te sempre. Está claro que não te obrigo a ler e, como referi anteriormente, se não conversar sobre isto, hei-de ter uma vontade interior de gritar, o que não quero. Mesmo para dentro, não gosto de arruinar as minhas cordas vocais.
Ao que parece, o Outono começa realmente a fazer-se sentir neste dia. Eu, constantemente tão acalorado, sinto frio. Não só porque o vento sopra vigorosamente, mas porque não estás. É verdade. Tudo o que te tenho dito, de resto, é a mais pura verdade. Não me atreveria a mentir-te. O meu coração é puro. O teu também, sei-o.
Seguramente, lembrar-te-ás da minha falta de jeito a tentar convidar-te para sairmos, na primeira metade do Verão. «Vamos tomar chá, nem que seja iced tea, afinal ainda está calor». Consigo ser tão disparatado que ganho vontade de me rir de mim próprio. Mas tu, tão amorosa, dizes-me que adoras chá e que é uma boa ideia. «Que menina tão saudável!», reparo. E tu, que dizes «só um bocadinho». Rio-me. Mais para mim do que para o exterior, mas, mesmo no meu eu, o gracejo é volumoso, com ímpeto. Toda tu és belíssima. Apelido-te de várias formas, «Bonequinha», «Musa», «Pequenina», «Princesa», enfim. Todo um conjunto de carinhos que vejo em ti, na tua essência. Pergunto-me, por vezes, se não serei demasiado poético. Desculpa, mas deve ser da época. Cinco anos depois do lançamento do primeiro épico. Provoca algumas saudades. Acho que foi por andar a escrever «obras» na última meia década que não regressei aqui. Hoje também me encontro a escrever «obras», mas senti a necessidade de voltar. É talvez um cantinho que deixo reservado para os desabafos. Não tenho por hábito escrever textos completos em cadernos, só alguma ideia que surja subitamente, uma vez por outra. Creio que me é desnecessário rascunhar antes de passar à versão final. Será pessoano da minha parte, eventualmente. Heteronímia, Caeiro. Não guardo rebanhos, mas é frequente fazer versos sem pensar muito. A métrica costuma ser acertada logo à partida.
Disse que não desisto de ti. Reafirmo. Quero tomar chá contigo. Ou o pequeno-almoço. Ou almoçar. Ou jantar. Cear, até. Tanto me faz que refeição é ou deixa de ser. Pode ser apenas um copo. O que não me é irrelevante é a tua companhia. Se não for contigo, pouco sentido fará. Estarei a sós, se não levar ninguém. Não estarei contigo, se quiser levar outra companhia. Não é nenhum raciocínio extraordinário, mas faz-me sentido por enfatizar como a tua presença é importante para mim.
Acredito que seja difícil para ti creres em mim. Se estivesse no teu lugar, porventura tomaria a mesma atitude. Mas isto não passa de uma suposição. Tens uma identidade própria, não sou eu que devo afirmar o que pensas ou o que sentes, jamais teria essa pretensão.
Apenas desejo ver-te, prender-me nos teus olhos. Não preciso de trocar palavras contigo. Não preciso de tocar-te, se achares que deva aquietar-me. Ter-te à minha frente chega-me.
Gosto de ti. Porquê? Não me interessa. Só isso importa.

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